EFÉSIOS - CAPÍTULO 1.1
1. Paulo, apóstolo de Cristo Jesus por vontade de Deus, aos santos que vivem em Éfeso, e fiéis em Cristo Jesus
Éfeso foi uma cidade greco-romana da Antiguidade situada na costa ocidental da Ásia Menor, onde hoje é a província de Esmirna, na Turquia. Durante o período romano, foi por muitos anos a segunda maior cidade do Império Romano, apenas atrás de Roma, a capital maior de todo o império Romano. Tinha uma população de 250 000 habitantes no século I a.C., o que também fazia dela a segunda maior cidade do mundo na época.
A cidade era famosa pelo Templo de Diana dos Efésios, construído por volta de 550 a.C., uma das Sete Maravilhas do Mundo. O templo foi destruído, juntamente com muitos outros edifícios, em 401 d.C. por uma multidão liderada por João Crisóstomo.
O imperador Constantino I reconstruiu boa parte da cidade e ergueu novos banhos públicos, porém a cidade foi novamente destruída parcialmente por um terremoto, em 614. A importância da cidade como centro comercial diminuiu à medida que o seu porto começou a ser assoreado pelo rio Caístro, que nos tempos dos apóstolos ainda era um rio navegável.
Quando chegou o domínio do império romano sobre o império grego e este tomou a cidade de Éfeso, encontram um grande templo dedicado a uma deusa, de nome Diana. Diana na mitologia grega era filha de Zeus e de Leto. Seu irmão gêmeo era Apollo. Ela era a deusa da caça e dos animais selvagens. Ela era a caçadora dos deuses e também protetora dos jovens. Quando os romanos descobriram sobre Diana, logo a associaram à deusa Artemis, deusa da mitologia romana, pois Artemis era a deusa da floresta.
Nos contos mitológicos, Diana, como seu irmão gêmeo Apolo, caçava com flechas de prata. Com o passar dos anos, o paganismo acabou associando a deusa Diana com a lua. Ela era uma deusa virgem, e a deusa da castidade. Ela também presidiu o parto, o que pode parecer estranho para uma virgem, mas vai voltar a causar Leto nenhuma dor quando ela nasceu. O cipreste era a árvore dedicada a deusa.
Éfeso foi uma das Sete Igrejas da Ásia citadas no livro de Apocalipse. Na cidade, também se encontra um grande cemitério de gladiadores do tempo do império romano. Éfeso também foi para onde Paulo empreendeu uma de suas viagens missionárias e a igreja de Éfeso nasceu desta forma. Paulo ao chegar em Éfeso se encontrou com alguns discípulos e durante sua estada e um dia pregando na cidade, encontrou problemas com respeito aos judaizantes que menosprezaram o ensino que Paulo empreendia na Sinagoga.
Desta forma, Paulo os tira da Sinagoga e os leva para a escola de Tirano, e lá permanece por um período de dois anos, e vemos tal situação registrada em Atos 19.9-10 Visto que alguns deles se mostravam empedernidos e descrentes, falando mal do Caminho diante da multidão, Paulo, apartando-se deles, separou os discípulos, passando a discorrer diariamente na escola de Tirano. 10. Durou isto por espaço de dois anos, dando ensejo a que todos os habitantes da Ásia ouvissem a palavra do Senhor, tanto judeus como gregos.
Nos é informado também nesse texto de Atos que a palavra do Senhor era divulgada com muita força e que o nome do Senhor era engrandecido de forma extraordinária e o número de pessoas que se achegavam e abandonavam suas mágicas e adorações pagãs também crescia dia a dia. Mas um dos artesãos que faziam imagens, medalhas da imagem de Diana dos Efésios viu que o seu negócio estava indo à falência por causa da pregação de Paulo. Seu nome era Demétrio. Demétrio então instigou os seus colegas de profissão a darem um fim nas pregações de Paulo e encontramos esse levante no texto de ATOS 19·27-28. Não somente há o perigo de a nossa profissão cair em descrédito, como também o de o próprio templo da grande deusa, Diana, ser estimado em nada, e ser mesmo destruída a majestade daquela que toda a Ásia e o mundo adoram. 28. Ouvindo isto, encheram-se de furor e clamavam: Grande é a Diana dos efésios!
Uma grande multidão foi atrás dos pregadores de Jesus e pegaram os amigos de Paulo e queriam fazer qualquer coisa contra eles. Mas o levante de Demétrio não deu em nada, pois o próprio escrivão da cidade os advertiu dizendo que Paulo e seus companheiros não estavam depreciando a Diana, e que se eles continuassem com o tumulto que estavam fazendo por causa disso, poderiam ser condenados pelo império Romano de estarem fazendo um levante contra o império e assim serem todos condenados à morte. Desta forma o tumulto silenciou e se desfez.
A carta aos Efésios é de autoria do apóstolo Paulo como podemos observar logo em seu início no 1.1. Também neste versículo percebemos com clareza de que esta carta não é enviada a qualquer pessoa. Seu conteúdo foi direcionado a um público específico, à igreja de Cristo que estava na cidade de Éfeso, e como herdeiros dos ensinamentos apostólicos, esta carta também se dirige à nossa igreja aqui na cidade de Maracanã.
Todo o ensino dirigido àquela igreja tem como alvo não somente a igreja de Éfeso, apesar de que reconhecemos aspectos históricos relevantes que impulsionaram o apóstolo a escrever tal carta à referida igreja. Mas há, de fato, um ensino que deve percorrer toda a história da igreja cristã, até o dia da volta de Cristo, e nós fazemos parte dessa igreja.
Ao final de sua segunda viagem missionária, Paulo passou pela cidade de Éfeso, mas a igreja não se consolidou. A igreja de Éfeso foi fundada pelo mesmo apóstolo quando ele empreendeu na sua terceira viagem missionária. A de que fomos informados na leitura do livro de Atos capítulo 19.
Também no texto de Atos, que um judeu nascido em uma terra pagã, ensinava o povo de Éfeso, seu nome era Apolo. Apolo também foi pastor na igreja de Corinto. Diz-nos a Escritura que Apolo "...era um homem eloqüente e poderoso nas Escrituras. Era ele instruído no caminho do Senhor; e, sendo fervoroso de espírito, falava e ensinava com precisão a respeito de Jesus, mas ele não conhecia bem o ministério deixado por Cristo à igreja..." (Atos 18.24-25); mas, conhecia apenas o batismo que tinha sido ensinado por João Batista. Neste tempo, Priscila e Áquila chamaram a Apolo de lado e lhe explicaram com mais exatidão acerca do Caminho deixado por Jesus Cristo, à Igreja.
- Falar de Timóteo das duas cartas a ele enquanto Pastor de Éfeso.
- Falar de João ir para Éfeso depois da Anistia concedida por Merva, imperador que assumiu o império romano após Domiciano.
A igreja de Éfeso teve grandes mestres e pastores como exemplo destes quatro: Apolo, Timóteo, João e Paulo. Mas, Paulo quando escreve essa carta à igreja de Éfeso, ele já era prisioneiro em Roma. Ele estava preso em sua própria casa como é dito em At 28.
Éfeso era a capital do Império Romano na Ásia menor. Foi uma das cidades mais proeminentes na expansão do Cristianismo. Esta carta mostra, dentre outras coisas o papel da igreja no mundo. Este papel, Paulo mostra que, é de única e extrema relevância para destacar a igreja do resto do mundo. Ou seja, o testemunho da Igreja perante os infiéis. A igreja, aqui na carta aos Efésios, é mostrada como uma torre de luz em meio a um mundo de escuridão e promiscuidade. Ao mesmo tempo, esta igreja é mostrada como aquele organismo vivo que oferece guarida a aqueles que querem ser iluminados por ela.
E como a igreja está imersa em um mundo hostil ao evangelho, todas as forças das trevas irão fazer de tudo para encobrir a luz irradiada pela igreja que em seu centro está a vívida pregação da Palavra de Deus, como diz o salmista: "Lâmpada para os meus pés é a tua Palavra e luz para o meu caminho". Quando a igreja se presta a esse serviço de levar a Palavra como luz ao seu derredor, as forças inimigas fazem de tudo para encobrir sua luz. E a força que as trevas fazem é exatamente para tentar aplacar a força do testemunho da igreja.
Satanás e suas hostes fizeram e fazem de tudo para manchar a reputação da igreja, manchar a pregação da Palavra produzindo maus frutos no meio da igreja, o joio no meio do trigo; fazendo até mesmo os próprios cristãos tropeçarem em pecado maculando o nome de Cristo e da sua igreja.
No texto que lemos o primeiro versículo da carta, assim como o restante da carta aos Efésios, são extremamente ricos em ensinamentos doutrinários em justaposição à vida cristã. É uma verdadeira exposição de prática e teológica. Por causa dessa sua característica, a carta aos Efésios tem sido chamada há muitos anos e por muitos teólogos de que ela é a "coroa e clímax da teologia de Paulo".
A maneira como Paulo expõe o ensino à igreja nesta carta é como quem de fato pode olhar a situação da igreja de um modo diferente, como ele mesmo diz "nos lugares celestiais". D. Martyn Lloyd Jones, grande pastor e teólogo chamou a carta aos Efésios de "a mais majestosa e sublime expressão do evangelho do nosso Senhor Jesus Cristo".
Acima de qualquer coisa o tema da carta logo no primeiro versículo:
1. Paulo, apóstolo de Cristo Jesus por vontade de Deus, aos santos que vivem em Éfeso, e fiéis em Cristo Jesus,
Deus é o tema central - a igreja é o tema secundário.
Tamanha a riqueza em cada detalhe da carta nossas exposições nela, seguirão pormenorizadamente a fim de que consigamos extrair ao máximo de cada linha, cada palavra, cada letra desse compêndio da obra de Salvação.
Deste início da carta, já nos dois primeiros versículos conseguimos enxergar algumas questões pertinentes acerca de Deus. E aqui ora será de uma das pessoas da Trindade, ora será de uma delas especificamente.
- Paulo, apóstolo de Cristo Jesus por vontade de Deus... Não nos tornamos servos por vontade própria.
Não existe um só dia de nossas vidas que nós não ouvimos a palavra apóstolo. Ela se tornou comum aos nossos ouvidos. E, via de regra, tudo aquilo com o que nos acostumamos começamos a achar normal, é assim com as palavras que ouvimos, mas é assim também com o pecado.
Ser apóstolo hoje é moda. A mídia especializada tem publicado em todos os meios de comunicação, e vemos, às custas do público evangélico, um número cada vez maior de pastores assumindo o título de apóstolo. Iremos abordar neste texto dois aspectos, 1.filológico e 2. teológico.
1. O aspecto filológico é como pode esse termo ser definido segundo sua língua original, sua filia. O termo "apóstolo" é um verdadeiro cognato do grego apostolo, que pode assumir alguns valores tais como: um delegado, mensageiro, alguém enviado com ordens.
1. O aspecto filológico é como pode esse termo ser definido segundo sua língua original, sua filia. O termo "apóstolo" é um verdadeiro cognato do grego apostolo, que pode assumir alguns valores tais como: um delegado, mensageiro, alguém enviado com ordens.
Este termo, da forma em que está exposto, qualquer pessoa que assumisse tais tarefas de ser um mensageiro poderia carregar o título de apóstolo. Como no exemplo, se alguém que leva uma mensagem pode assumir tal título e se aplicarmos esse método de análise, um carteiro, mais do que qualquer outra pessoa, poderia ser chamado de apóstolo, pois afinal de contas ele leva não uma, mas várias mensagens diariamente.
É desta forma que hoje o título de apóstolo tem sido divulgado no meio evangélico e entre a classe pastoral. O título apóstolo trás consigo um tom de maior status do que o de pastor, e desta forma, filologicamente o termo tem sido usado de forma indiscriminada por vários pastores que arrogam para si mesmos tal título, elevando-se (se é que isso existe), na cadeia de comando, ou de importância no meio evangélico, por que ser apóstolo é mais importante do que ser pastor.
2. No aspecto teológico. A Bíblia nos mostra que os doze discípulos mais próximos de Jesus foram chamados de apóstolos, porque tinham uma mensagem a ser levada, foram enviados para isso. No Novo Testamento esta palavra ocorre 56 vezes, e em nenhuma delas apontou para alguém diferente dos primeiros doze escolhidos (Mateus 10.2), exceto Paulo, que como ele mesmo afirma que não seria digno de ser chamado de apóstolo por que perseguiu a igreja, uma forma humilde de referir-se ao seu apostolado (I Coríntios 15.8-10) 8. e, afinal, depois de todos, foi visto também por mim, como por um nascido fora de tempo. 9. Porque eu sou o menor dos apóstolos, que mesmo não sou digno de ser chamado apóstolo, pois persegui a igreja de Deus. 10. Mas, pela graça de Deus, sou o que sou; e a sua graça, que me foi concedida, não se tornou vã; antes, trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus comigo.
2. No aspecto teológico. A Bíblia nos mostra que os doze discípulos mais próximos de Jesus foram chamados de apóstolos, porque tinham uma mensagem a ser levada, foram enviados para isso. No Novo Testamento esta palavra ocorre 56 vezes, e em nenhuma delas apontou para alguém diferente dos primeiros doze escolhidos (Mateus 10.2), exceto Paulo, que como ele mesmo afirma que não seria digno de ser chamado de apóstolo por que perseguiu a igreja, uma forma humilde de referir-se ao seu apostolado (I Coríntios 15.8-10) 8. e, afinal, depois de todos, foi visto também por mim, como por um nascido fora de tempo. 9. Porque eu sou o menor dos apóstolos, que mesmo não sou digno de ser chamado apóstolo, pois persegui a igreja de Deus. 10. Mas, pela graça de Deus, sou o que sou; e a sua graça, que me foi concedida, não se tornou vã; antes, trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus comigo.
Neste aspecto, a Bíblia nos mostra determinadas características imóveis e inegociáveis para aqueles a quem foram denominados de apóstolos de Jesus Cristo. Vejamos:
a. O apóstolo teria de ser comissionado diretamente por Cristo. Todos eles, inclusive Paulo, foram chamados pessoalmente por Cristo um a um para esta função
b. Pedro e os demais apóstolos quando foram eleger outro apóstolo em lugar de Judas, determinaram quem poderia assumir este título junto a eles. Como está no texto de Atos 1.21-22 necessário, pois, que, dos homens que nos acompanharam todo o tempo que o Senhor Jesus andou entre nós, 22 começando no batismo de João, até ao dia em que dentre nós foi levado às alturas, um destes se torne testemunha conosco da sua ressurreição..
i. Necessariamente assumiria este lugar um que tivesse acompanhado pessoalmente toda a trajetória do ministério terreno de Jesus - v. 21
ii. Este acompanhamento deveria compreender todo um período que compreendia dois fatos do ministério de Jesus Cristo:
a. O apóstolo teria de ser comissionado diretamente por Cristo. Todos eles, inclusive Paulo, foram chamados pessoalmente por Cristo um a um para esta função
b. Pedro e os demais apóstolos quando foram eleger outro apóstolo em lugar de Judas, determinaram quem poderia assumir este título junto a eles. Como está no texto de Atos 1.21-22 necessário, pois, que, dos homens que nos acompanharam todo o tempo que o Senhor Jesus andou entre nós, 22 começando no batismo de João, até ao dia em que dentre nós foi levado às alturas, um destes se torne testemunha conosco da sua ressurreição..
i. Necessariamente assumiria este lugar um que tivesse acompanhado pessoalmente toda a trajetória do ministério terreno de Jesus - v. 21
ii. Este acompanhamento deveria compreender todo um período que compreendia dois fatos do ministério de Jesus Cristo:
1. Seu batismo.
2. Sua ascensão.
Levando em consideração este texto, absolutamente nenhum dos que hoje se autodenominam apóstolos, poderiam assumir este título, pois nenhum deles testemunhou pessoalmente o batismo, ministério e ascensão de Jesus Cristo.
a. E quanto à Paulo? O último deles, Paulo, no texto de I Coríntios 15.8-10, que já citamos, denominou a si mesmo como um nascido fora de tempo. Suas palavras dizem que ele não deveria estar ali classificado como membro do colegiado apostólico, mas ali ele estava pela graça de Deus concedida "a ele", como diz no versículo 10.
a. E quanto à Paulo? O último deles, Paulo, no texto de I Coríntios 15.8-10, que já citamos, denominou a si mesmo como um nascido fora de tempo. Suas palavras dizem que ele não deveria estar ali classificado como membro do colegiado apostólico, mas ali ele estava pela graça de Deus concedida "a ele", como diz no versículo 10.
Se avaliarmos o texto de Pedro em Atos 1.21-22, Paulo de forma alguma se encaixaria no perfil apostólico. Exceto por ter visto a Cristo pessoalmente, depois que Ele tinha sido glorificado em dois momentos diferentes: no dia em que estava à caminho de Damasco para prender aos Cristãos e depois quando Paulo informa que ele foi levado para uma região celestial e ouviu coisas que nenhum ser humano já as tivesse ouvido como nos diz em II Coríntios 12.3.
a. Algumas considerações, no caso de Paulo precisam ser feitas. Como ele mesmo já havia dito - ele é um nascido fora de tempo, em outras palavras ele é uma exceção à regra. Mas que regra? Claramente é a regra estabelecida pelos próprios apóstolos. Não que Paulo tivesse em mente exatamente tal regra, mas por ele saber que ele mesmo não estava no começo com eles. (nascido fora de tempo)
b. Outros aspectos precisam ser vistos.
i.Paulo, de forma diferente dos outros, foi uma testemunha de que Cristo estava glorificado (estado após ascensão): Atos 9:4-6 e, caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? 5 Ele perguntou: Quem és tu, Senhor? E a resposta foi: Eu sou Jesus, a quem tu persegues; 6 mas levanta-te e entra na cidade, onde te dirão o que te convém fazer. Ou seja. Os outros apóstolos haviam presenciado a Cristo ressurreto de entre os mortos, mas não após Cristo ter sido elevado às alturas. Paulo o viu depois de ressurreto, como os outros, entretanto somente depois que Cristo foi elevado às alturas e isso, anos depois de sua ressurreição.
ii. Paulo foi comissionado diretamente por Cristo;
iii. Paulo recebeu instruções específicas quanto a tudo o que deveria fazer. Ele inicia este texto falando de si mesmo em terceira pessoa:
a. Algumas considerações, no caso de Paulo precisam ser feitas. Como ele mesmo já havia dito - ele é um nascido fora de tempo, em outras palavras ele é uma exceção à regra. Mas que regra? Claramente é a regra estabelecida pelos próprios apóstolos. Não que Paulo tivesse em mente exatamente tal regra, mas por ele saber que ele mesmo não estava no começo com eles. (nascido fora de tempo)
b. Outros aspectos precisam ser vistos.
i.Paulo, de forma diferente dos outros, foi uma testemunha de que Cristo estava glorificado (estado após ascensão): Atos 9:4-6 e, caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? 5 Ele perguntou: Quem és tu, Senhor? E a resposta foi: Eu sou Jesus, a quem tu persegues; 6 mas levanta-te e entra na cidade, onde te dirão o que te convém fazer. Ou seja. Os outros apóstolos haviam presenciado a Cristo ressurreto de entre os mortos, mas não após Cristo ter sido elevado às alturas. Paulo o viu depois de ressurreto, como os outros, entretanto somente depois que Cristo foi elevado às alturas e isso, anos depois de sua ressurreição.
ii. Paulo foi comissionado diretamente por Cristo;
iii. Paulo recebeu instruções específicas quanto a tudo o que deveria fazer. Ele inicia este texto falando de si mesmo em terceira pessoa:
2 Coríntios 12:1-7 1 Se é necessário que me glorie, ainda que não convém, passarei às visões e revelações do Senhor. 2 Conheço um homem em Cristo que, há catorze anos, foi arrebatado até ao terceiro céu (se no corpo ou fora do corpo, não sei, Deus o sabe) 3 e sei que o tal homem (se no corpo ou fora do corpo, não sei, Deus o sabe) 4 foi arrebatado ao paraíso e ouviu palavras inefáveis, as quais não é lícito ao homem referir. 5 De tal coisa me gloriarei; não, porém, de mim mesmo, salvo nas minhas fraquezas. 6 Pois, se eu vier a gloriar-me, não serei néscio, porque direi a verdade; mas abstenho-me para que ninguém se preocupe comigo mais do que em mim vê ou de mim ouve. 7 E, para que não me ensoberbecesse com a grandeza das revelações, foi-me posto um espinho na carne, mensageiro de Satanás, para me esbofetear, a fim de que não me exalte..
O problema atual é que tais pastores que se auto-intitulam apóstolos quando questionados sobre seu apostolado na ótica do texto de Atos 1.21-22, eles testemunham sobre si mesmos como tendo as mesmas características do apostolado paulino, ou seja, todos eles são "nascidos fora do tempo". A questão se torna absurda, pois estão fazendo de Paulo um modelo, quando o próprio Paulo diz que era uma exceção à regra e agora todos querem ser exceção..
Há de se perceber também que a visão do apostolado em Paulo é bem divergente da visão que se tem hoje. Os apóstolos atuais são aqueles que possuem audiência crescente na mídia, contas bancárias que causariam náuseas a Paulo, ministérios e vida que demonstram luxo (com seus carrões e verdadeiras mansões, até aviões particulares), e um puro e vergonhoso interesse financeiro para manterem seus programas no ar, ou a atenção de seus ouvintes, pois afinal não é um reles pastor falando... é um apóstolo. Diferentemente do que Paulo tinha como seu ministério apostólico:
I Coríntios 4.9-13 Porque a mim me parece que Deus nos pôs a nós, os apóstolos, em último lugar, como se fôssemos condenados à morte; porque nos tornamos espetáculo ao mundo, tanto a anjos, como a homens. Nós somos loucos por causa de Cristo, e vós, sábios em Cristo; nós, fracos, e vós, fortes; vós, nobres, e nós, desprezíveis. Até à presente hora, sofremos fome, e sede, e nudez; e somos esbofeteados, e não temos morada certa, e nos afadigamos, trabalhando com as nossas próprias mãos. Quando somos injuriados, bendizemos; quando perseguidos, suportamos; quando caluniados, procuramos conciliação; até agora, temos chegado a ser considerados lixo do mundo, escória de todos.
"v.1...por vontade de Deus" - eis aqui um tremendo diferencial para o verdadeiro servo. Ninguém em "sã consciência" como diria o mundo, escolheria ser escravo, servo de outro. Quem é que não gostaria de ter sua própria vontade satisfeita? Quem é que não gostaria de determinar seu próprio caminho? Fazer suas próprias escolhas? Paulo nos mostra que todo o nosso ser, toda a nossa vida, tudo o que somos, ou deixamos de ser, acontece pela vontade soberana de Deus.
O problema que encontramos na teologia arminiana é de que o ser humano se torna livre, após conhecer a graça, para escolher entre pecar ou não. Esquecem-se de coisas básicas como, por exemplo, que a nossa natureza é por si mesma pecaminosa e querendo ou não, não somos pecadores eventuais, pois a corrupção é de nossa natureza desde Adão. Podemos deixar de cometer atos de pecado, mas o pecado é inerente, está enraizado em nossa carne, como disse o salmista no Salmo 38: Não existe parte sã na minha carne.
Paulo falava desta questão quando afirmou: "o bem que eu quero esse eu não faço, mas o mal que não quero, esse eu faço." Todas as nossas decisões estão fundamentadas na soberania de Deus, seja esta decisão antes ou depois da conversão. Por isso a Escritura disse acerca de Faraó: ÊXODO 4·21. Disse o SENHOR a Moisés: Quando voltares ao Egito, vê que faças diante de Faraó todos os milagres que te hei posto na mão; mas eu lhe endurecerei o coração, para que não deixe ir o povo.
Da mesma forma fala acerca de toda a humanidade: Romanos 9.16. Assim, pois, não depende de quem quer ou de quem corre, mas de usar Deus a sua misericórdia. Quando Paulo faz esta afirmação sobre a misericórdia de Deus, ele não está simplesmente falando da bondade de Deus como algo independente de nossa vontade, pois ele mesmo informa que o fato de Deus usar sua misericórdia ou não em um ser humano está diretamente ligado à vontade de Deus para a vida daquela pessoa: 19. Tu, porém, me dirás: De que se queixa ele ainda? Pois quem jamais resistiu à sua vontade?
O querer e o realizar na vida de um ímpio tem como Soberana determinação a vontade de Deus, pois endurece o coração do ímpio para não lhe aceitar, como foi o exemplo de Faraó. Da mesma forma O querer e o realizar na vida do crente em todo o seu processo de salvação e santificação (ou seja, escolher ou não pecar), também está determinado por Deus os momentos que iremos cair em pecado e os momentos em que teremos vitória sobre ele, pois nos diz a Escritura em Filipenses 2.13 13. ...porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade.
Ou seja, nos tornamos servos de Deus, assim como Paulo afirma nessa parte do versículo 1 do capítulo 1 de Efésios, não por nossa própria vontade, mas pela boa, perfeita e soberana vontade de Deus para nossas vidas.
Continua... Próximo domingo