sábado, 30 de julho de 2011

Resistências às citações em sermões.

Por que usar citações de escritores crentes e não usar exemplos bíblicos? Já havia ouvido este tipo de objeção referindo-se a aqueles pregadores que em vários momentos de seu sermão usam citações de escritores cristãos, antigos, ou recentes. Qual o fundamento de tal atitude? Isso tem validade? Deixarei aqui explícitas minhas razões pelas quais raramente, e mui raramente faço uso de tais citações. Mas não é de fato o que aprendemos no seminário, pelo contrário somos ensinados a fazer tais citações. A questão é: para que nos é ensinado a fazer tais citações?
Toda construção de um sermão, via de regra, deve ser feita com muito cuidado e zelo. Sabemos que não é todo pregador que prepara seu sermão com antecedência, o que encaro como sendo “fazer a obra do Senhor relaxadamente”. Não estou dizendo que nunca fiz sermão de última hora, nem estou dizendo que esta é a minha prática, estamos falando de um ideal. Um ideal que deve ser levado a sério e praticado.
Neste zelo pela pregação, muitos pregadores antecipam, e é o correto, em alguns dias o seu sermão fazendo pesquisas sobre o que outros autores dizem acerca do texto que será exposto (não faço uso de sermão temático). Desta pesquisa suscitam anotações que costumeiramente vão parar nos sermões. Esta prática da pesquisa é inteiramente válida, mas a questão que faço é: a troco de que cita-se o nome deste ou daquele autor que falou sobre o texto no qual você está pregando? Três são as respostas que consigo encontrar. 1. Mostrar que você concorda com o dito autor; 2. Mostrar que você precisa de um respaldo no que está afirmando, pois nem mesmo você tem tanta certeza; 3. Mostrar que você pesquisou.
Vou aqui aparentemente contradizer o que estou tentando afirmar, mas com uma diferença: não estamos falando de um texto bíblico, mas de uma hermenêutica aplicada. Nós, reformados, clamamos pelas afirmações de Calvino, de Lutero, de outros mais recentes, mas e eles, faziam isso em seus sermões? Vou mais longe. A confissão de Fé de Westminster afirma que a hermenêutica sadia é usar a Bíblia para interpretar a própria Bíblia. A CFW afirma desta forma não é à toa, pois os discípulos e o próprio Senhor Jesus usavam dessa técnica. Ora, qual a imagem que passamos para os ouvintes quando são feitas citações diversas de outros autores cristãos nos sermões? A imagem que suscita desta prática, creio, é mais negativa do que positiva. Por algumas razões. 1. O pregador não tem uma identidade própria; 2. A Bíblia não tem um texto que explique melhor este que está sendo pregado do que a citação?; 3. Acaba-se por pregar sua pesquisa e não a Bíblia; 4. O pregador é exaltado como um grande intelectual e a imagem da cruz de Cristo se torna ofuscada; 5. Tal atitude gera um ar extritamente acadêmico ao sermão (isso é para o seminário, não para o público comum); 6. E o pior, demonstra que o pregador tem mais conhecimento do que outros falam sobre a Bíblia do que da própria Bíblia, mas não é ela SUFICIENTE EM SI MESMA?
Não afirmo aqui que não se deva fazer a pesquisa previamente, muito menos afirmo que o entendimento de outros escritores cristãos sobre o texto a ser pregado não deva ser levado em consideração. Afirmo que: 1. Se você concorda com o autor na questão, expresse então o entendimento do texto com as suas palavras evocando, se necessário outro texto da Escritura; 2. Esqueça a regra homilética de um único texto para dar respaldo à sua afirmação além do texto básico. Se necessário use mais de um até que a ideia se torne clara o bastante para que a "dona Maria" que assiste ao culto possa compreender o que você está dizendo. A Bíblia explica a própria Bíblia. Não é o que queremos fazer no sermão? Expor a Palavra de Deus? Ou estamos querendo expor o entendimento de uns e outros sobre a Palavra de Deus? São as duas coisas completamente diferentes e, por definição, são excludentes. Este é um lado negativo das citações, mas existe um lado positivo.
Quando falo de lado positivo não estou falando das citações de outros cristãos, mas afirmo citações de heréticos. Sim, de heréticos. Uma vez que as citações de heréticos são expostas no sermão, mais uma vez, a oportunidade de confrontá-las com a Escritura será inevitável e totalmente necessária. Quando isso acontece o nome de Deus é glorificado, pois sua Palavra é exposta em oposição à palavra dos ímpios, como está escrito:
“...Destruirei a sabedoria dos sábios e aniquilarei a inteligência dos instruídos.” (1 Coríntios 1:19)

sexta-feira, 29 de julho de 2011

DISCURSO SOBRE A REFORMA PROTESTANTE

Encontramos em Judas 1:3,4 o seguinte:

“Amados, quando empregava toda a diligência em escrever-vos acerca da nossa comum salvação foi que me senti obrigado a corresponder-me convosco, exortando-vos a batalhardes, diligentemente, pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos. Pois certos indivíduos se introduziram com dissimulação, os quais, desde muito, foram antecipadamente pronunciados para esta condenação, homens ímpios, que transformam em libertinagem a graça de nosso Deus e negam o nosso único Soberano e Senhor, Jesus Cristo.”
Esses versículos santos relatam a libertinagem que o homem dissimulado é capaz de fazer com as Santas Letras da Palavra de Deus. Sendo capazes de torcer o perfeito, fazendo-se de eruditos ignorantes detentores da verdade e do perdão para satisfação insana de seu gênio corrupto e egoísta. Oferecendo perdões por tostões, negociando falsas lascas da maldita Cruz de Cristo como símbolo de proximidade com o Santo Salvador. Recomendando penitências de autoflagelação em troca de uma falsa santificação. Negociando a salvação com pecadores desesperados que desejam comprar os “certificados da salvação”, sim! São as indulgências.
Após alguns séculos de fidelidade aos caminhos retos do Senhor, o ego sujo do homem sobrepujou a boa caminhada que os fiéis faziam. O resultado disso foram as libertinagens que acabei de citar. A igreja estava totalmente imersa em corrupção humana. Tudo era uma negociata de interesses humanos buscando paz através de suas conquistas materiais. Os mesmos que negociavam o perdão como intermediários de Deus estavam dados a prostituição, bebedices, glutonarias, usura, etc.
Nesse cenário impuro o Deus Santo forjou homens despertados para as verdades bíblicas. Esses homens incomodaram os perversos inimigos de Deus e deram significativa contribuição para que a reforma protestante viesse a ocorrer. João Wyclif (1320-1384) foi um desses homens. Após o Pai chamá-lo ao descanso eterno deixou muitos influenciados pelos seus escritos e tornaram-se disseminadores dos seus pensamentos. A igreja insatisfeita com crescimento do pensamento de Wyclif convocou o Concílio de Constança que declarou que Wyclif, mesmo morto e sepultado, era um herético. Por isso, teria seu corpo exumado, seus ossos queimados e jogadas as cinzas no rio Swift. O Concílio decretou também que seus seguidores seriam perseguidos e mortos. João Hus (1369-1415) foi muito influenciado pelos pensamentos de Wyclif e influenciou muitos outros conhecidos como Hussitas. Mas em 1410 Hus foi excomungado e no dia 6 de julho de 1415 foi queimado vivo. Condenado pelo mesmo Concílio que condenou Wyclif.
Mas os fiéis continuaram surgindo e no dia 31 de outubro de 1517 o grito mor da reforma protestante é dado. Martinho Lutero (1483-1546) fixou na porta da igreja castelo em Wittenberg a Controvérsia sobre o Poder e a Eficácia das Indulgências, conhecida popularmente como as 95 teses de Lutero. As demonstrações de fidelidade e confiança de Lutero em Deus não param por ai. Quando Lutero encontrou-se diante da Dieta foi questionado pelo conselheiro Erik do seguinte:
“Lutero, repeles seus livros e os erros que eles contêm?”
Lutero respondeu: “Que se me convençam mediante testemunho das Escrituras e claros argumentos da razão – porque não acredito nem no Papa nem nos concílios já que está provado amiúde que estão errados, contradizendo-se a si mesmos – pelos textos da Sagrada Escritura que citei, estou submetido a minha consciência e unido à palavra de Deus. Por isto, não posso nem quero retratar-me de nada, porque fazer algo contra a consciência não é seguro nem saudável.”
Segundo a tradição, Lutero disse: “Não posso fazer outra coisa, esta é a minha posição. Que Deus me ajude!”
Enquanto a reforma protestante ganhava força com Lutero na Alemanha. Úlrico Zwínglio (1484-1531) batalhava, também pela reforma, na Suíça. Em 1531 estourou a guerra entre cantões, estados, católicos e os protestantes. Zwínglio foi corajosamente para o campo de batalha e lutou com armas em punho defendendo a reforma. No campo de batalha deixou sua vida e um exemplo de coragem. Muitos seguiram seus passos. Guilherme Farel (1489-1565) foi um desses. Considerado pelos seus biógrafos como um pregador valente e ousado. Farel trabalhou ao lado daquele que temos considerável respeito pela mui dedicação ao Trabalho Santo, João Calvino (1509-1564). Zwínglio é tido como “o pai do protestantismo reformado” e Calvino o homem que moldou o pensamento reformado. A sistematização das doutrinas bíblicas feitas por Calvino foi amplamente absorvida pelos presbiterianos, motivo esse que torna os presbiterianos também calvinistas. Calvino foi incansável em seu ministério. Nos seus últimos anos, por muitas vezes foi levado ao púlpito carregado. E seus amigos demonstrando preocupação ouviram de Calvino o seguinte: “Qual quê? Querem que o Senhor me encontre ocioso quando ele chegar?”
Mais alguns nomes devem ser citados, tais como: Teodoro de Beza (1519-1605), George Wishart (1513-1546) que no dia em foi preso disse aos seus companheiros que queriam segui-lo: “Não, regressem para as vossas crianças. Um é o suficiente para o sacrifício.” Foi queimado vivo. João Knox (1514-1572) considerado o Pai do Presbiterianismo. Jhonatham Edwards (1703-1758). George Whitefield (1714-1770) conhecido como o “Príncipe dos Pregadores ao ar Livre” disse: “Desejo, todas as vezes que subir ao púlpito, considerar essa oportunidade como a última que me é dada de pregar; e a última dada ao povo para ouvir a Palavra de Deus.” Conhecido por chorar quase sempre que pregava disse: “Vós me censurais por que choro. Mas como posso conter-me, quando não chorais por vós mesmos, apesar das vossas almas mortais estarem à beira da destruição? Não sabeis se estais ouvindo o último sermão, ou não, ou se jamais tereis outra oportunidade de chegar a Cristo.” Cito ainda Jhon Wesley (1703-1791).
E para que sintamos o preço da reforma protestante, citarei um histórico acontecimento. Ainda na madrugado do dia de São Bartolomeu, 24 de agosto de 1572, muitos servos fiéis foram despertos de sono da madrugada com lâminas dividindo sua carne e derramando seu sangue em seus brancos lençóis. Se quer eram perguntados se abandonariam sua fé, pois seus assassinos estavam certos de que jamais fariam isso. Esses perseguidos e perseverantes homens eram os Huguenotes que ainda foram perseguidos por vários meses após esse primeiro ataque. Ao término dessa sangrenta perseguição o número de protestantes mortos aproximava-se dos 100 mil. As ruas de várias cidades francesas amanheciam cobertas de corpos apodrecendo. O sangue escorria pelas valas como água em dias de chuva. Tantos corpos foram lançados nos rios que esses estavam contaminados, sem que se podesse beber ou comer peixes dessas águas.
Foi a custo da vida de muitos que a reforma protestante se consolidou. Buscando o teocentrismo o protestantismo declara seus pilares como sendo:
1. Sola Scriptura (Somente a Escritura) - afirma que somente a Bíblia é a única autoridade para todos os assuntos de fé e prática. As Escrituras e somente as Escrituras são o padrão pelo qual todos os ensinamentos e doutrinas da igreja devem ser medidos. Como Martinho Lutero afirmou quando a ele foi pedido para que voltasse atrás em seus ensinamentos: "Portanto, a menos que eu seja convencido pelo testemunho das Escrituras ou pelo mais claro raciocínio; a menos que eu seja persuadido por meio das passagens que citei; a menos que assim submetam minha consciência pela Palavra de Deus, não posso retratar-me e não me retratarei, pois é perigoso a um cristão falar contra a consciência. Aqui permaneço, não posso fazer outra coisa; Deus queira ajudar-me. Amém."
2. Sola Gratia (Somente a Graça ou Salvação Somente pela Graça) - afirma que a salvação é pela graça de Deus apenas, e que nós somos resgatados de Sua ira apenas por Sua graça. A graça de Deus em Cristo não é meramente necessária, mas é a única causa eficiente da salvação. Esta graça é a obra sobrenatural do Espírito Santo que nos traz a Cristo por nos soltar da servidão do pecado e nos levantar da morte espiritual para a vida espiritual.
3. Sola Fide (Somente a Fé ou Salvação Somente pela Fé) - afirma que a justificação é pela graça somente, através da fé somente, por causa somente de Cristo. É pela fé em Cristo que Sua justiça é imputada a nós como a única satisfação possível da perfeita justiça de Deus.
4. Solus Christus (Somente Cristo) - afirma que a salvação é encontrada somente em Cristo e que unicamente Sua vida sem pecado e expiação substitutiva são suficientes para nossa justificação e reconciliação com Deus o Pai. O evangelho não foi pregado se a obra substitutiva de Cristo não é declarada, e a fé em Cristo e Sua obra não é proposta.
Soli Deo Gloria (Glória somente a Deus) - afirma que a salvação é de Deus, e foi alcançada por Deus apenas para Sua glória.
Nós os presbiterianos, nascidos no princípio da reforma protestante, no âmago da perseguição e da guerra contra os fiéis reformadores, louvamos ao Deus sustentador da sua Igreja. Deus eterno que planejou e registrou a história do povo de Israel. Planejou a salvação de cada um dos que Ele mesmo elegeu na eternidade. E não apenas planejou como enviou o meio pelo qual o plano se consumou, o Filho, o Messias, o Cristo. Planejou e executou a reforma da sua noiva que brevemente tomará para Si.
Para encerrar, cito as palavras do Mestre Jesus para que os crêem louvem e os que não crêem venham a crer quando disse: “Eu sou o caminho a verdade e a vida, ninguém vem ao Pai se não por mim.”


João Filho (IPB Tucuruí)

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Profissional do púlpito.

Já havia dito Jesus Cristo que viriam muitos falsos profetas, pregando sobre falsos Cristos. A acusação nos púlpitos virou moda, não obstante o próprio Senhor Jesus, os seus apóstolos e os seus profetas antes desses já haviam advertido ao povo de Deus sobre esta triste verdade. E eles mesmos, inclusive o Senhor foi tido pelos fariseus e sacerdotes de seu tempo foi tido como um falso mestre, falso profeta, tanto é que o mataram. Mas a questão se torna complicada para o ouvinte dos púlpitos em discernir quem está falando a verdade.
Bom, isso é fácil, poderá alguém dizer, é só ver quem está usando a Bíblia como fundamento de suas afirmações. Mas não é bem assim, uma vez que todas as heresias são fabricadas usando-se a própria Bíblia. Mas há uma medida que pode ser tomada que irá diminuir sensivelmente as confusões causadas nos ouvidos ineptos e inaptos. Aprender a observar se a Bíblia está sendo usada como desculpa para uma prática, ou afirmativa pessoal, ou se está sendo a Bíblia usada como fundamento para tais. A diferença entre uma e outra é de que a primeira a prática é comprovada pela Bíblia, a segunda a Bíblia é a razão da prática. Ainda é confuso mas vou tentar esmiuçar.
Via de regra, quando a Bíblia é usada para dar base a uma prática ou a uma afirmativa absurda, os textos são usados de forma aleatória e desconexo de seu contexto. Um exemplo é afirmar que Deus pode nos dar tudo que quisermos inclusive exigirmos de Deus riqueza e prosperidade, afinal de contas, como disse Paulo: “Tudo posso naquele que me fortalece”. Mas a pergunta necessária a ser feita é: Foi isso mesmo que Paulo estava querendo dizer? Só poderemos afirmar sim ou não após observarmos os contextos próximos dessa declaração e o contexto do todo Bíblico. O contexto do exemplo citado é o de Filipenses 4. Nos versículos anteriores vemos Paulo afirmar que já havia passado por tudo em sua vida: Fome e fartura, humilhação e exaltação. Em outros textos Paulo afirma ter sido açoitado, passou nudez, foi preso como um marginal, ou seja, Paulo passou de tudo em sua vida, por isso ele podia afirmar com mais autoridade que qualquer outro que ele podia passar por tudo, uma vez que Deus é quem o fortalecia.
Em suma, a declaração feita sobre prosperidade foi usada com base bíblica, mas simplesmente como desculpa para um total absurdo e desconexão com o texto sagrado. Aqueles que sobem no púlpito para praticarem tais coisas não são, de forma alguma pastores do rebanho do Senhor, senão pastores de si mesmos, preocupados apenas em manter suas igrejas cheias. Não possuem qualquer compromisso com a Palavra de Deus, muito menos com o Deus da Palavra. São pastores que em época de eleições públicas usam o púlpito para promover o candidato x ou y, depende de qual lhe oferecer mai$. Transformam as ovelhas do Senhor em comércio literalmente, quando na Palavra já havia sido predito: (2 Pedro 2:3 também, movidos por avareza, farão comércio de vós, com palavras fictícias; para eles o juízo lavrado há longo tempo não tarda, e a sua destruição não dorme).
São pastores de si mesmos, pastoreiam seu próprio ventre, seus próprios desejos. Quando sobem no púlpito, sobem como se fosse um palco onde discursam um monólogo farisaico e herético a fim de subtrair almas sedentas para lhes alimentar seus sórdidos desejos de ganância. (Judas 1:12 Estes homens são como rochas submersas, em vossas festas de fraternidade, banqueteando-se juntos sem qualquer recato, pastores que a si mesmos se apascentam; nuvens sem água impelidas pelos ventos; árvores em plena estação dos frutos, destes desprovidas, duplamente mortas, desarraigadas;)

sábado, 16 de julho de 2011

Ateísmo e evolução, uma questão de fé.

Já tive algumas conversas com alguns ateus, algumas boas, outras ruins no sentido de discussões que levaram a perda de uma amizade, que na verdade não era, mas tornou-se inconveniente, uma vez que a palavra nos alerta claramente “Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus” (Tiago 4.4). Nessas conversas sempre recorro a uma pergunta que o ateu frequentemente não responde. Talvez pelo fato de não a terem levado em consideração anteriormente. A questão é: Por que não existe ateu nato?
Em um dado momento da vida de quem se declara ateu, ele teve algum tipo de conflito interno para chegar a fazer tal afirmação. Independentemente do que o tenha provocado a afirmar não crer na existência de um Deus, algo em sua vida provocou esta mudança. Em qualquer cultura conhecida é comprovadamente que todas elas se mostram essencialmente religiosas e expressam sua devoção a um determinado tipo de divindade, qualquer que seja, isso é natural do ser humano.
O fundamento declarado para alguém se dizer ateu é o racionalismo. E frequentemente esse racionalismo parte de uma teoria científica que conhecemos por evolução. Qualquer que seja o princípio evolutivo pregado, seja por descendência de macacos, ou de um ancestral comum a todos a teoria da evolução nunca respeitou os próprios princípios da ciência. Tudo aquilo, diz a ciência, que pode ser medido, experimentado, observado pode ser considerado como ciência. A questão é: A evolução obedece a estes princípios? A ciência afirma que sim, mas vejamos.
Há uma teoria da física que diz que a velocidade de um determinado objeto pode ser calculada pela razão entre a distância e o tempo que o objeto leva para percorrer esta distância. Bom, temos a teoria, temos uma fórmula aplicável a ela, temos ferramentas que podem comprovar tal situação, como cronômetro, como trena. O cronômetro, lógico, para marcar o tempo, a trena a distância. Baseado também em uma teoria da física criou-se o radar que pode medir a velocidade do objeto em um dado instante. Além destas parafernalhas para medição, ainda podemos observar todo o movimento no qual pretendemos aplicar a teoria e pode ser feito tal experimento em laboratório, ou até mesmo em campo aberto.
Relacionando o mesmo raciocínio com a evolução não encontramos tal relação, vejamos:
1. O primeiro pressuposto da evolução, segundo Darwin, foi baseado na observação. Teoricamente isso poderia ser considerado científico, pois parte de uma observação. Mas o problema que se encontra é que não se pode observar o fato da evolução como se observa um objeto em movimento em um laboratório, ou de um carro na rua, pois o movimento da evolução, segundo os próprios cientistas levou bilhões de anos. Pergunto: alguém presenciou isso?
a. Os fatos considerados observáveis para fundamentar a evolução não são, em nenhuma hipótese determinantes para fundamentar as afirmações da teoria. Tais fatos não são provas cabais, mas circunstanciais. São como fotografias da situação imediata que se pode ver, mas as conclusões de como chegaram ali podem ser múltiplas. Tais provas são fotografias desconexas interpretadas como sendo um único filme chamado evolução. A evolução nunca, nem foi, nem será observada daí a teoria não poder ser ratificada como a máxima verdade. O que existem são apenas fotos que alguém um dia começou a interpretá-las como sendo um filme único. É como se um policial chegasse a uma casa e visse uma cena: um morto esfaqueado ao chão, sua esposa no canto da sala com a faca na mão e ele logo interpreta que a mulher o matou, sendo que a história poderia ser outra bem diferente. Como por exemplo, um ladrão entrou na casa, o marido tentou defender a mulher do ataque do ladrão, que lhe enfiou a faca e fugiu. A mulher desesperada vê a situação do marido e lhe tira a faca na tentativa de ajuda-lo. Vendo o marido morto ela, aturdida pelo evento, se enfia em um canto na sala e logo o policial entra e a acusa de assassina.
2. O segundo pressuposto da evolução são as medições. Via de regra o teste do carbono 14 é usado para determinar a idade dos materiais examinados. Uma dúvida como leigo que sou: A precisão do “carbono 14” não é de no máximo 50 mil anos? Como usá-lo para determinar algo que supostamente existe a bilhões de anos?
3. A experimentação para ser conclusiva teoricamente deveria durar pelo menos uma única mutação em um mesmo animal. Mas os fatos provam exatamente o contrário. Até o momento não existe nenhuma prova, ou mesmo experimento, que tenha provado que uma mutação por adaptação do ser vivo tenha acontecido. Abaixo a foto de um fóssil de celacanto considerado, pela ciência, extinto há 280 milhões de anos.


a. Abaixo a foto de celacantos vivos, ou pescados por todo o globo. Detalhe: não houve nenhuma mutação.

i.

ii.

iii.

iv.

v.

Pode-se entretanto afirmar que o celacantus seria uma excessão. Contudo, a cada dia aumenta cada vez mais o número de fósseis de animais considerados extintos há milhões de anos, achados vivos e sem nenhuma mutação.Existe na Alemanha um museu de Fósseis Vivos, o "Lebendige Vorvelt", criado e mantido Joachim Scheven, com mais de 500 fósseis vivos, ou com a foto do animal vivo, ou com o próprio animal vivo ao lado do fóssil. A pergunta é: se um único fóssil pode ser usado pela ciência para afirmar a evolução, o que se diria de mais de 500 fósséis afirmando justamente o contrário?
Uma outra lei da ciência que não mencionei anteriormente de forma proposital, é a primeira lei da biogênese: "Vida gera vida". Na teoria da evolução esta afirmativa é: "Não vida gera vida" ou seja é Abiogênese. Mesmo ante essa irracional e antagônica afirmativa, o ateu tem de responder a si mesmo sobre sua origem, sobre a origem da humanidade: De onde viemos? Desta forma assume-se uma religião que se diz ser racional e científica, mas como vimos não é. Há cerca de dois séculos explodiu uma nova seita. Sua doutrina: evolução; seu pregador: Charles Darwin e outros; seus adeptos, ateus e deístas.

Disse Deus: Haja luz; e houve luz. (Gênesis 1:3)

terça-feira, 5 de julho de 2011

Qual a razão de existência da igreja?

Fiz esta pergunta pensando nas modas que hoje em dia estão perambulando pelas igrejas evangélicas. Igreja que faz festa caipira, country, discoteca, danças litúrgicas (na hora do culto), até desfile de roupa de banho já ouvi dizer, venda de tijolo, telha em miniatura para você conseguir a sua casa própria, sabonete e outras coisas. A igreja evangélica tem se tornado mais promíscua do que a igreja Católica do período pré-reforma. Pelo menos a Igreja Católica tinha o descaramento de pedir dinheiro em troca da libertação da alma do parente querido do purgatório. A igreja de hoje pede dinheiro como oferta e te oferece um objeto que vai atender, em suma, às suas necessidades. Vendo aqui nestes objetos as festas mencionadas acima incluídas.
Mas o que tem demais em fazer tais coisas na igreja? Tudo depende da motivação e da aparência que se toma. Um exemplo disso é fazer uma festa caipira justamente na época das festas juninas promovidas pela igreja Católica. Por que se fazer na mesma época? Bom alguns dizem que é melhor fazer na igreja para o crente não ir às barraquinhas da Católica. Podemos afirmar que isso é verdade e preferível, como diz o ditado: dos males o menor. Contudo, precisamos pisar no chão e ver que esta não pode ser a motivação uma vez que um incrédulo, mesmo católico, vendo esta atitude da igreja evangélica, há de achar que tudo é a mesma coisa, ou farinha do mesmo saco. Em outras palavras a igreja evangélica se torna aparentemente igual a igreja Católica. De mesma forma qual o sentido em se fazer um desfile na igreja, e o pior, de roupa de banho? Não quero nem mesmo discutir esta questão aqui, pois é absurda. E infeliz é aquele que afirma que isso não tem nada demais. Isso é uma total falta de conhecimento bíblico no que diz respeito de como se começa o ato de pecado na vida de qualquer ser humano... Jesus afirmou que é pelo que os olhos veem. Deixemos isso de lado, pois esta não é nossa intensão neste texto.
O que podemos ver com toda esta situação e parafernalhas de discussões que podem suscitar desses assuntos, é que a igreja perdeu o seu foco. Vai me dizer que tudo isso, todas estas modas que andam por aí, tem como foco a pessoa do Senhor Jesus Cristo? Acho que ninguém, absolutamente ninguém seria ingênuo, ou louco o bastante para afirmar um assunte dessa magnitude. A palavra de Deus, de Gênesis à Apocalipse, aponta para uma única coisa, a pessoa de Jesus Cristo como o único salvador e mediador possível da humanidade. Digo possível, por que mesmo embora esteja Ele ao alcance de todos, nem todos o quererão. E é de fato o que estas igrejas estão fazendo. O foco não tem sido a pregação do evangelho do Senhor Jesus Cristo, mas o foco tem sido agradar ao crente da igreja para que ele não procure outra que lhe agrade mais. Satisfazer ao desejo humano tem sido o foco da igreja evangélica atual. No início eu falei que a igreja evangélica se tornou pior do que a Católica, por que de fato ela fazia aquilo que ela pregava. Mas a igreja evangélica de hoje prega a Cristo como Salvador, mas procura satisfazer ao homem em suas práticas libertinas.
Lembremos do autor de Hebreus 12.1-2: “ Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas, desembaraçando-nos de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia, corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta, olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus.”
Pergunto: Estamos olhando firmemente para Ele, ou para a carência humana de satisfazer o próprio ego?

Rev. Júlio Pinto
05 de Julho de 2011

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Apóstolo, hoje?

A mídia especializada tem publicado em todos os meios de comunicação, e vemos, às expensas do público evangélico, um número cada vez maior de pastores assumindo o título de apóstolo. Iremos abordar neste texto dois aspectos, 1.filológico e 2. teológico.
1. O termo “apóstolo” é um verdadeiro cognato do grego apostolo, que pode assumir alguns valores tais como: um delegado, mensageiro, alguém enviado com ordens, (BOL – módulo avançado 3.0).
Este termo, da forma em que está exposto, qualquer pessoa que assumisse tais empreendimentos poderia carregar o título de apóstolo. Como por exemplo, alguém que leva uma mensagem pode assumir tal título. Se aplicarmos tal metodologia um carteiro, mais do que qualquer outra pessoa, poderia ser chamado de apóstolo, pois afinal de contas ele leva não uma, mas várias mensagens diariamente.
É desta forma que hoje o título apostólico tem sido divulgado no meio evangélico e entre a classe pastoral. O título apóstolo trás consigo um tom de maior status do que o de pastor, e desta forma, filologicamente o termo tem sido usado de forma indiscriminada por vários pastores que arrogam para si mesmos tal título, elevando-se (se é que isso existe), na cadeia de comando, ou de importância no meio evangélico, o que der maior ibope.
2. A Bíblia nos mostra que os doze discípulos mais próximos de Jesus foram chamados de apóstolos, porque tinham uma mensagem a ser levada, foram enviados para isso. No Novo Testamento esta palavra ocorre 56 vezes, e em nenhuma delas apontou para alguém diferente dos primeiros doze escolhidos (Mateus 10.2), exceto Paulo, que como ele mesmo afirma que não seria digno de ser chamado de apóstolo por que perseguiu a igreja, uma forma humilde de referir-se ao seu apostolado (I Coríntios 15.7-10) Neste aspecto, a Bíblia nos mostra determinadas características imóveis e inegociáveis para aqueles a quem foram denominados de apóstolos de Jesus Cristo. Vejamos:
a. O apóstolo teria de ser comissionado diretamente por Cristo. Todos eles, inclusive Paulo, foram chamados uma um para esta função.
b. Pedro e os demais apóstolos quando foram eleger outro apóstolo em lugar de Judas, determinaram quem poderia assumir este título junto a eles. Como está no texto de Atos 1.21-22.
i. Necessariamente assumiria este lugar um que tivesse acompanhado pessoalmente toda a trajetória do ministério terreno de Jesus – v. 21
ii. Este acompanhamento deveria compreender todo um período que compreendia dois fatos do ministério de Jesus Cristo:
1. Seu batismo
2. Sua ascensão.
Levando em consideração este texto, absolutamente nenhum dos que hoje se autodenominam apóstolos, poderiam assumir este título, pois nenhum deles testemunhou pessoalmente o batismo, ministério e ascensão de Cristo.
a. E quanto à Paulo? O último deles, Paulo, no texto de I Coríntios citado, denominou a si mesmo como um nascido fora de tempo. Suas palavras soam como que ele não deveria estar ali, classificado como membro do colegiado apostólico, mas ali estava pela graça de Deus concedida “a ele”, como diz no versículo 10. Se avaliarmos o texto de Pedro em Atos 1.21-22, Paulo de forma alguma se encaixaria no perfil apostólico.
a. Algumas considerações, no caso de Paulo precisam ser feitas. Como ele mesmo já havia dito – ele é um nascido fora de tempo, em outras palavras ele é uma exceção à regra. Mas que regra? Claramente é a regra estabelecida pelos próprios apóstolos. Não que Paulo tivesse em mente exatamente tal regra, mas por ele saber que ele mesmo não estava no começo com eles. (nascido fora de tempo)
b. Outros aspectos precisam ser vistos.
i. Paulo de forma diferente dos outros, foi testemunha de que Cristo estava glorificado (estado após ascensão): Atos 9.4-6
ii. Paulo foi comissionado diretamente por Cristo;
iii. Paulo recebeu instruções específicas quanto a tudo o que deveria fazer. Ele inicia este texto falando de si mesmo em terceira pessoa: 2 Coríntios 12.1-7.
O problema atual é que tais pastores que se auto-intitulam apóstolos testemunham sobre si mesmos como tendo as mesmas características do apostolado paulino, ou seja, todos eles são “nascidos fora do tempo”. A questão se torna absurda, pois estão fazendo do modelo de Paulo que era a exceção, a regra para os dias de hoje. Quando questionados sobre seu apostolado na ótica do texto de Atos 1.21-22, dizem estar na mesma categoria apostólica de Paulo, o que é um absurdo, pois Paulo mesmo se chamou um nascido fora de tempo, uma exceção; agora todos querem ser exceção.
Há de se perceber também que a visão do apostolado em Paulo é bem divergente da visão que se tem hoje. Os apóstolos atuais são aqueles que possuem audiência crescente na mídia, contas bancárias que causariam náuseas a Paulo, ministérios e vida que demonstram luxo (com seus carrões e verdadeiras mansões, até aviões particulares), e um puro e vergonhoso interesse financeiro para manterem seus programas no ar, ou a atenção de seus ouvintes, pois afinal não é um reles pastor falando... é um apóstolo.
Terminarei este texto apenas citando um texto do referido apóstolo:
I Coríntios 4.9-13 Porque a mim me parece que Deus nos pôs a nós, os apóstolos, em último lugar, como se fôssemos condenados à morte; porque nos tornamos espetáculo ao mundo, tanto a anjos, como a homens. Nós somos loucos por causa de Cristo, e vós, sábios em Cristo; nós, fracos, e vós, fortes; vós, nobres, e nós, desprezíveis. Até à presente hora, sofremos fome, e sede, e nudez; e somos esbofeteados, e não temos morada certa, e nos afadigamos, trabalhando com as nossas próprias mãos. Quando somos injuriados, bendizemos; quando perseguidos, suportamos; quando caluniados, procuramos conciliação; até agora, temos chegado a ser considerados lixo do mundo, escória de todos.