sábado, 20 de agosto de 2011

Línguas, profecias, revelações – PARTE II



Quando Deus designa a Moisés como seu porta-voz, profeta, ele lhe dá um ofício, o oficio de profeta, no qual havia a incumbência de levar a Palavra de Deus, como se fosse o próprio Deus a quem quer que seja. “Então, disse o SENHOR a Moisés: Vê que te constituí como Deus sobre Faraó, e Arão, teu irmão, será teu profeta” (Êxodo 7.1). Neste caso suigeneris acabou transformando o sacerdote em profeta e o profeta como se fosse o próprio Deus. O próprio Moisés sabia que não era Deus, mas aquele a quem foi outorgada a autoridade de falar em Seu Nome: “O SENHOR, teu Deus, te suscitará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, semelhante a mim; a ele ouvirás,” (Deuteronômio 18:15).

Há um outro ofício descrito na Palavra. No AT o rei foi designado por Deus, bem como à sua descendência. Primeiramente Deus permitindo que o povo escolhesse um rei, mandou que o profeta ungisse a Saul como rei de Israel. Mas essa escolha permitida, e declaradamente prevista por Deus, foi simplesmente para que o nome de Deus fosse exaltado na que ele havia decidido há tempos (I Samuel 9.17). Mas a escolha para a descendência que haveria de reinar eternamente não partiria de Saul, mas da determinação eterna de Deus por meio de Davi (I Samuel 16.1; cf. Romanos 9.11-13).

Os três ofícios, sacerdote, profeta e rei tinham relações entre si: todos partiam de uma escolha de Deus, não do homem, e todos eles eram ungidos para assumirem tais ofícios. (I Samuel 10.1; Êxodo 28:41). O derramar do óleo simbolizava a consagração e o derramamento do Espírito Santo sobre o indivíduo que era consagrado. Moisés, no entanto, não foi ungido por ninguém, mas foi um ato exclusivo de Deus em chamá-lo pessoalmente, consagrá-lo (Êxodo 3.10). Apesar de vermos os sacerdotes e reis que quando ungidos profetizavam não lhes fazia parte o status de terem um ofício profético. Este chamamento era feito diretamente por Deus. o que aconteceu com todos os profetas do AT, sem exceções. ( Gn 12.1; Nm 12.6; Sm 3.10; Is 6.1-9; Jr 1.5, etc.). Obviamente não há uma descrição detalhada do chamamento de todos os profetas, mas há de fato estabelecido este princípio entre todos aqueles que são detalhados. Não há por que afirmarmos que com um ou outro profeta tenha sido seu chamamento realizado de forma diferente.

Haviam várias profecias com respeito ao Messias que haveria de vir. Nelas estão contidas palavras que revelavam o Messias como quem teria os três grandes ofícios, sacerdote, profeta e rei. Mas não é à toa que a palavra messias que é a forma da palavra hebraica messiah e significa ungido. Ele teria os três ofícios, o que não aconteceu com nenhum outro.

No NT vimos que pelas palavras do autor de Hebreus no primeiro versículo algo mudou. O Espírito Santo repousava sobre o profeta e ele a partir desse momento compartilhava com o povo a vontade de Deus, por vezes, e muitas vezes, exortava ao povo a voltarem-se novamente para Deus. Tudo aquilo que Deus revelou por meio de seus profetas que visava o ensino do povo de Deus como um todo, foi escrito com a chancela divina da inspiração efetuada pelo Espírito Santo, II Timóteo 3.16-17.
No NT a mesma chancela havia, contudo com uma grande diferença. O que antes era privilégio de algumas pessoas do povo de Deus, ter o Espírito Santo, no NT seria para “toda a carne”, referindo-me aqui à profecia de Joel em 2.28 (e contexto) com respeito à vinda do Espírito. E, diferentemente do AT, que havia a possibilidade do Espírito retirar-se da pessoa, como aconteceu com Saul, (1 Samuel 16:14), a promessa dada a Joel era exatamente mostrando que nesses dias que estariam por vir, quando acontecesse o grande e glorioso dia do Senhor (Atos 2:33), o Espírito viria sobre todo o povo de Deus. Lembremo-nos de que a profecia entregue por Joel a esse respeito visava o povo de Israel, hoje, a Igreja invisível militante em sua totalidade.

Contanto, antes da vinda de Cristo, os sinais e maravilhas tinham um fim específico da mesma forma que no NT. Vendo no exemplo de Moisés, os sinais e maravilhas vinham para atestar que a palavra profética entregue (deveria ser escrita compondo a Escritura ao longo de séculos) através de Moisés (bem como os demais profetas) era de fato uma palavra vinda de Deus; assim vemos essa premissa: “1.Respondeu Moisés: Mas eis que não crerão, nem acudirão à minha voz, pois dirão: O SENHOR não te apareceu... 8. Se eles te não crerem, nem atenderem à evidência do primeiro sinal, talvez crerão na evidência do segundo.” (Êxodo 4.1,8).
A demonstração do poder de Deus por meio de sinais e maravilhas naquele tempo era um testemunho para afirmação do profeta como sendo um profeta de Deus. Contudo, elas não tinham um fim específico em si mesmo, eram apenas um meio de atestar a palavra profética para que ela fosse escrita e guardada para tempos vindouros, e neste ponto Moisés até adverte ao povo que sinais e maravilhas seriam possíveis de serem feitos por outras pessoas que não fossem seus profetas. A exemplo disso vemos os magos do Egito repetindo as três primeiras pragas diante de Faraó (Êxodo 7.22; 8. 7; 8.18).

CONTINUA...

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

O Evangelho da boa vizinhança.

A cultura evangélica tem se mostrado determinantemente assimiladora da política da boa vizinhança. “vamos promover a paz”, “estamos todos do mesmo lado”, “pregamos o mesmo Jesus”. A questão para mim é bem clara, a posição de Cristo com relação a esta facilidade que o mundo já oferecia em sua época, era totalmente oposta ao que se vê das igrejas e crentes de hoje. Os reais fundamentos deixaram de ser usados e o fundamento do bom discurso que agrada a muitos é o que conta.

Em nenhum momento vemos a Cristo praticando tal coisa. Foi por causa de sua posição irredutível em seus fundamentos que Ele e os profetas e muitos dos apóstolos foram mortos. O esteio do cristianismo original sempre foi e sempre será a Palavra como ela é, mas a vontade dos homens e o desejo de manipular as pessoas de pouco conhecimento bíblico, formam uma massa onde um termina por defender o outro e a Escritura permanece como que fora de campo nesta batalha. Vez por outra citam-se textos fora de contextos para justificar as aparências cristãs, mas que de cristãs estão bem longe e por certo mais próximas de um satanismo disfarçado denominado cristianismo moderno.

É assim que a ideologia satânica se apresenta e arrebata a muitos, quando ela se parece com o evangelho. Mas um evangelho que pode tudo, um evangelho onde o homem é o centro das atenções, suas necessidades é que moldam o seu deus, o seu cristo. Há muito, Jesus disse que surgiriam falsos profetas pregando a falsos cristos. Eles são falsos, mas também são chamados de Cristo, são profetas, mas não são de Deus; fazem até milagres em nome Dele, mas serão jogados no lago de fogo e enxofre (Mateus 7.22 ss). E preocupa-nos ver igrejas cheias de pessoas esperançosas de se encontrarem com Cristo, mas o Cristo que conhecem não é o Cristo da Escritura, é o Cristo que lhe apresentaram como sendo o verdadeiro, entretanto estarão com seus profetas no exílio eterno. Irão para o inferno por que tinham a Bíblia na mão para confrontarem seus pregadores e não o fizeram como os de Beréia faziam com Paulo, tinham a oportunidade de procurarem outra igreja mais fiel à palavra e não o fizeram (por acharem conveniente e se sentirem bem ali), quiseram estar lá com eles então com eles permanecerão na eternidade, mas longe da graça divina e sofrendo sob sua ira (Ap. 14.10).

A multidão se deixa levar confundidas por suas emoções, por suas paixões, inertes quanto ao poder de uma ideologia malévola que visa apenas engordar os bolsos de seus pregadores. E acham isso simplesmente maravilhoso por que é benção de Deus para o pastor. Enquanto Cristo não tinha onde recostar a cabeça. Não tinha nem mesmo um animal para o conduzir em suas jornadas, e a única vez que isso aconteceu, foi na entrada de Jerusalém para que se cumprisse uma das profecias relativas a Ele, que Ele chegaria montado em um animal de carga.

Os ignorantes pagarão o preço da mesma forma que os seus enganadores. A política da boa vizinhança é o oposto do que a Escritura afirma de como devemos ser: Tito 1:11 É preciso fazê-los calar, porque andam pervertendo casas inteiras, ensinando o que não devem, por torpe ganância. Mateus 23:33 Serpentes, raça de víboras! Como escapareis da condenação do inferno? Mateus 22:18 Jesus, porém, conhecendo-lhes a malícia, respondeu: Por que me experimentais, hipócritas?

Sem meias palavras, sem política da boa vizinhança. Aos pregadores da prosperidade de um Jesus supridor das necessidades financeiras, de um Jesus escravo do homem que tem de fazer o milagre no dia e hora que o pregador marca, de um evangelho que aceita tudo inclusive o pecado na igreja sem que haja disciplina, promovendo o hedonismo, a satisfação pessoal e a licenciosidade para o pecado, aos pregadores que ensinam ao povo sem que a base bíblica seja exposta verdadeiramente; que vendem os votos dos crentes de sua igreja para o político que pagar mais; são pessoas cheias de boa intenção, bem como seus seguidores. Mas uma coisa é certa: de boa intenção o inferno está cheio e vai se encher ainda mais. Contudo Deus será glorificado em tudo isso. A Ele toda honra e glória eternamente, amém.

domingo, 14 de agosto de 2011

Julgar ou não julgar, eis a questão.



“Não julgueis e não sereis julgados...”. Inúmeras foram as vezes que eu e você ouvimos e mencionamos tal texto mediante uma crítica que nos atingiu ou fizemos atingir a outro. A questão é: fizemos o uso correto dele? Ou será que simplesmente fizemos seu uso para tentar fazer calar alguém que nos atinge, ou atinge a quem temos predileção com uma crítica? Usamos este texto para nos defender, ou defender quem amamos?

Primeiramente quem faz uso deste texto com esta intenção está indo contra seu próprio raciocínio, uma vez que para usá-lo nos exemplos que citei acima, o defensor do criticado, mesmo que seja ele mesmo, já tem que ter exercido um julgamento sobre a crítica do outro que nas entrelinhas quer dizer que a crítica do outro não é válida, ou que ele não tem direito de fazê-la. Isso é julgar! A incoerência já começa no uso do texto sobre “não julgar” fazendo um julgamento de que quem julgou não deveria tê-lo feito. Isso também é farisaísmo! Os fariseus julgavam a Jesus por que Jesus lhes julgava, o mesmo aconteceu com João Batista.
O que a Bíblia como um todo nos ensina sobre o julgar? Não podemos de forma alguma dissociar um texto bíblico acerca de um tema bíblico do todo bíblico, isso é que é usar um texto fora do contexto global da Bíblia. Para isso iniciaremos nosso estudo a partir do Antigo Testamento, vendo o que a Lei de Deus dada por meio de Moisés, apontava como deveria ser o comportamento de qualquer pessoa no que diz respeito a qualquer tipo de julgamento que se possa fazer, seja civil, moral, ou espiritual.

Jacó

Jacó, o trapaceiro/suplantador havia fugido da casa de seus pais por ter traído seu irmão roubando-lhe o direito à primogenitura (Gn 25.33; 27.36) em todos os aspectos dela, fosse na benção, fosse na herança de seu pai. Jurado de morte (Gn 27.41) e aconselhado por sua mãe (27.43), vai morar com seu tio Labão nas terras de Padã-Arã até que a ira de seu irmão passasse. Chegando lá, apaixonou-se por uma das filhas de Labão, seu tio e a pediu em casamento em troca de anos de trabalho.

Mas tendo seu tio o enganado, na noite de núpcias mandou sua outra filha mais velha em seu lugar e pediu que em troca da filha mais moça, os anos de trabalho fossem dobrados. Durante o tempo em que viveu com seu sogro Jacó teve seu salário alterado várias vezes, e sempre em favor de Labão. Em outras palavras, Jacó foi traído por seu tio várias vezes. Quando Jacó resolve voltar para sua terra, tenta fazê-lo às escondidas de seu tio. Ao fazer isso, Raquel, sua esposa a quem amava, roubou os ídolos de seu pai e os escondeu em sua bagagem. Como desculpa para reaver os seus ídolos, Labão saiu no encalço de Jacó a fim de reaver sua família e o gado que Jacó levou e encontrando-o acusou a Jacó de roubar-lhe. Após procurar os seus ídolos Jacó se ira contra Labão e lhe diz: “Havendo apalpado todos os meus utensílios, que achaste de todos os utensílios de tua casa? Põe-nos aqui diante de meus irmãos e de teus irmãos, para que julguem entre mim e ti. (Gênesis 31. 37). Um pedido de julgamento foi estabelecido aqui. Um julgamento segundo o comportamento moral ou amoral entre as partes envolvidas. Uma sentença deveria sair dali, deste julgamento. Ao final um julgamento foi feito e um monte de pedras foi erigida por testemunha entre as partes. Mas as palavras de Jacó foram de que: “O Deus de Abraão e o Deus de Naor, o Deus do pai deles, julgue entre nós (Gn 31.53). Um juiz foi estabelecido e esse juiz foi Deus. A questão é que Jacó havia solicitado um julgamento pelas pessoas ali presentes e que testemunharam os fatos e logo após ele pede que Deus julgue a questão. Dito de outra forma: a palavra de Deus seria o ponto final da questão.

Moisés

Este princípio foi também visto no período Mosaico. Em Êxodo 18:16 vemos que o povo ia até Moisés (portador da Palavra) para que esse julgasse entre as demandas existentes entre o povo, fosse qualquer questão, espiritual, moral ou civil, uma vez que a nação de Israel que ali nascia (como nação), era uma nação de regime teocrático, ou seja, todas as leis vinham de Deus e eram legisladas por um homem, Moisés. Contudo, vendo o sogro de Moisés o pesado fardo que carregava julgando todas as causas daquela multidão (somente homens 600 mil) de mais de um milhão de pessoas, ele o advertiu que dividisse sua carga com homens mais experientes e anciãos de boa índole e que tivessem o Espírito de Deus para ajudá-lo nesta tarefa. Assim diz o texto de Êxodo 18.21-22 “Procura dentre o povo homens capazes, tementes a Deus, homens de verdade, que aborreçam a avareza; põe-nos sobre eles por chefes de mil, chefes de cem, chefes de cinqüenta e chefes de dez; para que julguem este povo em todo tempo...”, lembrando que este julgamento não dizia apenas às questões civis, mas também às morais e espirituais.
Juízes

Enquanto Moisés liderou o povo, ele preparou durante vários anos um substituto para o seu cargo, Josué. Moisés via nele o temor de Deus e esse também recebeu testemunho de Deus sobre si. Contudo, não procedeu da mesma forma a Josué, ele não preparou um substituto para si. Quando ele morre, o povo permaneceu durante longo tempo sem um líder específico, foi o tempo conhecido como o tempo dos juízes. A cada geração um servo, ou serva de Deus foi levantado para julgar as demandas entre o povo e também para defender o povo dos ataques dos seus inimigos. De qualquer forma sempre houve quem julgasse as questões que sucediam na nação de Israel.

Os profetas

Todo homem que tinha o oficio profético também recebia a incumbência de Deus em perceber a atitude do povo, em geral e em particular, avaliar segundo um parâmetro pré-estabelecido (a Palavra) e assim exercer um julgamento sobre o comportamento, qualquer que fosse, bom ou ruim e assim desse uma sentença. Todos os profetas, irremediavelmente ao cumprirem sua tarefa primordial que era alertar sobre o pecado - e não predizer o futuro – e então confrontar o erro segundo as Escrituras e exortar ao arrependimento e convocar que tomassem uma atitude, um caminho diferente, sempre foram mortos. Isaías foi morto, Malaquias, Jeremias, Zacarias, e foram mortos porque exerciam um julgamento de acordo com a Palavra de Deus e eram condenados sumariamente à morte por aqueles a quem eles haviam confrontado ou acusado de erro, ou pecado segundo os preceitos divinos já prescritos. O Senhor Jesus mesmo lembra deste fato: “desde o sangue de Abel até ao de Zacarias, que foi assassinado entre o altar e a casa de Deus. Sim, eu vos afirmo, contas serão pedidas a esta geração” (Lucas 11:51). E com Jesus Cristo foi diferente?

Jesus Cristo

Não foi diferente com o Senhor Jesus. Durante todo o seu ministério, sendo a primordialidade dele de levar a palavra do evangelho ao povo de Israel, Jesus disse que: “de preferência, procurai as ovelhas perdidas da casa de Israel;” (Mateus 10:6 ). A questão é: Perdidas como, se foi a Israel que o Senhor revelou a sua palavra? Os sacerdotes e incluídos nesta casta, os fariseus e escribas, conheciam a lei de Moisés de fato, mas e o sentido delas? O povo estava realmente perdido por que quem lhes deveria ensinar a palavra como ela é de fato, não lhes ensinou, por isso estavam perdidas. Malaquias em seu tempo percebeu esta realidade e proclamou a palavra do Senhor, o que com certeza ofendeu em muito aos sacerdotes e líderes de sua época: “Porque os lábios do sacerdote devem guardar o conhecimento, e da sua boca devem os homens procurar a instrução, porque ele é mensageiro do SENHOR dos Exércitos. Mas vós vos tendes desviado do caminho e, por vossa instrução, tendes feito tropeçar a muitos; violastes a aliança de Levi, diz o SENHOR dos Exércitos” (Malaquias 2.7-8).

Jesus evidencia a distorção da Palavra por parte dos sacerdotes e fariseus em vários momentos, um deles é quando ele começa confrontar aquilo que havia sido ensinado pelos antigos mestres judaicos sobre a lei e que Jesus agora corrigia suas interpretações. Isso ocorre quando ele faz uso da seguinte fórmula “Ouvistes o que foi dito pelos antigos..... eu porém vos digo” (Mateus 5.22-6.34). Até este ponto Jesus faz um contraste entre as atitudes dos fariseus e o que se esperava do crente verdadeiro. Mas logo em seguida vem o texto do qual citamos no início “não julgueis”. O que se pergunta aqui é: porque até o versículo imediatamente anterior há uma clara justaposição entre a atitude do hipócrita (figura do fariseu) e nos versículos seguintes Jesus mudaria de tonalidade para uma generalização do que estava ensinando que se aplicasse a qualquer pessoa? Obviamente Jesus não faz isso. Precisa-se perceber que mesmo as palavras de Jesus, escritas pelos apóstolos são tão inspiradas quanto as palavras ditas pelos próprios apóstolos, ou onde estaria a inerrância e solidez da Escritura? O todo Bíblico precisa ser coerente e o é. Quando se cria uma dificuldade na interpretação do texto bíblico e essa dificuldade cria uma oposição da Escritura com a própria Escritura, o que está contraditório não é a Escritura consigo mesma, mas a interpretação de alguém com relação a um texto que confronta o que é dito em outro texto. Como poderia o apóstolo escrever que Jesus proíbe toda e qualquer forma de julgamento quanto que o restante da Bíblia não o faz, pelo contrário ordena que o faça? Algo está errado e certamente não é uma contradição Bíblica.

Apóstolos - Paulo

Nas palavras dos apóstolos no Novo Testamento também encontramos essa temática sobre o julgar as pessoas? Evidentemente que sim. Então precisamos analisá-las e posteriormente contrapor estes fatos à luz das palavras de Jesus sobre o tema e ver qual a lição do todo Bíblico sobre o tema e não apenas um texto ou outro de forma isolada.

A igreja de Corinto era uma igreja conturbada e cheia de problemas a despeito da evidência de dons manifestados quando se reuniam. Havia um irmão em completo pecado e que a igreja não se importava com isso. Ele mantinha relações sexuais com a sua madrasta. E Paulo sobre isso afirma: Eu, na verdade, ainda que ausente em pessoa, mas presente em espírito, já sentenciei, como se estivesse presente, que o autor de tal infâmia seja, ... entregue a Satanás para a destruição da carne, a fim de que o espírito seja salvo no Dia do Senhor Jesus (1 Coríntios 5:3 -5). Ao que se vê, Paulo dá uma sentença e esta sentença é de culpado. Para se chegar a uma sentença é necessário que haja um julgamento prévio. Aliás, o princípio da lei é exatamente esse. Se há uma lei pré-estabelecida é para que os infratores delas sejam julgados.

De mesma sorte, outro pecado estava sendo cometido na igreja de Corinto. Um irmão tinha uma demanda contra outro e ao invés de apelar para que a própria igreja resolvesse a questão, preferiu entrar com um processo contra seu irmão diante de um tribunal de ímpios. Mas Paulo criticou veementemente não só o irmão por fazer tal coisa, mas também à igreja que deveria ter se posicionado em relação a essa demanda julgando entre eles mesmos a causa que estava envergonhando o nome do Senhor. “Ou não sabeis que os santos hão de julgar o mundo? Ora, se o mundo deverá ser julgado por vós, sois, acaso, indignos de julgar as coisas mínimas? Não sabeis que havemos de julgar os próprios anjos? Quanto mais as coisas desta vida!” (1 Coríntios 6:2-3 ). E Paulo nos mostra não somente que os próprios irmãos deveriam ter julgado a causa, mas nos dá a razão pela qual a igreja de Corinto tinha a autoridade para exercer tal julgamento. A autoridade da igreja se repousava e repousa no fato de que nós mesmos julgaremos, não somente o mundo, mas também aos anjos no dia da volta de Cristo, no grande julgamento.

Profetas x Profetas

Um falso entendimento pode surgir quando a questão que está sendo pleiteada se envolva dois profetas. Quando me refiro aqui a profeta, me refiro ao que está sendo diferenciado por Paulo do antigo ofício profeta que vez por outra contemplava a predição do futuro, mas do seu fator primordial que era a condenação do pecado, mediante um julgamento segundo um parâmetro. Digo a respeito do que está em I Coríntios 14.3 “ Mas o que profetiza fala aos homens, edificando, exortando e consolando.” Aí está a essência da profecia. No que diz respeito ao julgamento primeiramente vemos na característica profética a exortação. Nenhuma exortação poderá ser feita sem que um julgamento prévio seja feito. Mas e quando esta relação é entre profeta e profeta? Paulo é claro nessa afirmação: “Tratando-se de profetas, falem apenas dois ou três, e os outros julguem” (1 Coríntios 14:29). Fica o iato: Quem são estes outros que podem exercer julgamento? O próprio texto nos diz que na igreja de Corinto havia uma desordem na hora do culto, muita gente querendo falar ao mesmo tempo e terminava por ninguém entender quase nada. Paulo está chamando a atenção pelo fato de que o culto precisa ter ordem e que no caso dos profetas não podem ser muitos os que falam, mas poucos e o restante deles julgassem o que foi dito pelo profeta. Em outras palavras, os profetas que falavam deveriam ter suas palavras julgadas pelos outros profetas. De todo se faz necessário um parâmetro para exercer tal julgamento; e se esse parâmetro for o achismo de cada um não se chegaria nunca a um veredicto final.

Fala


O uso da fala era exercido por aqueles que tinham determinados dons: línguas, profecia, pastor, mestre, etc. Cada um deles necessariamente fazia o uso da fala para atingirem seu objetivo, evidenciar a Palavra de Deus. Pedro, ao falar acerca dos dons, diz sobre os dons que faziam uso da fala o seguinte: “Se alguém fala, fale de acordo com os oráculos de Deus;” (1 Pedro 4:11). Não somente aqui, mas em outras passagens da Escritura os oráculos de Deus, não são outros senão a própria palavra de Deus revelada e Escrita, ou seja a própria Bíblia. Pedro então afirma que quem fala, fale de acordo com a Bíblia. O parâmetro novamente é a própria Bíblia. Relembrando do que Paulo falou sobre os profetas julgarem o que outros falassem o modelo pelo qual os profetas deveriam ser julgados era exatamente se eles estariam ou não falando de acordo com a Palavra de Deus revelada e escrita.

fala de Jesus
“... não julgueis...” (Mateus 7.1) - O que Jesus então quis dizer com isso? Antes de expor o que Ele quis dizer, mostrarei o que não é. Logo após essa sua fala sobre julgamento Jesus afirma: “Não deis aos cães o que é santo, nem lanceis ante os porcos as vossas pérolas, para que não as pisem com os pés e, voltando-se, vos dilacerem.” (Mateus 7:6). Com esta fala Jesus encerra sua prédica sobre o julgar. O fato é que Jesus está dizendo que não devemos perder tempo com as pessoas que não querem nada com o evangelho, com aquelas que desprezam, com aquelas que insistentemente distorcem a Palavra (como faziam os fariseus). Mas como determinar quem são essas pessoas sem que eu antes não tenha exercido uma forma de julgamento mesmo que mentalmente? Estaria Jesus sendo incoerente com Ele mesmo? Estaria Jesus sendo incoerente com o restante da Escritura? Obviamente que nenhuma das coisas.

Jesus alerta para o fato de que alguém que não tenha sido iluminado espiritualmente e que não fosse totalmente submisso ao ensino da Escritura, como os fariseus não eram, não teriam em nenhuma hipótese a capacidade espiritual de exercer julgamento em um aspecto que somente alguém iluminado espiritualmente, com a objetividade escriturística poderia fazê-lo. Paulo sobre isso ensina: “Mas Deus no-lo revelou pelo Espírito; porque o Espírito a todas as coisas perscruta, até mesmo as profundezas de Deus”. (1 Coríntios 2:10); e: “Disto também falamos, não em palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas ensinadas pelo Espírito, conferindo coisas espirituais com espirituais.” (1 Coríntios 2:13 ). Lembremos que as palavras das quais Paulo diz “ensinadas pelo Espírito” trata-se de que foram escritas de forma a compor a Escritura, é o que ele lembra a Timóteo: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça,” (2 Timóteo 3:16).

Salienta-se de que toda forma de repreensão e correção pressupõe julgamento prévio de que há algo errado e esse erro deve ser apontado a fim de que se “eduque na justiça” e como Paulo continua no versículo seguinte: “para que o homem de Deus se torne perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra”. Se um homem se diz ou foi aclamado ser um homem de Deus, todos os seus erros, primeiramente dever ser julgados como sendo erros e serem avaliados e apontados a fim de que ele se torne “perfeitamente habilitado para toda boa obra”.

É por isso que Paulo com toda a propriedade afirma que o “homem espiritual confere coisas espirituais com coisas espirituais”; o sentido aqui de conferir é avaliar, colocar em oposição para ver se confere as duas coisas. É por isso que Lucas ao narrar que, quando Paulo pregava, os discípulos da cidade de Beréia foram tidos como sendo mais nobres, mais excelentes que os da cidade de Tessalônica pois eles conferiam o que Paulo pregava com aquilo que estava escrito na Escritura. Exerciam um julgamento. Lucas assim escreveu: “Ora, estes de Beréia eram mais nobres que os de Tessalônica; pois receberam a palavra com toda a avidez, examinando as Escrituras todos os dias para ver se as coisas eram, de fato, assim”. (Atos 17:11).

Por esse motivo, não há quem possa julgar um homem que esteja completamente submisso à Escritura e ao Espírito Santo que o orienta nessa submissão, pois esta é a sabedoria de Deus que ninguém pode revidar, ou subvertê-la. Assim, é desta forma que Paulo afirma com toda a propriedade: “Porém o homem espiritual julga todas as coisas, mas ele mesmo não é julgado por ninguém. (I Coríntios 2.15). Desta forma se o homem espiritual estiver expondo a razão de seu julgamento com base na Escritura e esta não pode falhar, por conseqüência o julgamento do homem espiritual, nesse sentido é infalível. A falha no julgamento acontecerá, se e somente se, a base escriturística do julgador tiver sido analisada por ele de forma errada. Isso é possível. Nem por isso, a Bíblia ou Jesus Cristo, pois suas palavras são um todo, unificados, nos proibiu de exercer julgamento, mas ensina quem pode fazê-lo e como fazê-lo.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Graça e responsabilidade



Este é, com certeza, um dos assuntos mais polêmicos que encontramos na Escritura. Já na igreja em seu percalço desta polêmica surge a controvérsia entre Agostinho e Pelágio. Pelágio, no entanto não defendia a questão da responsabilidade humana no tocante à salvação em seu sentido estrito do termo, mas tratava da liberdade humana, sua livre escolha, daí sobressaindo sua responsabilidade por sua liberdade no tocante à sua salvação. Falamos aqui do que Pelágio dizia que o homem tinha o livre arbítrio para escolher ser salvo, e do que Agostinho defendia que a salvação é um produto da graça divina.

A questão é que há uma forte confusão do que vem a ser livre arbítrio. Esse não significa ter liberdade de escolha. A forma de entendimento é que o livre arbítrio é “poder escolher não pecar”. Tendo em mente esta definição somente duas pessoas tiveram livre arbítrio, Adão e Eva. Eles tinham esta escolha, quanto a nós:
Isaías 64:6 Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo da imundícia; todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniqüidades, como um vento, nos arrebatam.
Salmos 51:5 Eu nasci na iniqüidade, e em pecado me concebeu minha mãe.

A Escritura é contundente neste assunto. Pelágio fez uso de alguns textos da Escritura defendendo sua posição, soma-se a isso a não aceitação de que o homem fosse, e é, completamente incapaz de produzir algo tão sublime quanto sua decisão para ser salvo. Mas a Palavra nos mostra também que o homem não pode produzir tal justiça a ponto de alcançar sua salvação, isso seria o mesmo que afirmar a salvação pelas obras. Mas este não é o foco do presente texto. Estamos aqui para falar daqueles que acreditam na salvação pela exclusiva graça do Senhor Jesus Cristo e não pelas nossas obras (Efésios 2.8-9), mas contrariamente a isso não se afincam na obra do Senhor, por que já estão salvos pela graça de Cristo, independente do quanto se esmerem em Sua obra.

A mente do cristão reformado, ou pelo menos daqueles que têm uma predileção pela teologia reformada se dispõe a estar descansando na graça e eximindo-se de suas responsabilidades no Reino de Deus. Tal cristão de fato não entendeu ainda a profundidade da relação entre graça e obras. Se de fato tivessem entendido tal relação, o seu esmero na obra do Senhor seria tido como algo exemplar, seria tido como algo do qual o crente não tem opção de escolha a não ser refugiar-se e ocupar-se totalmente, em todos os momentos de sua vida da obra que o Senhor lhes designou, independente de qual seja sua profissão.

Quando falamos do texto de Efésios 2.8-9, vemos claramente que a salvação é pela graça e não pelas obras. Isso não quer, de forma alguma, dizer que o cristão não tenha de realizar obras, pelo contrário. As suas obras são uma completa evidência de que o homem foi salvo, não que será salvo por elas. Tiago ao falar que a “...a fé, se não tiver obras, por si só está morta...” (Tiago 2.17) está falando exatamente disso. E ele complementa essa idéia no versículo 22 “...com efeito, foi pelas obras que a fé se consumou...”. Dito de outra maneira, as obras são produto da fé.

A responsabilidade cristã, no que diz respeito às obras, é um testemunho para o mundo de que aquele indivíduo foi salvo. Mas o descaso do crente, dito reformado, com respeito à sua relação com a obra do Senhor mostra algo terrivelmente o contrário daquilo que se espera. Se as obras são fruto de uma vida salva, e elas não são evidentes na vida de um dito crente, a dedução lógica disso é que: esta pessoa ainda não teve a salvação efetivada em sua vida, ou que ainda não entendeu o seu papel na obra do Senhor e a pior das hipóteses é que a salvação para aquela pessoa não está nos planos de Deus.

Quanto aos cristãos definitivamente salvos e que não expressam a graça salvadora em suas obras é dito sobre eles que estão abafando a ação do Espírito em suas vidas, no que concerne aos efeitos esperados pela salvação neles operada. Esta é uma forma de entristecer o Espírito Santo que neles habita. O que acaba sendo uma forma de pecado, a omissão de contribuir com o que se deve para a obra do Senhor. Mas se espera deles que reconheçam sua condição de pecado e de bom grado se tornem crentes atuantes de fato, não de banco. “E não entristeçais o Espírito de Deus, no qual fostes selados para o dia da redenção” (Efésios 4.30)

'Mas se a graça do Senhor é completamente responsável pela minha salvação, por que então terei de ter obras?’ É essa exatamente a questão. A Bíblia aponta a graça da salvação sendo de forma exclusiva da parte de Deus, nem por isso tira do homem sua responsabilidade no tocante a execução da obra do Senhor aqui na terra, para que esta graça se torne evidente na vida de muitos, e para alcançar a outros.

Continuação Línguas, profecias, revelações.

Aguardem a continuação do texto: Línguas, profecias, revelações. Vou publicá-las à medida que forem sendo produzidas. Abraços a todos.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Línguas, profecias, revelações – PARTE I



Abertamente, Deus usou alguns meios desde o início da constituição de um povo seu. Cada um desses meios tiveram um propósito desde quando o Senhor iniciou a revelar sua palavra por meio do primeiro dos profetas que a escreveu, Moisés. A divergência entre pentecostais juntamente com neopentecostais e os cristãos de orientação reformada é clara no que concerne a este assunto. A questão é: quem está com a razão? Estariam os pentecostais e neopentecostais com a razão de afirmarem que todos os dons são atuais e têm um propósito na igreja do Senhor hoje? Ou estariam os reformados certos afirmando que não, que apenas alguns destes estão em vigor hoje? De antemão já afirmo a resposta que não! Nenhum dos dois grupos tem a razão. Tomo por base a afirmativa de que o “supremo juiz para toda controvérsia, não é outro senão o Espírito Santo falando através da Escritura”.
Neste estudo prevalecerá o conceito de infalibilidade da Escritura e somente dela. Não serão levados em consideração experiências pessoais que por si mesmas já afirmam uma subjetividade. Se você teve uma experiência relativa a dons, nos quais nos deteremos em maior parte acerca das línguas, profecia e revelações; não estamos aqui para julgá-lo, apenas para afirmar o que está exposto e disposto na Escritura e somente nela.

Tomando como início a palavra de Paulo no que concerne aos dons de forma em geral, se atuais ou não, eles têm um propósito e duração definidos. Paulo afirma em I Coríntios que os dons têm uma finalidade específica e que esta finalidade teria de ter algum proveito por parte da igreja, assim ele diz: “A manifestação do Espírito é concedida a cada um visando a um fim proveitoso” (I Coríntios 12.7). Em outras palavras nenhum dom concedido pelo Espírito Santo pode ser perdido em seu propósito, ele, pelo contrário tem de ser aproveitado de alguma forma para a igreja como um todo. Em Efésios Paulo adverte que os dons (aqui ele faz um resumo deles) são para a edificação da igreja: “com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo” (Efésios 4.12).

Os dons relacionados no título são todos dons em que seus possuidores teriam de usar a fala, a língua (parte do corpo e não línguas conforme dom) para comunicar aquilo que fosse da vontade de Deus. Eles tinham a incumbência de edificar a igreja por meio da fala. Quando estes dons eram usados, toda a igreja era edificada por meio da palavra pregada. Palavra esta que era revelada por Deus para ser transmitida ao seu povo, sua nação santa.

A primeira coisa que precisamos saber diferenciar é entre ofício e dom. Há uma clara confusão entre estes dois meios que Deus usou para revelar sua vontade a seu povo. O autor de Hebreus, logo no primeiro versículo do livro afirma: “Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas,” (Hebreus 1.1). O autor está colocando uma diferenciação do meio pelo qual Deus revelou sua vontade entre o Antigo Testamento, AT e o Novo Testamento, NT, mesmo não afirmando qual é essa diferença. Mas ele confirma isso no segundo versículo: “nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo” (Hebreus 1.2). Ele afirma que há uma diferença, mas não diz qual é na sua essência. Afirma sim, que antes a revelação vinha por meio dos profetas e agora, no NT, por meio de Jesus Cristo, ou seja, o meio pelo qual vinha a revelação mudou.

A palavra “ofício” que é justamente a que queremos diferenciá-la de “dom” ocorre seis vezes em toda a Bíblia na tradução RA de João Ferreira de Almeida. Das quais quatro vezes se referem a serviços prestados na casa do Senhor, sendo três delas relativas ao serviço sacerdotal e uma vez ao serviço levita, ou seja, eram encargos que haviam sido definidos pelo próprio Deus (Êxodo 31.10, 38.21). As outras duas vezes ocorrem no NT referindo-se a profissão.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Comentários à pregação “A hipocrisia da espiritualidade”. Irmão Lázaro.

Resolvi ouvir a pregação tendo decidido que absorveria para mim aquilo que fosse estritamente bíblico, da mesma forma como faço inclusive nas preparações de meus sermões, ou seja absorvendo para mim primeiro para depois então levar a mensagem. A questão é que hoje muitas coisas são ditas como sendo a Palavra de Deus, mas de Deus mesmo há uma enorme distância de sua Palavra. As críticas a seguir são de toda forma uma desconstrução, mas não para permanecer no chão, mas para quando se fizer novamente se faça com mais cuidado, mais zelo com algo que é essencialmente e estritamente necessário para a salvação, a pregação fiel da Palavra de Deus. E isso ficará evidente ao final de meus comentários. Certamente também não excluirei toda a pregação, trarei seus pontos positivos.
• “A hipocrisia da espiritualidade”. Não sei se quem colocou o título da pregação foi o seu próprio autor, ou quem a postou. Mas há algo largamente equivocado neste título.
o A espiritualidade de quem se refere?
o Hipocrisia da espiritualidade de quem ele se refere?
o Nem toda espiritualidade é hipócrita, e nem toda hipocrisia se refere à espiritualidade.
o Poderia se definir no título a que tipo de espiritualidade e a que hipocrisia se refere: como exemplo: A espiritualidade Hipócrita. Desta forma se definiria que a pregação não dizia respeito a qualquer espiritualidade como sendo ela hipócrita, mas referia-se somente à que de fato fosse hipócrita. Precisamos saber empregar os termos de forma correta.
• Ele começa a pregação com o texto de Jesus sobre o litígio entre irmãos (de mesma fé). Não faz uso do texto em seu contexto, destaca apenas o vs. 23 e 24. O contexto próximo e imediato é o de Mateus 5.21-26. Não obstante ele faz uma explicação do texto que é estranha ao texto. Ele diz que a oferta ali pode ser qualquer coisa que se queira oferecer a Deus de modo a querer agradá-lo, como se isso fosse possível. Não existe absolutamente nada em nossas vidas que faz com que nos tornemos aceitáveis diante de Deus. Como está escrito: Isaías 64:6 Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo da imundícia; Romanos 3:10 como está escrito: Não há justo, nem um sequer; ou seja: tudo aquilo que pensamos ser justo e agradável diante de Deus, certamente para Ele é repulsivo. Se ao menos o pregador tivesse dito que poderíamos fazer algo aceitável a Deus, mas pela exclusiva mediação de Cristo, isso sim teria certa relevância. Pois somos justificados diante de Deus não por causa de quem somos ou do que fizemos, mas por causa de Cristo e do que Ele fez. Romanos 5:1 Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo;

• Não obstante o fato de que Jesus estava alertando sobre o culto a Deus não poder ser feito com ódio pelo irmão, de certo ter-se-ia de procurá-lo, acertar as diferenças e então voltar e cultuar a Deus. É do que João fala em 1 João 2:9 Aquele que diz estar na luz e odeia a seu irmão, até agora, está nas trevas.

• Deste momento ele dá um salto para o texto do homem jogado pelo caminho e que passou o levita, o sacerdote e o samaritano. O contexto imediato dessa passagem é o de Lucas 10.25-37, e biblicamente não há ligações teológicas imediatas entre estes textos. Pois o primeiro texto fala de problema entre irmãos em Cristo, e o segundo não. Jesus conta esta parábola do bom samaritano por causa daquilo que um fariseu (intérprete da Lei) lhe interrogara. Vemos nesta parábola alguns personagens que foram destacados da vivência religiosa do fariseu: um sacerdote, um levita, um samaritano (povo a quem ele odiava porque desobedeceram a Deus no passado, eram também judeus - mestiços). Neste aspecto faltava um tipo de pessoa com o qual o fariseu estava acostumado: o fariseu mesmo. O homem caído pelo caminho se tratava de um judeu, provavelmente a figura do fariseu que faltava para completar ali o quadro de religiosos descrito por Jesus. Além do mais, este homem que foi assaltado ele descia de Jerusalém para Jericó. Jerusalém era onde estava o templo, Jericó tinha uma Sinagoga para onde frequentemente os próprios fariseus e escribas desciam para lá ensinar. O pregador não levou em consideração estas questões e disse que aquele que estava a beira do caminho poderia ser qualquer um. Se fosse qualquer um a mensagem de Cristo não teria um impacto tão grande na vida daquele fariseu que interrogou a Jesus, ao ouvir na parábola que um samaritano salvou um fariseu, sendo que este os desprezavam veementemente. Além disso há outras versões da Bíblia que trazem em sua tradução que este homem que foi assaltado era um judeu.

• Há vários exageros na pregação que não estão no texto, o que definitivamente quer causar um impacto maior do que aquilo que está simplesmente escrito. Como que se o que está escrito na Palavra não fosse o suficiente. Como exemplo cito o fato dele afirmar durante a parte em que ele fala acerca da parábola do samaritano que “Jesus fala com ele... volte.. reconcilie, depois traga tua oferta” tentando estabelecer uma relação entre as duas passagens. ( a do litígio entre irmãos e a do bom samaritano).

• Ele afirmou: “para a igreja evangélica irmão é quem senta do nosso lado na igreja... mas para Jesus é qualquer um”. Esta é uma afirmação notadamente aberrante com relação à Palavra de Deus. Só pode ser considerado irmão, quem é nascido de novo, quem é de fato Filho de Deus por meio de Jesus Cristo, os outros são apenas criaturas. Por isso Cristo mandou: “pregai o evangelho a toda criatura” por isso Paulo afirma: Gálatas 3:26 Pois todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus; e João compartilha com ele: João 1:12 Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome; aos que ainda não receberam a Cristo, jamais em tempo algum podem ser chamados de irmãos, pois não são filhos de um mesmo Pai.

• Ele aplica como sendo os samaritanos aquelas pessoas da religião que você acha que não será salva, da religião que você despreza. Figuradamente o que ele diz pode ser aplicado até uma certa medida uma vez que possa ainda haver escolhidos do Senhor a serem descobertos nestas religiões. Mas a religião que não ensina que o homem é pecador e que Cristo veio para ser Senhor de nossas vidas livrando-nos do poder do pecado e consequemente da morte eterna, não ensina a salvação, isso é óbvio. Portanto seus membros não podem ser salvos. Definitivamente há uma única condição para ser salvo: Romanos 10.9 “Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo”. A questão é, quem não ouve a pregação da palavra de Cristo não terá a fé necessária para confessá-lo como Senhor. Romanos 10:17 E, assim, a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo. Não há qualquer possibilidade de que membros de determinada religião que não professem a Cristo como se deve, receberem salvação. E receber a Cristo como Senhor implica necessariamente em obedecê-lo Lucas 6:46 Por que me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o que vos mando? Um desses mandamentos é que os irmãos vivam em união, congregados no mesmo lugar, com a finalidade de adorarem a Deus em conjunto, e em conjunto ouvirem o Noivo, (Cristo) falando à sua noiva (a igreja). (Salmos 133:1; Hebreus 10:25; Mateus 12:30; etc.)

Bem, cheguei a ouvir toda a pregação. Mas comentei apenas os 5 primeiros minutos dela de forma detalhada, que é um total de 21. De certo, o comentário do restante da pregação seguiria no mesmo ritmo que esta parte inicial mas vou continuar em linhas gerais devido ao tempo necessário para a análise. Caso haja qualquer dúvida pormenorizada não tema em perguntar. A questão não é que o irmão Lázaro não seja salvo, nem mesmo não tenha uma sincera vontade de buscar e adorar a Deus. O que ele precisa é buscar um conhecimento maior da Palavra, pois seu conhecimento ainda é infante e isso não é pecado (lembrei-me de Apolo – Atos 18.24-26). Pecado será se ele continuar a não se esmerar no conhecimento da Palavra para então levar ao público, pois isso é uma grande responsabilidade diante de Deus e será julgado por isso. Mateus 5:19 Aquele, pois, que violar um destes mandamentos, posto que dos menores, e assim ensinar aos homens, será considerado mínimo no reino dos céus.

Apesar de não comentar o restante da pregação de forma detalhada, quero trazer a baila apenas uma afirmativa que ele fez. Ele teve uma visão e nesta visão ele estava assentado no colo de Deus. Sobre isso não era nem um pouco necessário a visão, a visão em si mesma é um desperdício. 1.Pois na dita visão ele afirma que Deus falou com ele que nunca o abandonaria. Ora isso já estava escrito na Bíblia em vários lugares, não era necessário uma visão para revelar algo já conhecido por qualquer motivo que seja(Hebreus 13:5; Mateus 28:20; Romanos 8.34-39). 2. Pelo que a Bíblia nos afirma, e pelo que ele afirmou ver, prefiro ficar com a Bíblia: I Timóteo 6.16; 1 João 4:12 Ninguém jamais viu a Deus; João 1:18, etc.

Costumo afirmar que a maior porta de heresias que entram na igreja é por meio da música. As músicas entram nas igrejas e são cantadas sem o menor escrúpulo de terem sido avaliadas segundo o ensino bíblico. Mas para a maioria das pessoas que não têm conhecimento mais profundo da palavra estas coisas passam desapercebidas e terminam por virarem interpretações de textos bíblicos e por fim teologia. Novamente volto a enfatizar. Não descarto a sinceridade dessas pessoas em buscarem a Deus, só que sinceridade e o ardor pela e na pregação bem como o amor aos perdidos não produz um entendimento e uma exposição correta da Palavra.

Certamente não podemos descartar toda a pregação. Há determinados aspectos que de fato são bíblicos, mas com isso não quero dizer que têm haver com o texto que ele suscitou em questão. Como exemplo, cito o fato dito de que a mensagem do evangelho ensina que quando Deus abençoa não se resume às coisas materiais, nisso tem toda razão. Também estou de acordo com o fato de que querer a volta de Jesus e ansiar pelo prazer de sua presença começa aqui nesta terra. Pois se aqui não tivermos esse prazer, o que faremos no paraíso se aqui não gozamos do seu reino?

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Porfia, dissenção, discórdia.

Na igreja de Corinto nos tempos em que Paulo escreveu suas cartas a ela, era uma igreja que demonstrava grande espiritualidade (assim se julgava), por causa da manifestação dos dons espirituais. Todavia, a carta que Paulo envia para aquela igreja é uma carta com tom exaustivamente de exortação. A igreja pensava estar com um status que agradava a Deus, mas Paulo acusa claramente: “Eu, porém, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, e sim como a carnais, como a crianças em Cristo. Leite vos dei a beber, não vos dei alimento sólido; porque ainda não podíeis suportá-lo. Nem ainda agora podeis, porque ainda sois carnais. Porquanto, havendo entre vós ciúmes e contendas, não é assim que sois carnais e andais segundo o homem?” (1 Coríntios 3:1-3).
Dentre vários pecados cometidos dentro da igreja, pela igreja e pelos membros da igreja, Paulo destaca os três pecados usados no título do texto, como sendo pecados cometidos, por membros da igreja. “Rogo-vos, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que faleis todos a mesma coisa e que não haja entre vós divisões; antes, sejais inteiramente unidos, na mesma disposição mental e no mesmo parecer. Pois a vosso respeito, meus irmãos, fui informado, pelos da casa de Cloe, de que há contendas entre vós. ” (I Co 1.10-11). Aqui são descritos dois erros da igreja, um como conseqüência do outro.
A falta de ter a mesma disposição mental é a que traduz a discórdia, ou seja, não concordam um com o outro na forma de pensar, e no parecer. A unidade de pensamento ali está fragmentada. Por causa disso, contendas (brigas) surgiram dentro da igreja. Não é à toa que Paulo revela que este mesmo problema aparecia até mesmo na em que os irmãos daquela igreja compareciam para a ceia. Neste momento algo terrível podia ser visto. “Porque, ao comerdes, cada um toma, antecipadamente, a sua própria ceia;” (1 Coríntios 11:21). A ceia que deveria demonstrar a unidade do corpo de Cristo era desmantelada em sua própria celebração.
O outro pecado cometido pela igreja era a porfia. A porfia é uma disputa. Aqui os pentecostais entendem disputa no sentido de competição esportiva, o que é um erro grotesco. Estamos tendo um exemplo extremamente atual de porfia pela igreja que mais defende esta interpretação de disputa esportiva, bem como a atualidade dos dons. A comemoração do centenário da determinada igreja se tornou motivo de disputa, e o pior, tem sido veiculado nos grandes meios de comunicação esta porfia evangélica. Um retrato atual da igreja de Corinto.
Era também o que acontecia em Corinto. Havia uma disputa, interna na igreja, dentre outras, sobre quem teria o melhor mestre: “Refiro-me ao fato de cada um de vós dizer: “Eu sou de Paulo, e eu, de Apolo, e eu, de Cefas, e eu, de Cristo. Acaso, Cristo está dividido? Foi Paulo crucificado em favor de vós ou fostes, porventura, batizados em nome de Paulo?” Obviamente observamos que a dissensão é sinônima de porfia. Por causa de suas diferenças de pensamento, as disputas dentro da igreja aconteceram.
O texto de Gálatas 5.20 que mostra um dos pecados como sendo a porfia claramente não aponta para algo relacionado à entretenimento sadio, e que pode ser realizado sem que se cometa pecado. Mas esta porfia aqui citada tem o mesmo sentido de quando Paulo escreveu aos Filipenses em 1:15: “Alguns, efetivamente, proclamam a Cristo por inveja e porfia; outros, porém, o fazem de boa vontade;”. Paulo mostra as formas com que o evangelho estava sendo pregado, uns pregavam por inveja, outros pregavam com o intuito de disputar os crentes para serem seus ouvintes.
Diante disso, Paulo disse que isso para ele não importava, uma vez que o nome de Cristo fosse pregado, fosse sinceramente, fosse por disputa (porfia).

Manifesto Cristão - Texto escrito pelo irmão Victor Silva

A maior parte do cristianismo evangélico hoje é fundamentado em clichês. A maior parte do nosso cristianismo vem de músicos que se dizem cristãos, e não da bíblia. A maior parte do que os evangélicos acreditam é ditado pela cultura secular e não pela escritura.

Poucos são os que encontram a porta estreita. Consequentemente, as ideias mais populares possivelmente não são os conceitos mais próximos da verdade bíblica. Nos dias de hoje, desconfie de qualquer “Best-seller”. Desconfie de qualquer um que for sucesso ou um furacão de vendas, simplesmente porque a genuína verdade cristã jamais foi e nunca será “digerida” pelas massas. A maior prova disso, é que mataram o seu autor. Se caiu no gosto da maioria é falso. Lembre-se, Jesus se referiu aos seus verdadeiros seguidores como “pequenino rebanho”.

A apostasia que a Bíblia nos advertiu que seria evidente nos últimos dias já está em pleno andamento. Somente aqueles que se mantiverem firmes a Palavra de Deus serão protegidos e salvos. Este remanescente de crentes fiéis será visto como pessoas antiquadas e de mentalidade fechada.

A natureza da salvação de Cristo é deploravelmente deturpada pelo evangelista moderno. Eles anunciam um Salvador do inferno ao invés de um Salvador do pecado. E é por isso que muitos são fatalmente enganados, pois há multidões que desejam escapar do Lago de fogo, mas que não têm nenhum desejo de ficarem livres de sua pecaminosidade e mundanismo. Sem santificação ninguém verá o Senhor.

Os Evangélicos modernos procuram encher suas igrejas de analfabetos bíblicos, convencendo-os que eles irão para o céu, simplesmente porque levantaram a mão e fizeram uma oração, como sinal de aceitação de Jesus como Salvador, e que Ele vai lhes dar o sucesso familiar, social e financeiro, se tiverem um nível de moralidade considerável e forem dizimistas fiéis; o que se constitui propaganda enganosa.

Muitos dizem não ter vergonha do evangelho, mas são uma vergonha para ele. A primeira geração de cristãos pós-modernos já está aí. São crentes que pouco ou nada sabem da Palavra de Deus e demonstram pouco ou nenhum interesse em conhecê-la. Cultivam uma espiritualidade egocêntrica, com nenhuma consciência missionária. Consideram tudo no mundo muito “normal” e não vêem nenhuma relevância na cruz de Cristo. Acham que a radicalidade da fé bíblica é uma forma de fanatismo religioso impróprio e não demonstram nenhuma preocupação em lutar pelo que crêem.

Você sabia que 80 á 90% das pessoas que “aceitam a Cristo” em trabalhos evangelísticos se “desviam” depois? O motivo de tudo isso tem sido esse evangelho centrado no homem que é pregado nos púlpitos, nas TVs e nas casas, onde o bem-estar e a prosperidade tem se tornado “mais valiosos” que o próprio sangue de Cristo. A graça já não basta mais (apesar dos louvores e acharmos Cristo tão meigo). O que nós realmente queremos é “o segredo” para sermos bem-sucedidos. Desejamos “uma vida com propósitos” para taparmos com peneira o vazio que sentimos. O Vazio de um espírito morto que somente Deus pode ressuscitar. Queremos “o melhor de Deus para nós” nesta vida, no lugar de tomarmos a nossa cruz e de negarmos a nós mesmos. Queremos conhecer “as leis da prosperidade” mais do que o Espírito de Santidade; e, para nos justificarmos, tentamos ser pessoas auto-motivadas e de alta performance, antes de sermos cristãos cuja alegria está em primeiro lugar Nele; e santos bem aceitos pelo mundo a despeito das Palavras de Jesus contrariar esse posicionamento.

A falha do evangelismo atual reside na sua abordagem humanista. Esse evangelho é francamente fascinado com o grande, barulhento, e agressivo mundo com seus grandes nomes, o seu culto a celebridade, a sua riqueza e sua pompa berrante. Para os milhões de pessoas que estão sempre, ano após ano, desejando a glória mundana, mas nunca conseguiram atingi-la, o moderno evangelho oferece rápido e fácil atalho para o desejo de seus corações. Paz de espírito, felicidade, prosperidade, aceitação social, publicidade, sucesso nos negócios, tudo isso na terra e finalmente, o céu. Se Jesus tivesse pregado a mesma mensagem que os ministros de hoje pregam, ele nunca teria sido crucificado.

Hoje temos o espantoso espetáculo de milhões a ser derramado na tarefa de proporcionar irreligioso entretenimento terreno aos chamados filhos do céu. Entretenimento religioso é, em muitos lugares rápido meio de se esvaziar as sérias coisas de Deus. Muitas igrejas nestes dias tornaram-se pouco mais do que pobres teatros de quinta categoria onde se "produz" e mercadeja falsos “espetáculos” com a plena aprovação dos líderes evangélicos, que podem até mesmo citar um texto sagrado fora de contexto em defesa de suas delinqüências. E dificilmente um homem se atreve a levantar a voz contra isso.

A maioria dos crentes não acredita que a Bíblia diz o que está escrito: acreditam que ela diz o que eles querem ouvir. Contornar a Palavra de Deus e chamar os nossos desejos de direção divina, só leva à multiplicação do pecado. Há muitos vagabundos religiosos no mundo que não querem estar amarrados a coisa alguma. Eles transformaram a graça de Deus em libertinagem pessoal e muitas vezes coletiva. Se você crê somente no que gosta do evangelho e rejeita o que não gosta, não é no evangelho que você crê, mas, sim, em você mesmo.

Ai de vocês que pregam seu falso evangelho, transformam a casa de Deus em comércio. Vendem seus CDs, vendem seus falsos milagres, vendem suas falsas unções, vendem falsas promessas de prosperidade, enquanto na verdade só vocês têm prosperado. Como escaparão do juízo que há de vir?



"Ao ouvirem isso, muitos dos seus discípulos disseram: "Dura é essa palavra. Quem consegue ouvi-la?" Desde então muitos dos seus discípulos tornaram para trás, e já não andavam com ele. E dizia: Por isso eu vos disse que ninguém pode vir a mim, se por meu Pai não lhe for concedido." Joã 6:60;66-65

- Conteúdo adaptado a partir de algumas ideias e textos de diversos autores Cristãos.

CRENTE DESVIADO?

“Fulano desviou da igreja, tá no mundão. Ciclano deixou de ser evangélico, agora é...” Estas duas frases demonstram uma única realidade. A primeira delas tem nas entrelinhas o entendimento de que o Fulano perdeu a salvação. A segunda delas aponta para uma falsa idéia de que o Ciclano está melhor do que se estivesse no mundo, diriam: pelo menos está lá. Vamos conversar sobre estas duas idéias.
Quando temos que a salvação depende, de alguma maneira, também do homem, mesmo que em pequena proporção, quando esse cai em pecado, deixa de freqüentar a igreja e passa a ter o mesmo comportamento anterior à sua conversão, costuma-se afirmar que ele está desviado. Desviado como? Desviado de que? O que significa esta palavra, desviado?
A palavra desviado neste assunto pode assumir diversos significados. Conquanto a maioria deles não pode apontar para a realidade que só pode assumir duas posições. Mas, ao contrário do que exclusivamente ela pode significar, a maioria pensa que esta palavra tende a mostrar que o Fulano era um crente fervoroso e por motivos diversos, caiu em pecado, e, portanto perdeu sua salvação. Isso é completamente contrário ao que as Escrituras ensinam. A escritura ensina que a obra de salvação pertence exclusivamente a Deus (veja texto no blog – O tempo de Deus). E se esta obra é exclusiva Dele; e se Deus não falha; logo sua obra de salvação também não pode falhar. A salvação pertence a Deus, é uma obra de Deus e é aplicada na vida dos seus. Não é a obra de salvação do Fulano, é a salvação que o Fulano recebeu de Deus.
Mas foi dito anteriormente que a palavra “desviado” só poderia assumir de fato duas posições reais de significado nesta situação, e são elas:
1. Fulano de fato nunca foi crente; portanto não poderia ter perdido algo que nunca teve, a salvação.
2. Fulano é crente, mas está afastado do convívio com o Senhor. Neste caso o fulano é salvo, mas está em tempo de fraqueza e no tempo de Deus ele será restaurado. (Filipenses 1.6)
De fato, há textos que aparentemente reivindicam a perda da salvação. Vamos a um deles. Hebreus 6.4-6 “É impossível, pois, que aqueles que uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se tornaram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus e os poderes do mundo vindouro, e caíram, sim, é impossível outra vez renová-los para arrependimento, visto que, de novo, estão crucificando para si mesmos o Filho de Deus e expondo-o à ignomínia.”
Este texto foi motivo de a igreja, nos seus primórdios, ter se dividido com respeito à autenticidade desta epístola. Os novacianos encontraram neste texto uma base para negar o perdão para os que caíssem em pecado. Desta feita, os pais ocidentais preferiram negar a inspiração da carta, pois os novacianos eram seus inimigos. Mas a intenção do apóstolo ao escrever tal texto não visava admitir que não há perdão para os pecadores. Se assim o fosse, quem seria salvo; uma vez que estamos sempre com o pecado à porta e também caímos, uns mais e outros menos?
Ora que quer dizer o apóstolo com “renová-los para arrependimento”? Esta é um das questões. Esta resposta não pode ser outra a não ser aquele arrependimento para o batismo e totalmente ligado a ele, conforme a resposta de Pedro aos seus interrogadores após sua pregação no evento de Pentecostes: “arrependei-vos e cada um de vós seja batizado”. Este arrependimento não se pode repetir é único! Não obstante João nos lembra que: “Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai” (I João 2.1).
O apóstolo, em Hebreus, com tais palavras de exortação leva em tom de ameaça o quão importante é que sirvamos ao Senhor com toda piedade, fugindo sempre do pecado, não dando margem a ele, nem mesmo facilitando as coisas e fatos transcorridos no nosso dia a dia para que ele aconteça.
Por outro lado quando evidenciamos o termo “caíram”, o apóstolo não está falando do ato de pecado que um crente possa vir a cometer e por isso ser perdoado por Deus. Aqui ele se refere a uma total rejeição da salvação que lhe foi oferecida pelo Senhorio de Cristo. Aqui se fala de uma completa aversão e rejeição à mensagem do evangelho.
Com o fato de terem uma vez sido iluminados com faíscas de luz, provaram uma pouca medida da benevolência divina, ou que até mesmo a Palavra de Deus tendo provocado um senso de moralidade mais aguçado do que em outros, não em comparação aos crentes de fato, não significa que estas pessoas de fato eram salvas. A salvação realizada por Deus é eficaz: “Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou (Romanos 8.29-30). É o que João afirma: “Eles saíram de nosso meio; entretanto, não eram dos nossos; porque, se tivessem sido dos nossos, teriam permanecido conosco” (1 João 2:19).
Quero evocar o mesmo texto de João citado logo acima para falar daqueles que aderiram a outro sistema de crença. Na verdade eles não são em nada diferentes destes que rejeitaram a fé como referenciados acima. Na verdade a sua religiosidade é que impera pedindo a eles que adotem um sistema de fé qualquer, não importa qual, desde que fale de Deus.
A religião para esses não se trata da verdade revelada na Palavra de Deus, crida e adotada como regra de fé e prática, mas a religião para esses é o sistema de crenças que mais se adapta às suas necessidades imediatas independente do que está escrito.
Para estes cabe o que também Pedro falou no mesmo sentido do texto de Hebreus que esclarecemos, disse Pedro: “Com eles aconteceu o que diz certo adágio verdadeiro: O cão voltou ao seu próprio vômito; e: A porca lavada voltou a revolver-se no lamaçal” (2 Pedro 2:22).

O TEMPO DE DEUS

O salmista (90.4) afirma que mil anos para o Senhor são como o dia de ontem que se foi. Pedro (2Pe 3.8) buscando esse conhecimento do salmista também afirmou que mil anos para Deus é como se fossem um dia. Obviamente não podemos aplicar a isso um rigor matemático, apenas demonstra o aspecto eterno na Trindade. O tempo, o relógio para cada uma das pessoas da Trindade não trás implicações à sua essência, ou a sua experiência, ou a sua idade. O tempo trás implicações para nós que somos seres limitados ao relógio da vida. Crescemos física e mentalmente, envelhecemos fisicamente, amadurecemos espiritual e mentalmente (é o ideal).

Por causa de nossa limitação, tendemos a julgar e querer todas as coisas de acordo com o nosso padrão de medida, o relógio. Queremos que as coisas que pedimos a Deus sejam realizadas em nosso tempo. Visto também que a brevidade da vida quando nos é evidente, e percebemos que para morrermos basta estarmos vivos, aí sim é que nos ansiamos mais e tendemos a querer apressar as coisas, como se isso fosse possível diante dos eternos decretos de Deus (Salmos 139.16).

Até mesmo no nosso trabalho temporal na obra do Senhor nosso impulso é querer que as coisas andem de acordo com o tempo que temos previsto para que elas aconteçam. A conversão das pessoas é algo que interessa muito mais a Deus do que a nós mesmos. Mesmo que nosso desejo para que isso aconteça seja intenso, contudo, ainda assim estará manchado pelo pecado (Isaías 64.6), e com certeza com o íntimo, secreto e inconsciente desejo de mostrar aos outros o quão eficiente (não é o mesmo que eficaz) nós somos na obra do Senhor.

Não se enquadra aqui aquela vontade tão impertinente que temos de convencer as pessoas do pecado e do juízo de Deus para que elas aceitem a Cristo como Senhor e Salvador, e tanto fazemos até a pessoa ser vencida pelo cansaço, ou convencida pela lógica que usamos. Não estamos falando de crentes convencidos, estamos falando de crentes convertidos de fato, na vida dos quais a obra da conversão é realizada inteiramente por Deus, pela Trindade, cada pessoa com o seu papel, sendo o do Espírito Santo o convencimento do pecado, da justiça e do juízo (João 16.8); lembrando que Ele já veio definitivamente para habitar no coração do povo de Deus em Pentecostes.

A presunção está tão presente no próprio coração dos crentes que muitos, mas muitos têm a ousadia até de afirmar que “ganharam almas prá Jesus”. Se eles ganharam almas prá Jesus, onde está o papel indiscutível da palavra de Deus nesse processo? (Romanos 10.17). Onde está a aplicação da graça salvadora do Senhor Jesus Cristo? (Efésios 2.8). Onde está o trabalho do Espírito Santo do convencimento do pecado? (João 16.8). Onde estão os eternos decretos de Deus? (Efésios 1.4-6). Ainda assim a arrogância é desmedida no seio da igreja. Parece que os crentes estão querendo ser salvos à medida que “ganham almas”; parece que os crentes se acham mais espirituais do que outros à medida das “almas ganhas”.

O tempo da conversão também não é no nosso tempo. Muitos pastores acham pertinente afirmar que têm em suas igrejas um “culto evangelístico” em determinado dia e hora. Mas quem é que determina o tempo da conversão de cada um? Somos nós, ou isso também é obra do Senhor? Será que temos a agenda divina à nossa disposição para vislumbrarmos o dia e hora programados para salvar este ou aquele moribundo(1) em seus pecados? Não afirmo com isso que não devamos ter tais reuniões, ou pregações, por que em todas elas devem apontar para Cristo. Conquanto o culto solene de domingo não pode ter pretensões evangelísticas, uma vez que o culto dominical solene, é o culto onde a noiva (igreja), vai para ouvir o seu noivo (Jesus Cristo). Caso o texto bíblico permita uma aplicação para a vida do infiel, esta, obviamente não poderá deixar de ser feita.

Não obstante, nós não temos o direito, já que Deus é quem faz a obra, de relaxarmos em nosso papel. Como vimos, o meio pelo qual a Trindade age e aplica a salvação na vida de uma pessoa é exclusivamente pela pregação da Palavra. Não devemos nos omitir. Como Paulo exorta: “Como, porém, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem nada ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue?” (Romanos 10:14).

Passo aqui a descrever um momento delicioso!
Dona Julieta, 81 aninhos de idade, vinha participando dos cultos no ponto de pregação aqui em Baião, em um bairro chamado Cumbucão, desde o seu começo, ao longo de dez meses. Desde o início, conversamos pessoalmente com ela sobre o evangelho, alguns irmãos da igreja também conversaram com ela, mas ela não queria deixar sua “santinha” de lado. Contudo, religiosamente, participava de todas as reuniões. Mas ela permanecia resistente.

No último sábado, ao término da pregação, ela mesma chamou uma irmã de nossa igreja e perguntou sobre o que ela tinha ouvido, não naquele dia, mas em outro, quando um jovem de nossa igreja pregou lá e falou sobre idolatria. A irmã perguntou se ela cria que a Bíblia é a Palavra de Deus, ela então concordou que sim, que a Bíblia é a Palavra de Deus e também que aquilo que estivesse escrito lá, ela iria atender. Quando a irmã terminou de ler alguns textos chaves, dona Julieta se pronunciou: "Eu quero Jesus como Senhor da minha vida. Agora entendi que Maria não pode ser adorada e nenhum outro, só Deus". Ela esteve na igreja no Domingo e depois do culto oramos por sua vida.
Louvado Seja Deus, pois é no seu tempo, não no nosso. Quão miseráveis somos diante deste Deus Majestoso e Soberano!

(1) O uso da palavra moribundo é referente a qualquer pessoa que não tenha Cristo como Senhor de sua vida.