domingo, 28 de novembro de 2021

Pobre de Espírito

 Quero definir “pobre de espírito” mas não segundo o texto bíblico onde Jesus aponta para uma dependência total de Deus, o que biblicamente é; mas quero definir conforme as atuais circunstâncias e conjunturas políticas e sociais pelas quais passamos. 

Pobre de espírito é: 

• Todo aquele que não consegue ter uma auto-percepção em um contexto social

• Todo aquele que, não tendo uma auto-percepção, se deixa levar pela definição alheia

• Todo aquele que carece de que alguém lhe oriente nos princípios elementares de uma boa convivência 

• Todo aquele que se torna execrável perante o consenso do que vem a ser uma boa moral e do que seja o bom senso

• Todo aquele que se fecha em torno de si mesmo e de uma ideologia excludente daqueles que se opõem à sua ideologia

• Todo aquele que busca nos seus pares e em si mesmos a fonte que lhes dê direção para vida, sendo subjetivamente, e sendo redundante: egoísta e hedonista. 

• Todo aquele que faz uso de subterfúgios para ludibriar e manipular os que estão à sua volta para se sobressair, ou levar qualquer vantagem.

• Todo aquele que tendo de uma até todas essas características, prossegue firme em seu caminho crendo que ninguém percebe seu modo de agir e ser.

Em tais circunstâncias, jamais se poderia dizer desse tipo de pobre de espírito descrito acima que seja um bem aventurado; Mas, nesse caso, devemos afirmar que esses pobres de espírito, na verdade, são malditos.

sábado, 27 de novembro de 2021

Peregrino numa terra peregrina

 

Um hino antigo já dizia que “peregrinando, vou pelos montes e pelos vales, sempre na luz”. Salomão afirmando sobre a brevidade da vida, dizia tudo é vaidade. Somos peregrinos em uma terra estranha, estranha à nossa natureza transformada de escrava do pecado à uma natureza liberta em Cristo.

Somos peregrinos na vida daqueles aos quais amamos, como também eles são passageiros em nossas vidas. Estar vivo é, por um tempo, passageiro, somos peregrinos do tempo e no espaço. Tudo se passa no tempo e no espaço, alegrias, dores, tristezas, vitórias, derrotas, medo, exultação, tudo tem um tempo, também esta mistura de sentimentos é peregrina em nossas vidas.

E pelo que passamos, descobrimos que a vida é breve, que de fato somos peregrinos. O que mais incomoda, talvez seja o fato de sabermos que somos peregrinos e mesmo assim queremos construir um futuro. Futuro de quem? O nosso? Não sabemos o dia de amanhã, se aqui estaremos ou se daqui já teremos partido.

Mas também viver na impossibilidade do futuro é pessimismo. Regrar com uma dose de esperança, e outra de inteligência, mais um pouco de plano, não faz mal a ninguém e não usurpa o temido futuro, antes acende a luz de peregrinar um pouco melhor. 

Percebamos que os extremos desse ponto central são maléficos. Assentar, cruzar os braços e aguardar a morte chegar é tão inconseqüente quanto achar que a vida é um fim em si mesmo e que tudo o que nos resta no futuro a ser desvelado é apenas à vida presente, como se a morte fosse o fim de tudo. Isso é tão vazio, tão negro, tão triste, soa tão... ateu.

Vivamos sim de olho no futuro, trabalhando no presente, sabendo que peregrinamos até mesmo sobre uma terra que também é peregrina. Não falo do astro em sua órbita celestial, falo da condição de sua existência temporal. Tudo o que conhecemos da criação será renovado, em seu tempo, a forma como a conhecemos não existirá mais. Outrora o profeta enxergou além de sua peregrinação:  “Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe”. (Apocalipse 21:1)

 

Rev. Júlio Pinto

sexta-feira, 26 de novembro de 2021

UM ESTRANHO NO NINHO

 

        Um estranho no ninho faz menção a um clássico do cinema considerado um dos melhores filmes já produzidos. Ele conta sobre a estória de um prisioneiro que finge ser um doente mental para não trabalhar e é enviado a uma clínica especializada para doentes mentais onde lá promove uma rebelião.

Mas não é sobre o filme que estou a fim de falar, e sim acerca de uma das duas únicas opções que são perceptíveis no decorrer da vida onde realmente possamos nos sentir um estranho no ninho.  

Estar no mundo e viver como parte, sentir-se parte dele não é para todos. O mundo afinal não foi criado para os seres humanos? Sim, ele é a base para a cadeia de sobrevivência humana. Sem o ar, sem a terra, sem água, sem os animais e plantas a vida humana seria insustentável. Interessante perceber na história da criação que Deus criou primeiramente todo esse habitat que proporcionasse a vida e que essa sustentasse a vida.  

O fluxo humano na história sempre percorreu em duas direções apenas: ou pendia para o bem, ou pendia para o mal. A busca incessante da humanidade para sua sobrevivência já iniciava na dificuldade inerente à questão:  Quem define o bem e o mal? Correndo para sobreviver, o homem é obrigado a lidar com essa dualidade diariamente, e isso desde a mais tenra infância.

As culturas de todos os tempos, mundo afora, sempre tiveram de buscar essa definição em alguma coisa, ou em alguém. O argumento que definia se algo era do bem ou do mal deveria sempre passar pelo crivo da subjetividade de alguém com voz de comando.

Entretanto, a concordância acerca de uma definição baseada na subjetividade alheia sempre também precisou olhar a balança interna no próprio indivíduo comandado. Seria a concordância ou não dos liderados. E, nem sempre, a discordância pessoal tinha por fundamento a rebeldia, mas apenas o não entendimento dos motivos da definição do que era do bem, ou do que era do mal ser daquele modo.

Estar no mundo, para um cristão, significa estar a todo instante lutando consigo mesmo, a partir de duas fontes de pressão de origens diversas que chamam para si mesmas o direito de definir os conceitos de bem e mal.

Sendo o conceito de bem e mal algo subjetivo a cada homem, então temos que a moral é algo relativo. Sendo a moral relativa, como podemos argumentar acerca de um bem comum, ou afirmar de que possa existir um código moral que atenda à expectativa da humanidade em definir-se dentro desse conceito que percorre a existência entre o mal e o bem?

Não sendo Deus a fonte dessa definição espelhada na humanidade desde a sua origem, o que mais resta como fonte objetiva dessas duas definições? A resposta é bruta, tosca, pois sem um padrão de uma Perfeita Moral, Absoluta, a anarquia moral é o que sobra, pois ela se torna subjetiva e a partir de si mesmo o homem se torna seu próprio padrão moral.

O descrente não tem qualquer direito de pensar subjetivamente acerca do mal e julgar a Deus como sendo responsável pelo mal que aconteça no mundo. Não tem o direito de afirmar o que é bem, se esse bem não atende à necessidade alheia daquele que crê em Deus. Não tem o direito de argumentar sobre conceito moral, bem ou mal, se a fonte de suas convicções e definições são ele próprio.

O mundo só possui duas vertentes dessas definições: A primeira vertente se sobressai pela subjetividade, pela individualidade, pelo egocentrismo, pelo hedonismo, e para ser um pouco mais redundante se sobressai pela relatividade.    A segunda vertente é objetiva, e está no fato de Deus ter se revelado à humanidade um espelho de sua Perfeita e Absoluta Verdade Moral sintetizadas nos Dez Mandamentos.

Para o descrente não existem controvérsias em se viver num mundo plural, num mundo relativo, num mundo cada vez mais decadente que se apóia no próprio homem com sua definição moral mutante indo direto para fundo se tornando na própria escória que um dia ele mesmo condenou no passado. Esse homem se sente dono do ninho e quer a todo custo forçar, literalmente, que todos pensem como ele.

Por esse motivo, viver num mundo onde a verdade e a moral têm sido cada vez mais relativizadas é que devemos continuar a viver no mundo, mas crendo que somos como que um estranho no próprio ninho. Enquanto isso passamos por tribulações. Mas chegará o dia em que a pureza fará parte de nossas vidas de forma eterna e inviolável, tanto em nós mesmos como no universo que estará diante de nós.  Maranatha!!!!!!

Rev. Júlio César Pinto