Mateus 16.13-20
Tendo Jesus saído da
margem do lado norte do mar da Galiléia, da região de Tiro e Sidom, da
Decápolis, foi então para o território de Magadã, que também recebeu o nome de
Magdala ou ainda de Dalmanuta, que poderia se pronunciar também Talmanuta. Em
chegando à essa região, logo os fariseus, possivelmente já tendo conhecimento
dos milagres da multiplicações dos pães de Jesus, lhe pediram um sinal tal qual
seus antepassados tiveram no deserto, o maná: o pão que desceu do céu para alimentar não dez mil,
porém mais de um milhão de pessoas. Jesus lhes mostra que Ele mesmo era o pão
vivo que desceu do céu, sendo Ele mesmo o maior milagre que poderiam ver, e
ainda disse que o sinal como prova do que Ele estava falando seria o sinal de
sua morte e ressurreição após três dias. Mas logo Jesus deixou esta região e
aqui inicia o nosso texto de hoje:
13 Indo Jesus para os lados de Cesaréia de
Filipe, perguntou a seus discípulos: Quem diz o povo ser o Filho do Homem? 14 E
eles responderam: Uns dizem: João Batista; outros: Elias; e outros: Jeremias ou
algum dos profetas. 15 Mas vós, continuou
ele, quem dizeis que eu sou?16
Respondendo Simão Pedro, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.
17 Então, Jesus lhe afirmou:
Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to
revelaram, mas meu Pai, que está nos céus. 18 Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre
esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão
contra ela. 19 Dar-te-ei as chaves do
reino dos céus; o que ligares na terra terá sido ligado nos céus; e o que
desligares na terra terá sido desligado nos céus. 20 Então, advertiu os discípulos de que a
ninguém dissessem ser ele o Cristo.
13 Indo Jesus para os
lados de Cesaréia de Filipe, perguntou a seus discípulos: Quem diz o povo ser o
Filho do Homem?
A destreza de Jesus Cristo
em ensinar quem quer que fosse é inigualável, sua técnica, habilidade,
autoconfiança, confiança em Deus, e nunca perdeu qualquer chance de ensinar
algo é de fato algo que nunca se viu em qualquer pessoa, mesmo naqueles que
foram e são considerados verdadeiros gênios. A pergunta que Jesus faz aos seus
discípulos poderia levar alguns a imaginar que Jesus estava preocupado com a
sua reputação, mas isso é um engano. Jesus nunca se preocupou com a sua
reputação, em demonstrar ser Ele grande vulto, em demonstrar ser Ele o
verdadeiro Deus. Pelo contrário, ao lermos os evangelhos Jesus tentou se manter
e viver sempre de forma discreta.
Muitas foram às vezes que
pudemos observar nos grandes feitos de Jesus que ele fugia da popularidade e
até mesmo aconselhava veementemente as pessoas que não lhe expusessem à
publicidade. Como foi o caso das pessoas
a quem Ele curou quando estava na Sinagoga em Mateus 12.16.
Contrariamente a isso
todos aqueles que se preocupavam com a publicidade dizendo-se grandes profetas,
ou até mesmo o próprio Messias, esses se auto-entitulavam de alguma coisa. Em Atos 8.9 vemos a um homem
chamado Simão que era um mágico, que iludia o povo com os seus truques e a si
mesmo popularizava-se fazendo publicidade de si mesmo.
A poucos anos tivemos aqui
no Brasil um louco que fazia a mesma coisa, mas ele tinha a audácia de se
chamar de Inri Cristo. Dizia ele ser a própria encarnação de Jesus Cristo. E as
redes de televisão iam atrás desse homem para coloca-lo em programas e ele se
mostrava ao público e se apresentava ao público como sendo o próprio Jesus
Cristo. O que o próprio Senhor Jesus nunca fez, se expor à publicidade, esse
homem fez, tal como o mágico Simão.
Nos tempos de Jesus
Cristo, um homem conhecedor da Lei de Deus, se deixou levar pela publicidade e
deixou-se colocar no lugar de Deus, mas o fim desse homem, foi trágico. Herodes
certa vez, vestido de traje real se dirigia ao povo e o povo exclamou dizendo:
não é a voz de um homem, é a voz de um deus! Herodes deixou que a sua
popularidade fosse levada ao extremo de ser comparado ele a um deus e mesmo
sendo conhecedor da Lei de Deus permitiu tal coisa, mas o seu fim vemos em Atos 12.23 foi comido de vermes
e no mesmo instante morreu.
Jesus se intitula
diferentemente desses que acabamos de ouvir. Ao invés de grande vulto, de um
deus, Ele se intitula de “Filho do Homem”. De fato era necessário esse
reconhecimento por parte não só dos discípulos mas de todos quantos chegassem
ao conhecimento o plano de salvação de Deus para a raça humana, de que o
próprio Deus se encarnou, tornando-se à semelhança de sua criatura, para que
pudesse ser ouvido diretamente, para que a própria raça humana pudesse tocar o
Verbo da vida, de que Ele de fato existe e viveu como homem, sofreu como homem,
morreu como homem, mas não permaneceu morto, ressuscitou e hoje está ao lado de
Deus Pai para rogar por nós, se assim nós o aceitarmos, como nosso Salvador. A
humanidade da Segunda Pessoa da Trindade precisa ser conhecida pelos homens,
por que assim temos quem de fato pode se compadecer de nossas necessidades,
pois Ele sabe como é ser humano. Foi exatamente essa a profecia dada a Satanás
quando esse fez a raça humana cair em pecado no Édem. Em Gênesis 3.15, podemos
perceber a mensagem de Deus a Satanás que dizia: “Da mulher que você usou para
fazer a humanidade cair em pecado, dela virá um homem, que irá destruir as suas
obras”. Esse é exatamente um dos motivos que Jesus Cristo adota esse título, de
Filho do Homem, para provar que Nele havia si cumprido essa promessa de Deus.
De qualquer forma Jesus
tinha um propósito em sua pergunta e ouviu a resposta de seus discípulos:
14 E eles responderam: Uns dizem: João Batista; outros:
Elias; e outros: Jeremias ou algum dos profetas.
Algumas pessoas pensavam
que Jesus era João Batista havia ressuscitado, como foi o caso de Herodes que
havia sido acusado por João Batista de estar em pecado com Herodias, sua
cunhada, mulher de seu irmão. Herodias havia pedido a cabeça de João Batista
durante uma festa que não era nem um pouco uma festa inocente, mas havia sido
preparada com uma finalidade sensual e macabra. Herodes atende ao pedido de
Herodias e manda matar a João Batista cortando-lhe a cabeça. E ao ouvir acerca
de Jesus e dos milagres que fazia, logo ele pensou que se tratava de João Batista
como vemos em Mateus 14.02.
Desta forma algumas
pessoas também pensavam ser Jesus Elias. Muitos foram os sinais que o profeta
Elias havia feito no passado, até mesmo de ressuscitar um morto e de
multiplicar o azeite da viúva, dando-lhe sustento e a seu filho pelo resto da
vida. Então algumas pessoas poderiam estar associando os feitos de Elias, aos
que Jesus realizava como ressurreição de mortos e multiplicação de comida.
Elias também era tido
como o precursor do Messias, como vemos em Malaquias
4.5 “Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e
terrível Dia do SENHOR”; as pessoas que diziam ser Jesus Cristo o
próprio Elias, também poderiam estar interpretando erradamente a profecia de
Malaquias, pensando ser Jesus o próprio Elias que retornou dos céus. Mas o
próprio Senhor Jesus esclarece que o seu precursor a quem seria chamado de
Elias, pela semelhança de seu ministério e poder de Deus, era o próprio João
Batista, a voz que clamava no deserto preparando o caminho do Senhor, como
também previu Isaías em 40.3.
Outros apontavam a Jesus
como sendo Jeremias ou um dos profetas. Havia uma grande semelhança no
ministério de Jeremias e os profetas do AT com o ministério de Jesus. Em todos
os casos havia grande embate dos profetas com os falsos profetas e discussões e
até mesmo a morte dos profetas por que eles teriam enfrentado falsos profetas
dentro do próprio povo de Israel.Da mesma forma que Jesus vivia tendo problemas
com os fariseus, saduceus e escribas.
Com respeito à Jeremias,
talvez esse grupo que identificava Jesus como sendo Jeremias que ressurgiu dos
mortos, estariam pensando em uma lenda que é descrita em 2 Macabeus 2.4-8, que
dizia que o profeta Jeremias havia enterrado em uma cova a arca e o altar de
incenso. A lenda também dizia que estes objetos Deus os faria retornar ao povo
quando o número de seus escolhidos se completasse. E, talvez,esse grupo estaria
propenso a esperar que Jesus fosse Jeremias ressurreto dentre os mortos para devolver
o que ele havia enterrado como que o tempo da lenda havia se chegado para seu
cumprimento.
E ainda havia outro grupo
que achava que Jesus não era nada, apenas um profeta qualquer que havia
retornado dos mortos.
Mas ainda podemos
perceber que faltou uma comparação que o povo, principalmente os inimigos de
Jesus, fariseus, saduceus e escribas, fizeram acerca de Jesus. Eles haviam dito
que Jesus era Belzebú, ou pelo menos sua encarnação. Notadamente não vemos esta
comparação feita pelos discípulos e de certo a omitiram com a finalidade de não
entristecer a Jesus.
Mas a pergunta que Jesus,
faz acerca de si mesmo aos discípulos, não tinha realmente como foco o
pensamento da multidão acerca do Filho do Homem, mas seus discípulos.
15 Mas vós, continuou ele, quem dizeis que eu sou?
Era aqui que Jesus queria
chegar. Ele de fato não estava interessado na opinião pública, mas na opinião
de seus discípulos. Jesus então pergunta: o que vocês pensam que eu sou? Ao
escolher doze discípulos dentre os muitos que o seguiam, Jesus tinha um real
interesse em viver de forma mais íntima do que com o restante da multidão que o
seguia. Ensinar-lhes a verdade acerca do reino de Deus, acerca do propósito de
Sua vinda, acerca dos planos de Deus para humanidade. Era salutar que os
discípulos tivessem a perfeita noção de quem de fato era Jesus.
Jesus há pouco tempo
atrás havia ouvido da boca dos mesmos discípulos a quem ele questionava agora,
a mesma resposta à pergunta que agora Ele faz aos discípulos. A única diferença
é que na ocasião anterior Jesus não questiona aos discípulos sobre quem eles
pensavam ser Ele, mas os discípulos declararam de forma espontânea sobre quem
de fato era Jesus. Esse momento foi quando Jesus atravessa o mar da Galiléia
sobre as águas e depois entra no barco acalmando a tempestade. E nos diz o
texto de Mateus 14:33 E os que estavam no barco o adoraram,
dizendo: Verdadeiramente és Filho de Deus!
Uma importante observação
é se os discípulos haviam dito isso a poucas semanas atrás, qual o motivo de
Jesus perguntar sobre a mesma coisa aos que já lhe haviam declarado ser o Filho
de Deus de forma espontânea? Haviam os discípulos se esquecido de suas
declarações no barco acerca de Jesus? Quando Jesus faz a pergunta “E vós, quem
dizeis que eu sou?”, ele faz a pergunta para o grupo todo não para um somente.
Jesus quer saber a resposta do grupo todo. Esta resposta seria a declaração
pessoal de cada um acerca de sua salvação. Crer no Senhor Jesus é de forma
pessoal e intransferível. O grupo então responde naquele que já havia si
mostrado como líder em outras ocasiões, Pedro então responde em nome do grupo,
como porta-voz do grupo:
16 Respondendo Simão
Pedro, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.
A mesma declaração que os
discípulos haviam feito no barco, só que diferentemente da outra ocasião não é
uma declaração espontânea, mas uma resposta direta a uma pergunta direta. Pedro
em nome dos doze discípulos faz uma confissão de fé. Eles já haviam sido
circuncidados segundo a aliança estabelecida em Abrão. Já haviam sido batizados
com água, qual a necessidade da declaração direta ao próprio Senhor Jesus? Há
uma grande diferença aqui. A declaração feita no barco pelos discípulos não
tinham um elemento muito importante: a primeira eles disseram: “verdadeiramente
este é o Filho de Deus”, mas na segunda disseram: “Tú és o Cristo, o Filho do
Deus vivo”. Quando Pedro usa o título Cristo, para se referir a Jesus, ele está
se referindo a Jesus como aquele que havia sido prometido, o Ungido de Deus, o
mediador da aliança que haveria de vir. Esse mediador que havia sido prometido,
era justamente quem conduziria o povo de Deus ao seu encontro, era quem
eliminaria toda a desavença de todo ser humano com Deus por causa do pecado, e
que o tivesse como seu único mediador, mas esse mediador não era um ser humano
comum, era o próprio Deus encarnado, o Filho de Deus, a segunda pessoa da
Trindade. E contrariamente ao próprio título que Jesus usa para si, Filho do
Homem, eles dizem, não, não é Filho do Homem, mas , “Filho do Deus vivo”.
Declarar a Cristo como
sendo o próprio Deus encarnado, Filho de Deus Pai, é exatamente a declaração
que todo ser humano deve fazer com a própria boca. Sem essa declaração não há
salvação. É necessário, nos diz Paulo em Romanos 10.9 que declaremos com a boca
que cremos em Jesus Cristo, que o confessemos como nosso Senhor e Salvador, a
fim de que sejamos salvos.
Mas alguém poderá
lembrar-se de que o traidor estava dentre aqueles que declararam ser Jesus o
Filho de Deus. Judas estava no meio dos doze e também fez a declaração sobre
crer em Jesus. No entanto, além de trair a Jesus ainda tirou a própria vida. A
simples declaração de que se crê no nome de Jesus não é suficiente! A
declaração feita com a boca deve mostrar daquilo que o coração está cheio: da
fé em Jesus Cristo. É exatamente como Paulo descreve no versículo 10 de Romanos
10. “porque com o coração se crê para a justiça e com a boca se confessa a
respeito da salvação”. Isso de fato não aconteceu com Judas, ele apenas disse
com a boca, não creu com o coração.
Ao ouvir a declaração
pelo porta-voz do grupo, Jesus logicamente não dá a resposta apenas para Pedro,
como porta-voz do grupo, Pedro recebe a contra-resposta para todo o grupo:
17 Então, Jesus lhe
afirmou: Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que
to revelaram, mas meu Pai, que está nos céus.
A pronta resposta de
Jesus à declaração do grupo dada por
meio de Pedro trás alguns traços que merecem comentário. Primeiramente Jesus
declara que de fato é feliz (sendo uma felicidade segundo Deus) de quem faz esta
declaração, e Jesus chama a Pedro por seu nome completo. Simão Barjonas, que
quer dizer, Simão Filho de Jonas. Ao ouvir da boca de Pedro, de que o Filho do
Homem, era de fato o Filho do Deus vivo, Jesus então está lhe respondendo:
Simão, homem, Filho de homem, você é bem aventurado por que não foi a carne da
qual você veio quem te revelou, não foi a tradição humana, mas o Deus vivo que
está no céu do qual você disse e sabe de quem sou Filho é quem te revelou.
Jesus não está dizendo
que Deus sussurrou aos ouvidos de Pedro sobre quem era Jesus. Mas que os meios
de graça, como a Palavra revelada de Deus, a Escritura Sagrada, bem como o
próprio testemunho de Jesus Cristo, como o Verbo de Deus, a Palavra encarnada
de Deus, como João declara, é quem revelou à Pedro e aos demais apóstolos quem
Jesus era de fato. Como podemos ver na oração de Jesus quando ele fala acerca
dos apóstolos em João 17.8.
De fato a preocupação de
Jesus era ouvir dos discípulos sobre sua fé Nele. E pelas palavras do Senhor a
revelação não tem outro meio a não ser a própria Palavra de Deus. É como o
autor de Hebreus nos fala em Hebreus 1.1. que Cristo é a suprema revelação do
próprio Deus.
18 Também eu te digo
que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do
inferno não prevalecerão contra ela.
Essa é uma importante
declaração de onde surgiu uma divisão no cristianismo. Desde o entendimento
sobre esse texto que foi distorcido pela igreja no quarto século depois de
Cristo, até ao século XVI, depois de Cristo, a igreja permaneceu na obscuridade
tendo como dirigente da igreja, como cabeça da igreja àquele que diz ser
substituto de Pedro para conduzir a igreja. Nesse período que já fugia ao
período dos apóstolos em três séculos com a morte de João por volta do ano 98
d.C. a igreja entendeu que deveria ter um dirigente universal da igreja, um
cabeça da igreja na terra por causa desse texto.
Por todo esse tempo a
igreja foi negligente, talvez até por conveniência de manter o povo sob seu
controle, inclusive os impérios, com relação a esse texto. Mas já fazem quatro
séculos que a igreja retornou ao entendimento correto desse texto, não pela
igreja que o distorceu, mas pela igreja que nasceu do protesto do entendimento
errado não somente desse texto, mas de vários outros, a igreja que foi
reajuntada com a Reforma Protestante retornando ao ensinamento puro de Jesus
Cristo e dos apóstolos.
Jesus é bem claro ao
dizer: “Tú és Pedro”. Ele se dirige a Pedro na segunda pessoa do singular,
“tú”; e também Jesus é bem claro ao dizer: “e sobre esta pedra”, a palavra “esta” é um pronome demonstrativo que é
usado na terceira pessoa do singular. A palavra “esta”, portanto, em momento
algum poderia estar se referindo a Pedro. Se assim quisesse, Jesus teria de
dizer: “Tú és Pedro, e sobre ti edificarei a minha igreja”. E não foi isso que
o Senhor disse, Ele disse: “Tú és
Pedro e sobre esta pedra edificarei
a minha igreja”. Mas se Jesus não estava se referindo a Pedro, a quem poderia
estar se referindo como pedra principal de uma edificação, a edificação da
Igreja?
Ora, naquele momento
Pedro havia acabado de dar uma importante declaração, uma confissão sobre ser
Jesus o enviado de Deus ao mundo para salvação de todo aquele que Nele cresse.
Esta declaração é de fato a pedra principal da edificação da igreja. Cristo é e
sempre foi a Pedra Angular da Igreja. Todo aquele que confessa a Cristo como
Senhor e no coração crê que Deus o ressuscitou dentre os mortos é salvo. Em
outras palavras, passa a fazer parte do reino de Deus, fazer parte de sua
igreja. Cristo é a própria pedra fundamental de construção de sua igreja, como
Paulo fala diretamente à igreja de Éfeso dizendo que eles fazem parte de uma
construção (a igreja) e que Cristo é a pedra principal dessa construção: Efésios 2:20 edificados sobre o fundamento dos apóstolos e
profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular;
Cristo, a pedra
principal, a pedra angular de construção da sua própria igreja.
O próprio Pedro entendeu
claramente a declaração de Jesus naquele momento. Ele também afirmou dizendo: 1 Pedro 2:4-7 Chegando-vos para ele, a
pedra que vive, rejeitada, sim, pelos homens, mas para com Deus eleita e
preciosa, 5 também vós mesmos, como pedras que vivem, sois
edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes
sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo. 6
Pois isso está na Escritura: Eis que ponho em Sião uma pedra angular, eleita e
preciosa; e quem nela crer não será, de modo algum, envergonhado. 7
Para vós outros, portanto, os que credes, é a preciosidade; mas, para os
descrentes, A pedra que os construtores rejeitaram, essa veio a ser a principal
pedra, angular.
Ademais, quando vemos o
primeiro concílio da igreja registrado na Escritura, após a morte de Cristo e sendo
tratada uma questão doutrinária, Pedro, assim como outros tiveram sua
participação deixando cada um seu argumento. Contudo, quem toma as rédeas de
tal concílio para determinar o desfecho e determinar como a igreja deveria
proceder dali para frente não foi Pedro, mas Tiago que agiu como moderador do
referido concílio. O evento foi registrado no livro de Atos 15.1-29; vejamos o parecer de Tiago
finalizando a discussão: Atos
15:19-21 19 Pelo que, julgo eu, não devemos perturbar aqueles que,
dentre os gentios, se convertem a Deus, 20 mas escrever-lhes que se
abstenham das contaminações dos ídolos, bem como das relações sexuais ilícitas,
da carne de animais sufocados e do sangue. 21 Porque Moisés tem, em
cada cidade, desde tempos antigos, os que o pregam nas sinagogas, onde é lido
todos os sábados.
A esta questão, não podemos,
de forma alguma, conferir a Pedro, ou a qualquer outro homem um status de vigário
de Deus na terra. Isso é tomar o lugar de Cristo, uma vez que foi Ele mesmo
quem afirmou: Mateus 28:18 18
Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no
céu e na terra. Não a representatividade de Cristo na terra, mas sua autoridade delegada, pelo que mesmo
vimos nesse registro de Atos 15, foi direcionada ao concílio, não a uma pessoa.
Além do que já vimos que no próprio texto onde Cristo afirmou “...sobre esta
pedra edificarei a minha igreja..” dizia ele acerca da afirmação de Pedro, de
que “Ele é o Cristo, o Filho do Deus vivo...”. Querendo com isso afirmar que o
próprio Cristo é a principal Pedra da Igreja, jamais poderia ser um homem
qualquer, senão o próprio Deus encarnado.
19 Dar-te-ei as chaves do reino dos céus; o que
ligares na terra terá sido ligado nos céus; e o que desligares na terra terá
sido desligado nos céus.
Cristo havia acabado de
dizer que a igreja seria construída tendo como Pedra principal Ele mesmo. E
logo em seguida Jesus fala da função da igreja no mundo. Ali Pedro como
porta-voz do grupo recebe a incumbência. Quando se fala que fora da igreja não
há salvação, tem uma íntima ligação com esse versículo. É por meio da igreja,
ou parte dela na pessoa de um de seus membros que alguém ouvirá a mensagem
verdadeira do evangelho.
Ouvindo o evangelho e
aceitando a Cristo o novo convertido passa a fazer parte do Reino de Deus.
Ouvindo o evangelho e rejeitando aceitar a Cristo, a pessoa não fará parte do
Reino de Deus. Mas isso não é poder da igreja ligar ou desligar alguém do reino
de Deus. Se alguém não foi feito, não foi ligado aos céus era porque nos céus
já havia sido desligado; e o que foi ligado aos céus, é porque nos céus já
havia sido ligado.
Em outras palavras os que
não aceitama Cristo são de fato os vasos preparados para a perdição. Rm 9.22
20 Então, advertiu os
discípulos de que a ninguém dissessem ser ele o Cristo.
Esse versículo de fato
nos mostra que Jesus não queria publicidade. Queria manter o seu ministério por
tanto tempo quanto fosse necessário. Havia dia e horas marcados para que seu
ministério tivesse fim. Se a publicidade fosse grandiosa sua morte seria antes
do planejado, daí Cristo seguir cuidadosamente vivo até o momento certo de sua
morte. Conforme vemos em Mateus
26.45.
Depois de sua morte nada
deve permanecer escondido, ou sem publicidade. O evangelho deve ser pregado ao
mundo como o próprio Senhor ordenou.
E todo aquele que aceitar
a Cristo e confessá-lo como os discípulos o fizeram receberão a vida eterna, ou
seja, já haviam sido ligados ao céu, mas aos que não fizerem tal declaração ou
não crerem com o coração, é porque já teriam sido desligados do céu. Nunca
fizeram e nem farão parte do povo de Deus.