O texto que, segundo o site http://davarelohim.com.br/web/imperdivel-john-piper-fala-sobre-batismo-infantil/ apresenta como sendo as razões do Piper em discordãncia com o pedobatismo, segue abaixo interposto com as devidas respostas.
Segue-se as respostas logo após as premissas do autor referido.
1. Arrependimento e
fé precedem toda ordenança e instância de Batismo no Novo Testamento
Atos 2.37-38, 41
37 E, ouvindo eles isto, compungiram-se em seu coração, e
perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, homens irmãos? 38 E
disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de
Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo; 41
De sorte que foram batizados os que de bom grado receberam a sua palavra; e
naquele dia agregaram-se quase três mil almas.
RESPOSTA:
A conclusão está equivocada quanto ao texto bíblico. O ponto de lógica usado
pelo Piper é de que o batismo depende de fé e arrependimento. O que não está na
lógica do texto referido de forma integral. O ponto anunciado para o batismo aqui
é de que, justamente, há uma deliberada omissão de parte do texto como se essa
parte do texto não fosse afirmada para a ordenança do batismo. É a velha
história de uma alegação fora do contexto para pretexto de texto. Pelo
argumento apresentado, estaremos partindo do mesmo ponto do objetor ao pedobatismo.
E, certamente todos os outros pontos do argumento serão vistos ao longo de
minha resposta. Ainda assim, ao final, estarei relembrando a cada um dos pontos
afirmados na resposta inicial.
Vamos ao texto integral.
Atos 2:37-41
37 Ouvindo eles estas coisas, compungiu-se-lhes o coração
e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, irmãos? 38
Respondeu-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de
Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito
Santo. 39 Pois para vós outros é a promessa, para
vossos filhos e para todos os que ainda estão longe, isto é, para quantos o
Senhor, nosso Deus, chamar. 40 Com muitas outras palavras deu testemunho e
exortava-os, dizendo: Salvai-vos desta geração perversa. 41 Então, os que lhe aceitaram a palavra foram
batizados, havendo um acréscimo naquele dia de quase três mil pessoas.
Certamente
o arrependimento não partiria de uma criança, nem tem por que. Mas, a ordenança
é generalizada para incluir tanto adultos quanto crianças. E o motivo é o mesmo
dado pela ordem de Cristo ao expressar a grande comissão. “Ide e pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for
batizado...”. Tal
ordem era para se começar a igreja.
É,
extremamente óbvio que a ordem de pregar não se referia a dirigir a mensagem a
bebês, isso não faria o menor sentido, pois a ordem deveria ser executada para
começar a igreja, a expansão do Reino em todas as culturas e línguas. Como fazer
isso pregando para crianças? Certamente nunca foi essa intenção, mas o texto não
exclui o batismo infantil, mas aponta a necessidade do adulto que crer ser batizado. O mesmo
entendimento se faz necessário aqui no texto de Atos com respeito ao arrependimento.
Entretanto aqui, há sim uma ordenança clara para o batismo infantil.
Perceba
que em Atos 2, o versículo 39 começa com POIS. Em grego, é γαρ (é um conector
conclusivo ou explicativo daquilo que se afirmou anteriormente). Piper omitiu
uma conclusão explicativa daquilo que havia sido dito anteriormente, se deliberadamente,
não sei. Ora, a afirmação anterior é de que haveria de acontecer o batismo por
que diz respeito à uma promessa. Promessa é ἐπαγγελία que diz respeito a uma
benção prometida, um juramento. As promessas de bençãos sempre partiram como
termos pactuais de uma aliança. A promessa referida aqui, então, está ligada à
uma aliança que é parte de seus termos pactuais.
2.39 Pois para vós outros é a
promessa, para vossos filhos e para todos os que ainda estão longe, isto é,
para quantos o Senhor, nosso Deus, chamar.
A aliança
pactual referida é a mesma aliança pactual do AT. Dois sacramentos eram
necessários no AT para representarem essa aliança. Em toda aliança há uma necessidade
básica contratual: os termos sendo aceitos dos dois lados, bem
como os deveres a serem cumpridos dos dois lados.
Podemos
iniciar essa exposição logo na criação do homem.
Gênesis 2:15-17
15 Tomou, pois, o SENHOR Deus ao
homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar. 16 E o SENHOR
Deus lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás livremente, 17 mas da
árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela
comeres, certamente morrerás.
Os termos
do pacto vistos aqui em Gênesis podem ser resumidos assim:
1.
Deus, Criador do homem e também Legislador do Pacto (Aliança)
a.
Obrigações pactuais- Vida em caso de obediência, morte em caso de desobediência
2.
Homem, como servo, anuente ao pacto pela imposição do Criador
a.
Obrigação pactual – Obediência
i.
Benção decorrente da obediência – vida
ii.
Maldição decorrente da desobediência – morte
Toda a
teologia do Novo Testamento não existe, nem é possível, sem o Antigo
Testamento. Não existe inovação no sentido de algo 100% inédito no Novo Testamento,
uma vez que a revelação é progressiva. Aquilo que
começou a ser revelado no AT como profecias, sombras e tipos, adquiriu corpo e cumpriu-se
cabalmente no NT. De modo que, qualquer que seja a doutrina bíblica, ela tem
embasamento histórico no AT.
Vemos
isso com clareza, por exemplo, com respeito às leis cerimoniais que tiveram o
seu ápice no AT mas, apenas como tipos e sombras; e vieram a permanecer no NT apenas
nas suas essências, nos seus princípios. Como aconteceu com os sacrifícios de
animais pelos pecados que eram apresentados por um sumo sacerdote meramente
humano, falho assim como os próprios sacrifícios que ofereciam, e, anualmente
deveriam ser repetidos. Segue-se a isso a própria limitação do sumo sacerdote
que tinha seu ofício interrompido pela própria morte.
No NT,
o autor da carta aos Hebreus nos mostra que, tais sacrifícios como tipo de
Cristo, e os sumo-sacerdotes da mesma forma, cederam lugar a Cristo e seu
sacrifício na cruz. Entretanto, ao contrário deles, o sacrifício de Cristo é: único,
eficaz e perfeito. Da mesma maneira o seu exercício do ofício sacerdotal é:
perfeito, eficaz e eterno.
Segue-se
a isso, de que, as doutrinas aplicáveis como símbolos da Aliança no Antigo
Testamento, não desaparecem, nem podem, no Novo Testamento mas, adquirem forma condizente
com a Nova Aliança, no Novo Testamento, mas mantendo-se alinhadas aos mesmos
princípios que dantes.
Páscoa
– A pascoa, como já sabido, é a tipologia de Cristo de seu sacrifício no AT. O
cordeiro, como tipo de Cristo, teve seu fim quando Cristo consumiu o tipo na
cruz. O perfeito sacrifício.
Mas,
havia também outros símbolos da páscoa: o pão sem fermento, chamado pão asmo
com as ervas amargas, e o próprio cordeiro que deveria ser comido assado ao
fogo Ex 12.8. Vemos também a ordenança não tinha uma perspectiva, em essência,
temporal: Êxodo 12:24 Guardai, pois, isto por estatuto para vós outros
e para vossos filhos, para sempre. Há clara ordenança de que esta comemoração deveria ser
perpétua, ou seja, para sempre. Isso nos mostra que há um princípio ali que não
deveria cessar.
Em
tudo isso, ainda vemos que há uma estreita ligação imposta pelo próprio Senhor,
deste rito, com outro rito: Êxodo 12:47-48 Toda a congregação
de Israel o fará. 48 Porém, se algum estrangeiro se hospedar contigo e quiser
celebrar a Páscoa do SENHOR, seja-lhe circuncidado todo macho; e, então, se
chegará, e a observará, e será como o natural da terra; mas nenhum incircunciso
comerá dela. A
princípio, a páscoa não poderia ser comida por nenhum estrangeiro, havia uma
completa restrição.
Perceba
que, aqui, a restrição é dada de forma a levar em consideração a disposição do coração
do estrangeiro: “..., se algum estrangeiro se hospedar contigo e quiser
celebrar a Páscoa do SENHOR, seja-lhe circuncidado todo macho...”. O que podemos destacar aqui é concernente
a duas questões. Primeiro que o estrangeiro deveria, além de ter consciência do
que se tratava a páscoa e de ter vontade em participar dela. Para tanto era
necessário que ele obedecesse outro rito: a circuncisão.
A segunda
coisa que precisamos entender, é de que o próprio texto engloba o mesmo sentido
da ordenança primeira da circuncisão: “seja-lhe
circuncidado todo macho...”. Certamente o texto está apontando
para todos aqueles que estivessem debaixo da autoridade desse “estrangeiro” que
quisesse participar da páscoa: filhos, órfãos, quem quer que tivesse debaixo de
sua autoridade como senhor daquela família.
É esse
mesmo princípio visto quando Deus instituiu a circuncisão: Gênesis 17:9-10
Disse
mais Deus a Abraão: Guardarás a minha aliança, tu e a tua descendência no
decurso das suas gerações. 10 Esta é a minha aliança, que guardareis entre
mim e vós e a tua descendência: todo macho entre vós será circuncidado.
(Grifo meu). A possibilidade
do estrangeiro participar da Páscoa, já estava prescrita dentro do pacto
(Aliança) na circuncisão: Gênesis 17:12 O
que tem oito dias será circuncidado entre vós, todo macho nas vossas gerações,
tanto o escravo nascido em casa como o comprado a qualquer estrangeiro, que não
for da tua estirpe. Tal
princípio aplicado por Deus com respeito à páscoa, não era novo, apenas trazendo
sua aplicabilidade a fim de o estrangeiro poder participar da páscoa.
Aqui,
na instituição da circuncisão, vemos o mesmo princípio de perpetuidade do
sacramento visto na páscoa: “...no decurso das suas gerações”. Ou seja, em qualquer tempo ou lugar em que houvesse um descendente de
Abraão, ali se deveria guardar a aliança de Deus através de um símbolo, que, até
o momento em que vigorasse a Antiga Aliança (Páscoa) esse símbolo deveria ser o
mesmo estabelecido por Deus na sua relação sacramental: a circuncisão (Êx
12.48)
Quando
Jesus estava na terra e havia chegado o período da páscoa, sendo ele judeu e descendente
de Israel, chamou aos seus discípulos para que fossem preparar a páscoa. Ele
sabia que esta seria a sua última páscoa, pois estava para ser morto. (Mateus 26.
17-19)
E, ao
chegar o momento da páscoa, lemos: Mateus
26.26-28: Enquanto comiam, tomou Jesus um
pão, e, abençoando-o, o partiu, e o deu aos discípulos, dizendo: Tomai, comei;
isto é o meu corpo. 27 A seguir, tomou um cálice e, tendo dado graças, o deu
aos discípulos, dizendo: Bebei dele todos; 28 porque isto é o meu sangue, o sangue da nova aliança, derramado em favor de muitos,
para remissão de pecados. (Grifo meu)
Ora,
Jesus estava comemorando a páscoa com os discípulos. Na primeira vez que a
páscoa aconteceu, Deus estabeleceu uma aliança com Moisés. Ele havia dito que a
casa onde o sangue do cordeiro estivesse no portal da casa, a morte não
entraria. Mas este sangue era de um animal, e o animal foi morto e comido.
Percebam
ainda que, no versículo 28, Jesus reestabelece uma nova aliança na páscoa. Não
era nova no sentido de ser uma aliança inédita, mas nova no sentido de ser
feita em novos moldes. A palavra “nova” é καινός,
e seu sentido é novo quanto à forma. Um molde que substituiria aquele antigo
feito com Moisés de que eles teriam de matar o cordeiro, comê-lo assado com pão
ázimo e ervas amargas.
Cristo
estabelece novos símbolos da páscoa, apenas pão e vinho. Mas o pão já fazia
parte da antiga ceia, não teria, então na nova aliança símbolos que
substituíssem o cordeiro, o sangue e as ervas amargas? Da mesma forma que as
ervas amargas representavam o sofrimento do povo no Egito por causa da
escravidão, houve o sofrimento de Cristo exatamente no dia da páscoa, na
chamada Sexta feira santa, ou sexta feira da paixão de Cristo, o dia em que Ele
foi crucificado.
Mas e
quanto ao sangue do cordeiro, não tem nenhum substituto na nova aliança? Sim,
também tem. Cristo afirmou que o seu sangue era o sangue da nova aliança, ou
seja, o sangue que substituiria o sangue do cordeiro. Mas e o corpo do animal
sacrificado? Cristo também afirmou que o pão representaria o seu corpo, sacrificado
em favor de seu povo.
Da
mesma forma que o sangue do cordeiro na antiga aliança feita com Moisés evitou
que a morte entrasse na casa onde houvesse o sangue nas portas, o sangue de
Cristo também livrará da morte do inferno a todo aquele que aceitar o seu
sacrifício, de modo que o seu sangue o protegerá da condenação infernal. Cristo
é o cordeiro da páscoa e Paulo afirma isso: 1 Coríntios 5:7 Lançai
fora o velho fermento, para que sejais nova massa, como sois, de fato, sem
fermento. Pois também Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi imolado.Lançai fora o
velho fermento, para que sejais nova massa, como sois, de fato, sem fermento.
Pois também Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi
imolado.
A
páscoa então traz como símbolos o pão e o vinho, fazendo-nos lembrar do nascimento, vida, obra, morte (sacrifício) e
ressurreição de Cristo na cruz até que Ele retorne. É o que o apóstolo Paulo
ensina em 1 Coríntios 11:26 Porque, todas as vezes que comerdes este
pão e beberdes o cálice, anunciais a morte do Senhor, até que ele venha;
e: Lucas 22.19
...fazei isto em memória de mim.... Segue-se aqui a mesma perpetuidade
e essência do que significou a primeira páscoa no passado para o povo no Egito
e de que, ano após ano deveriam celebrá-la.
Romanos 2:28-29 Porque não é
judeu quem o é apenas exteriormente, nem é circuncisão a que é somente na
carne. 29 Porém judeu é aquele que o é interiormente, e circuncisão, a que é do
coração, no espírito, não segundo a letra, e cujo louvor não procede dos
homens, mas de Deus.
Paulo
fala aqui do mesmo que tanto Moisés, quanto Jeremias falaram aos hebreus
adultos cada qual em sua época, e que eram circuncidados:
Deuteronômio 10:16 Circuncidai,
pois, o vosso coração e não mais endureçais a vossa cerviz.
Jeremias 4:4 Circuncidai-vos para
o SENHOR, circuncidai o vosso coração, ó homens de Judá e moradores de
Jerusalém, para que o meu furor não saia como fogo e arda, e não haja quem o
apague, por causa da malícia das vossas obras.
Foram
circuncidados na carne quando tinham oito dias de nascido, mas deles é cobrada
uma circuncisão além da carne, a circuncisão do coração, a circuncisão da alma,
a espiritual assim como mostrada por Paulo e que não é operada por homens, “mas de Deus”. A circuncisão não carnal que deve ser vista e louvada como obra de
Deus.
Essa
mesma explicação fez Cristo ao falar do novo nascimento a Nicodemus.
João 3:5-7 Respondeu Jesus: Em
verdade, em verdade te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode
entrar no reino de Deus. 6 O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido
do Espírito é espírito. 7 Não te admires de eu te dizer: importa-vos nascer de
novo. O novo
nascimento realizado pelo Espírito Santo.
Paulo
ao escrever aos Filipenses ainda fala de uma circuncisão válida em face à uma circuncisão
inválida: Filipenses 3:2 Acautelai-vos
dos cães! Acautelai-vos dos maus obreiros! Acautelai-vos da falsa circuncisão! 3
Porque nós é que somos a circuncisão, nós que adoramos a Deus no Espírito, e
nos gloriamos em Cristo Jesus, e não confiamos na carne. O tempo da circuncisão na carne
havia ido.
Paulo
fala contra a circuncisão meramente carnal. Daquela mesma que Jeremias e Moisés
insistiram em afirmar que era um mero símbolo, da Aliança, de uma verdadeira circuncisão,
que não era da carne, mas do espírito, do novo nascimento, da conversão
promovida pelo Espírito para louvor de Deus. E o mesmo afirma em Colossenses
2:11, trazendo o mesmo entendimento visto em Romanos
2.28-29: “Nele, também fostes
circuncidados, não por intermédio de mãos, mas no despojamento do corpo da
carne, que é a circuncisão de Cristo,”. O que vemos nisso é de quem assim como há o princípio
da perpetuidade com respeito à aliança na páscoa, há também o princípio da
perpetuidade da aliança com respeito à circuncisão.
A perpetuidade
da circuncisão acontece, mas não como foi com Abraão, mas como Paulo afirma:
Romanos 4:7-12 Bem-aventurados
aqueles cujas iniquidades são perdoadas, e cujos pecados são cobertos; 8
bem-aventurado o homem a quem o Senhor jamais imputará pecado. 9 Vem, pois,
esta bem-aventurança exclusivamente sobre os circuncisos ou também sobre os
incircuncisos? Visto que dizemos: a fé foi imputada a Abraão para justiça. 10
Como, pois, lhe foi atribuída? Estando ele já circuncidado ou ainda
incircunciso? Não no regime da circuncisão, e sim quando incircunciso. 11 E
recebeu o sinal da circuncisão como selo da justiça da fé que teve quando ainda
incircunciso; para vir a ser o pai de todos os que crêem, embora não
circuncidados, a fim de que lhes fosse imputada a justiça, 12 e pai da
circuncisão, isto é, daqueles que não são apenas circuncisos, mas também andam
nas pisadas da fé que teve Abraão, nosso pai, antes de ser circuncidado.
Em primeiro
lugar, vemos Paulo argumentando (vs. 7-8) sobre a bem aventurança da salvação,
fazendo-se valer de um texto de Davi (Sl 32.1-2). O questionamento retórico
(v.9) em seguida tem por intenção levar à reflexão sobre a quem se aplica a salvação.
Para levar a cabo seu argumento, ele retorna a Abraão sobre o momento de sua conversão (... a fé foi imputada...); Nisto se dá a conversão promovida
pelo Espírito Santo, como já visto em outros textos.
Segue-se
de que Paulo esclarece de que sua conversão não se deu depois da circuncisão,
mas antes dela (v.10). Mostrando ainda de que a circuncisão era o símbolo da
Aliança promovida por Deus e logo adiante ele afirma de que Abraão recebeu o
símbolo da sua própria conversão por meio da circuncisão (v.11). Mas, tal selo,
mesmo sendo dito que era acerca da fé, aos infantes de oitos dias também era
aplicada.
E, Paulo,
ainda afirma mais. Ele confirma o princípio da perpetuidade da circuncisão
(v.11,12) conforme visto em Gênesis 17.9-10 com o destaque feito anteriormente,
quando ele fala de que Abraão recebeu a circuncisão para ser o Pai da fé, inclusive dos incircuncisos que haveriam de seguir
a mesma fé de Abraão.
Conforme
vimos a perpetuidade do mesmo princípio aplicado aos antigos, a circuncisão, não
da carne, mas do espírito, segue seus passos. Há de se ter, da mesma forma, um
símbolo que representasse o despojamento da carne, represente a circuncisão do coração,
a conversão, no NT. Mas, que símbolo seria esse? Tal símbolo deveria carregar o
mesmo princípio da circuncisão que Paulo aponta no início do versículo 11: 11 E recebeu o sinal da circuncisão como selo da justiça da fé.
Precisamos,
entretanto, lembrar ainda que, esse mesmo símbolo no AT deveria ser aplicado
aos recém nascidos, mas não pela fé deles mesmos, mas pela fé de seus pais, assim
como também deveria ser feita aos estrangeiros que cressem na mesma aliança e quisessem
participar da páscoa. Assim, não podemos afirmar que, definitivamente não era
em todos os casos de circuncisão no AT, de que a circuncisão era o símbolo da
fé do indivíduo que a recebia na carne. Os recém nascidos não criam, nem sabiam
o porquê estavam sendo, literalmente, podados mas, é deles também o que foi dito:
recebiam o selo da justiça da fé.
Desta
maneira, a continuidade da igreja da Antiga (por meio de Abraão), para a Nova Aliança
se fez de forma natural por meio de Cristo. E é no Novo Testamento, que o
sacramento do batismo que aparece como símbolo como “selo da justiça da fé”.
Romanos 6:4 Fomos, pois,
sepultados com ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi
ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em
novidade de vida.
Sacramento
nada mais são do que selos, visíveis, da Aliança que Deus fez com sua igreja “no decurso de suas gerações” para mostrar sua misericórdia ao seu povo, distinguindo
visivelmente, o seu povo do restante do mundo. Não existe um poder velado, místico,
em torno de tais atos (sacramentos) que possam conduzir, ou promover, naqueles
que recebem o selo, alguma modificação no seu status espiritual. São, apenas,
selos, símbolos. Mas, não são símbolos de arrependimento ou fé para todos os
que o recebem. São sim, da mesma maneira e essência que era na circuncisão, símbolos
da Aliança com Deus, (promessa, termos do pacto), para todos os que recebem tal
selo.
A Aliança
com Deus, conforme dissemos, há uma dupla via nos termos contratuais. A Aliança
para vida eterna foi quebrada e sua quebra se baseava na queda vista em Adão
(Os 6.7), e a morte, o derramamento de sangue era necessário como cumprimento
dos termos pactuais (certamente morrerás). Mas, ali mesmo em Gênesis Deus mostra
sua misericórdia promovendo um sacrifício substituto (vicário) de um inocente.
(Gn 3.21). Mas a Adão foi imposta também as consequências de seu pecado. (Gn
3.17-19, 24).
Sempre
na Aliança houve a dualidade representativa: Deus como legislador do Pacto e determinante
soberano x o homem como anuente e dependente dos termos pactuais impostos por
Deus.
Na progressividade
da revelação, Deus continua como legislador do Pacto da Aliança que é refeita
em Abraão. A Aliança não era nova, nem o legislador, nem os termos pactuais,
mas como anuente havia outro representante. Assim como foi o representante
inicial da raça humana, Adão, Abraão se fez representante de uma
classe especial dentro da raça humana, os que abraçariam futuramente a mesma Aliança
e fé, certamente com a progressividade da revelação vista em Cristo. Um
afunilamento da Aliança caminhando juntamente com a progressividade da revelação.
Desta
feita, em Abraão a Aliança se ampliou no sentido de que o homem também deveria
expressar sua parte nesse pacto. Deus se firmou com juramento nesse momento, (cf.
Hb 6.17) e quanto a Abraão e seus descendentes, a princípio somente os da carne,
deveriam assinar o pacto com o próprio sangue, afinal de contas era um pacto em
termos de vida, (Gn 9.4); mas também é sinal de morte (Gn 9.6). Ao homem, por
meio da circuncisão, foi exigido a lembrança do pecado por meio da dor e do
derramamento de seu sangue. Esse era os termos pactuais feitos com Adão
(certamente morrerás).
Naquele
mesmo evento em que Deus realizou o sacrifício vicário no Éden, também profetizou
acerca da vinda Daquele que haveria de destruir as obras de Satanás (Gn 3.15).
Veja que, para o homem executou os termos de maldição do pacto (Gn 3.17-24),
mas ao mesmo tempo demonstrou através desse embrião do evangelho sua a sua
graça ao falar do seu eterno plano de salvação, e mostra como isso se daria ao
matar o primeiro animal e com suas peles cobrir a nudez de Adão e sua esposa.
A Nova
Aliança em Cristo segue com os mesmos princípios da Antiga Aliança. Sua
essência continua a mesma por dois motivos. 1. Do qual já falamos acerca do
significado de “Nova”;
2. Deus pode mudar sua forma de operar na humanidade (cf. Hb 1.1-2 - aparência
das coisas, ritos, etc), mas não muda seus princípios, sua essência pois são
uma expressão do próprio caráter de Deus que é eterno.
Assim
é que Paulo ao escrever aos Colossenses afirma: Colossenses 2:11-12 Nele, também fostes circuncidados, não por intermédio
de mãos, mas no despojamento do corpo da carne, que é a circuncisão de Cristo,
12 tendo sido sepultados, juntamente com ele, no batismo, no qual igualmente
fostes ressuscitados mediante a fé no poder de Deus que o ressuscitou dentre os
mortos.
Antes,
precisamos nos situar qual é o contexto que Paulo afirma sobre os dois termos
em questão: batismo x circuncisão. O presente intuito de Paulo, ao escrever
para a igreja em Colossos, era:
1.
Falar diretamente aos crentes (1.2).
2.
Dirigir-lhes certa repreensão para que eles vivessem de acordo com o
conhecimento que eles haviam adquirido acerca do evangelho de Cristo. (1.10)
3.
Fossem fortalecidos na fé pelo Espírito Santo (1.11)
4.
Afirmar que Cristo Deus Filho encarnado e é o Cabeça da Igreja (1.13-23);
de forma que todo ensino e toda prática deve vir da própria pessoa e obra de
Cristo e do que isso significa para a igreja (Nova Aliança)
5.
A executabilidade do eterno projeto de Deus quanto aos gentios (1.24-29)
para que fossem tidos como “natural da terra” (Cf. Êx 12.48 - igreja atemporal)
6.
Alertar contra os falaciosos (2.4)
7.
De que a jornada cristã é uma caminhada da Fé. Não adianta achar o
caminho, tem que trilhá-lo. Enraizados, raiz que mantém a árvore de pé.
Edifícios não caem por sua fundação. Em Cristo, enraizados, edificados,
alicerçados. (2.6)
A partir
de 2.8, entramos no cerne da questão. Paulo adverte contra a sutileza da tradição:
Colossenses 2:8 Cuidado que ninguém
vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos
homens, conforme os rudimentos do mundo e não segundo Cristo; E o motivo de tal alerta foi
contra os judaizantes que queriam realizar um casamento entre Cristo e Moisés,
ou melhor no contexto, entre Cristo e Abraão, uma vez que é nesse momento que
Paulo introduz a questão judaizante que procuravam incitar aos crentes a
praticarem a circuncisão. Tal advertência paulina pode ser confirmada em versículos
subsequentes de que ele estava falando, não apenas da circuncisão, mas de todo
do cerimonialismo judaico ao mesmo tempo em que se detém no exemplo da circuncisão.
Após, então,
falar da divindade de Cristo, como fundamento para seu argumento a seguir,
Paulo expõe da seguinte maneira:
Colossenses 2:10-11 Também, nele,
estais aperfeiçoados. Ele é o cabeça de todo principado e potestade. 11 Nele,
também fostes circuncidados, não por intermédio de mãos, mas no despojamento do
corpo da carne, que é a circuncisão de Cristo, sobre isto já tratamos quando citamos a circuncisão do
coração e falamos acerca da conversão.
Colossenses 2:12 tendo sido sepultados, juntamente com ele, no batismo, no qual igualmente fostes ressuscitados mediante a fé no poder de Deus que o ressuscitou dentre os mortos.
Podemos parafrasear a tríade de versículos logo acima da seguinte maneira:
'Vocês, crentes de Colossos, não podem
permitir que esses hereges que são, na verdade, mestres do erro, incite vocês a
retrocederem às sombras do Antigo Testamento. Vocês não precisam de ser,
literalmente, circuncidados na carne, uma vez que literalmente, vocês foram
circuncidados no espírito, vocês foram santificados, em Cristo, a fim de vocês
vencerem as tentações da carne ao ponto de serem efetivamente salvos. De fato, vocês
foram circuncidados, não na carne, não era uma circuncisão feita por mãos humanas,
mas do abandono das paixões da carne por meio de Cristo. Cristo foi torturado e
morreu, foi sepultado no vosso lugar. Tudo o que era escrito de dívida contra
vocês, Cristo levou sobre si mesmo (Gl 3.13). De forma que, quando declararam a
sua fé em Cristo, como seu Senhor e Salvador, aquela sua antiga natureza,
corrupta e culpada perante Deus, foi também sepultada com Ele. De forma que, aquilo que antes era visto como
objeto de condenação, se tornou visto como vãos de justificação. A consequência
disso é que não apenas vocês foram sepultados com ele, mas também foram
ressuscitados.'
Paulo não
atribui aqui, ao batismo, nenhum tipo de efeito místico, mágico, mas é pela fé
em si mesma, e não pelo ato batismal conforme podemos ver em 1 Co 1.14-17 cf. 1
Pe 3.21. Por isso, Paulo acrescenta: Colossenses 2:12 “...no qual igualmente fostes ressuscitados mediante a fé
no poder de Deus que o ressuscitou dentre os mortos.” (grifo meu).
Por qual
motivo, então, Paulo destaca o batismo quando diz “no vosso batismo”, ou “12... tendo sido sepultados,
juntamente com ele, no batismo.”? Paulo está magnificando o batismo para depreciar a circuncisão. Paulo
está desqualificando a circuncisão frente ao batismo. Uma vez que os
judaizantes ensinavam a necessidade da circuncisão para salvação.
Seguindo
o mesmo princípio, na essência do batismo não se pode afirmar sobre sua necessidade
de salvação, quem lê a palavra entende. Salvo aqueles ignorantes que afirmam
sua necessidade, seguindo o mesmo princípio da circuncisão; falo de ser feito a
um infante, mas para que esse, caso morra na condição de infante, não vá para o
inferno. Ora, nem a circuncisão, tão pouco a sua sequência que é o batismo tem
algum efeito nisso. Segue que a necessidade do batismo, aos infantes, obedece o
mesmo preceito da sua sombra que foi circuncisão: ordenada pelo Senhor. (...para vossos filhos...)
Para
alguns alguém pode caso contrário, objete: “Por que você abole a circuncisão
sob este pretexto – que sua realização está em Cristo? Não foi Abraão, também,
circuncidado espiritualmente, e ainda assim isso não impediu a adição do sinal
à própria carne? A circuncisão externa, portanto, não é supérflua, embora
aquela que é interior é conferida por Cristo”. Paulo antecipa uma objeção desse
tipo, fazendo menção ao batismo. Cristo, diz ele, realiza em nós circuncisão
espiritual, não por meio daquele antigo sinal, que foi em vigor sob Moisés, mas
pelo batismo. O batismo é, portanto, um sinal da coisa que nos é apresentada e
que, embora ausente, foi prefigurada por circuncisão.
Além
de Paulo desconsiderar tal necessidade da circuncisão para salvação, (e vimos
isso em Moisés e em Jeremias) ainda aponta ao batismo como selo da mesma
aliança pactual do AT, contínua e operada agora, não por meio de um sacerdote humano
e falho, nem por uma cisão na carne. Mas, um novo selo, condizente com a Nova
Aliança, inaugurada por Cristo com a mesma essência e princípios que o selo
anterior (Rm 4.11), contudo, não operada da mesma forma (exterior).
Aqui,
os termos pactuais continuam os mesmos. Há um legislador e soberano no pacto e,
também há um anuente aos termos desse pacto. De um lado o Soberano assinou com
seu sangue na cruz e deixou seu legado para posteridade lembrar, “...fazei isto em memória de mim...”. Do outro lado, só podem
participar da mesa, aqueles que são anuentes à Nova Aliança. O anuente ao pacto
aceita os termos da aliança e recebe em si mesmo o selo dessa aliança por meio
do batismo, e assim poderá participar da mesa do Senhor, assim como os crentes
do AT, depois de circuncidados, poderiam participar da Páscoa. Continuidade e
progressividade da revelação.
Ainda
dizemos que:
1.Não
vemos nenhuma continuidade da Páscoa praticada pela igreja após a morte e
ressurreição de Cristo registrada na Escritura. E nem poderia. Pois como se praticaria
o tipo, a sombra, em vista daquilo para o qual apontavam já ter vindo ao mundo
e realizado a sua obra? O tipo tendo sido cumprido, não resta nem a data
específica anual da sombra, que era a páscoa judaica. Cristo cumpre o tipo e
ordena: "... o sangue da Nova Aliança no
meu sangue".
Comemoramos o tipo cumprido: domingo, ceia, batismo (há conclusão posterior).
As sombras ficaram pra trás: Páscoa, circuncisão, sábados e outras datas
festivas, sacrifícios, etc.
2.
João, após a morte e ressurreição de Cristo, ou seja, já no período do NT,
registra uma informação histórica e doutrinária para a igreja com respeito à
Páscoa: "Ora, a Páscoa, *festa dos judeus,* estava próxima"... A
festa era dos judeus, não da igreja.
E sobre batismos familiares? (Atos 16.15, 33; 1 Coríntios
1.16)
É um argumento do silêncio que crianças foram inclusas
nestas três ocasiões[i]. Além disso, em Atos 16.30-33 Lucas aponta que a
Palavra de Deus foi pregada a todos aqueles que foram batizados, deste modo,
não sugerindo crianças, mas sim aqueles que podiam ouvir a Palavra é que foram
batizados.
RESPOSTA: Se este é um argumento do silêncio, a partir do texto
citado também não prova que crianças não batizadas. Se não serve como argumento
para um, também não serve para o outro.
É falsa o argumento sobre sua
base. Concernente ao texto de Lucas, já foi rebatida a mesma ideia quando tratamos
de que as crianças que recebiam o selo da Aliança, por meio da circuncisão, também
não entediam o motivo pelo qual estavam sendo podadas, ainda assim, recebiam o
selo. O fundamento do batismo após para compreensão do evangelho, certamente não
se aplica às crianças, apenas aos adultos.
Atos 16.30-33
30 “E, tirando-os para fora disse: Senhores, que é
necessário que eu faça para me salvar?” 31 “E eles disseram: Crê no Senhor
Jesus Cristo e serás salvo, tu e a tua casa”. 32 “E lhe pregavam a palavra do
Senhor, e a todos os que estavam em sua casa”. 33 “E, tomando-os ele consigo
naquela mesma hora da noite, lavou-lhes os vergões; e logo foi batizado, ele e
todos os seus”.
RESPOSTA:
Já respondido logo acima diante da proposição
de que não há batismo infantil
3. Batismo É descrito por Paulo como uma expressão de fé.
Colossenses 2.11-12
11 No qual também estais circuncidados com a circuncisão não
feita por mão no despojo do corpo dos pecados da carne, a circuncisão de
Cristo;12 Sepultados com ele no batismo, nele [isto é, o batismo] também
ressuscitastes pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou dentre os mortos.
Assim sendo, o batismo é uma expressão de fé, e o
ressuscitar com Cristo que acontece no batismo acontece por virtude do batismo
ser uma expressão de fé que os infantes não podem exercer.
RESPOSTA:
Respondido no tratamento do texto em questão.
4. O batismo é descrito por Pedro como um apelo (indagação)
a Deus pela pessoa sendo batizada.
1 Pedro 3.18-21
18 Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o
justo pelos injustos, para levar-nos a Deus; mortificado, na verdade, na carne,
mas vivificado pelo Espírito; 19 No qual também foi, e pregou aos espíritos em
prisão; 20 Os quais noutro tempo foram rebeldes, quando a longanimidade de Deus
esperava nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca; na qual poucas (isto é,
oito) almas se salvaram pela água; 21 Que também, como uma verdadeira figura,
agora vos salva, o batismo, não do despojamento da imundícia da carne, mas da
indagação de uma boa consciência para com Deus, pela ressurreição de Jesus
Cristo;
O batismo salva no mesmo sentido que de que é uma expressão
exterior de um apelo interior a Deus, não como um mero ritual de água. Ele
salva da forma que a confissão dos lábios salva em Romanos 10.9 – na medida que
a confissão dos lábios é uma expressão de fé do coração.
RESPOSTA:
O próprio texto de Pedro afirma que o
dilúvio era uma figura do batismo. De forma que o batismo não foi uma resposta
a uma boa indagação de Noé, mas algo promovido pela soberania de Deus. Termos
pactuais e símbolos de uma ação divina, conversão promovida por Ele mesmo. Além
do mais, o batismo não salva em nenhum sentido, da mesma maneira que a circuncisão
não fez. A questão da fé foi tratada no texto aos Colossenses.
Genesis 17.7-13
Catecismo de Heidelberg:
[Crianças filhos de pais cristãos] pertencem à aliança e o
povo de Deus… eles também devem ser batizados como um sinal da aliança,
inseridas na igreja cristã e distinguidas dos filhos dos incrédulos, como era
feito no Antigo Testamento pela circuncisão, em lugar do qual o batismo do Novo
Testamento é apontado.
Diretório de Culto [Público] de Westminster
A descendência e posteridade do fiel nascido dentro da
igreja têm por seu nascimento um interesse na aliança e direito ao selo dela e
aos privilégios externos da igreja sob o evangelho, não menos que os filhos de
Abraão na época do Velho Testamento…
Por que o batismo não é realizado aos filhos de pais
cristãos na Nova Aliança como a circuncisão era realizada aos filhos de pais
judeus na antiga aliança?
5. Porque os membros da nova aliança não são definidos por
uma descendência física, como os membros da antiga aliança eram, mas pela
escrita de Deus em seus próprios corações e chamando-os para si e trazendo-os
ao arrependimento e fé.
RESPOSTA: Há falácia no argumento. Uma vez que, esse é parte do argumento de Paulo quando fala acerca do assunto. E promove a Abraão carregando em si mesmo o símbolo, o selo da fé, por meio da circuncisão. Essa questão ele deixa de apontar. O autor também deixa de demonstrar que, no próprio Diretório de Culto está escrito:
De acordo com este estreitamento das pessoas da aliança para
aqueles que são verdadeiramente nascidos de Deus, o novo sinal da aliança
significa que a pessoa é, de fato, parte da comunidade de nascidos de novo, que
é evidenciado pela fé.
RESPOSTA:
Falso. O sinal da Aliança não é apenas da fé
do que tem a sã consciência dela. Isaque recebeu o sinal da aliança, sem
qualquer expressão de fé.. participava tão somente da Aliança por causa de seu
Pai, Abrão, que não apenas era seu pai carnal, mas também seu pai da fé, a quem
também foi pai de todos aqueles que viessem, no futuro, vir a Crer, ter a mesma
fé de Abraão no Messias que viria.
RESPOSTA:
Falso. Na Antiga Aliança o homem era
responsabilizado por sua família na Aliança com Deus, na própria carne. Era
assim para lembrar a ele de que o pecado trazia o derramamento de sangue (símbolo
de morte). Esta era a sua assinatura no pacto e assim como os descendentes de
Adão herdaram sua condição, assim também os que professaram a mesma fé de Abraão,
herdaram sua condição no pacto, incluindo filhos infantes e sem terem
expressado sua fé, mas seus pais o fizeram.
5.1 João Batista chamou para ser batizado aqueles que já
possuíam o sinal da aliança, mostrando que um novo significado estava sendo
dado ao sinal – não mais apontando para a descendência de Abraão, mas antes a
descendência espiritual por meio da fé e arrependimento.
Mateus 3.7-9
7 E, vendo ele muitos
dos fariseus e dos saduceus, que vinham ao seu batismo, dizia-lhes: Raça de
víboras, quem vos ensinou a fugir da ira futura? 8 Produzi, pois, frutos dignos
de arrependimento; 9 E não presumais, de vós mesmos, dizendo: Temos por pai a
Abraão; porque eu vos digo que, mesmo destas pedras, Deus pode suscitar filhos
a Abraão.
5.2 Jesus confirmou o ministério de João e definiu os filhos
de Deus não como aqueles nascidos de certos pais, mas aqueles nascidos de Deus
pela fé.
João 1.12-13
12 Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de
serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome; 13 Os quais não
nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de
Deus.
RESPOSTA:
Os textos são um fato, mas as alegações sobre
eles é uma falácia. Certamente já rebatido, sobre qual a posição de um adulto,
consciente, ao ouvir uma pregação do evangelho... O fato de um adulto ser
batizado, deve ser tão somente se ele entender o evangelho. Mas isso não nega,
nem contradiz o princípio da aliança de que, quanto os pais criam e eram
circuncidados, os filhos, necessariamente deveriam receber o mesmo selo.
5.3 Paulo elucidou que os filhos de Abraão a quem a promessa
foi feita não eram aqueles nascidos de acordo com a carne, mas aqueles nascidos
de acordo com a promessa. Filhos da promessa e filhos da carne não são a mesma
coisa.
Romanos 9.6-8
6 Não que a palavra de Deus haja faltado, porque nem todos
os que são de Israel são israelitas; 7 Nem por serem descendência de Abraão são
todos filhos; mas em Isaque será chamada a tua descendência. 8 Isto é, não são
os filhos da carne que são filhos de Deus, mas os filhos da promessa são
contados como descendência.
Gálatas 3.6-7
6 Assim como Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado
como justiça. 7 Sabei, pois, que os que são da fé são filhos de Abraão.
RESPOSTA:
Certamente se esqueceu de que a promessa é o
benefício concedido mediante os termos da Aliança, do pacto. E foi justamente
esta parte omitida do texto de Atos 2, da qual ele iniciou seu argumento.
5.4. Os filhos a quem a promessa é feita são os filhos que
são “chamados”, e a chamada de Deus é livre e não preso à família física.
Atos 2.39
Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e
a todos os que estão longe, a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar.
RESPOSTA:
Há falsidade na interpretação. Há três tipos
de pessoas ditas aqui. Vós, vossos filhos, e aqueles que ainda estão longe...
Vós – os que ouviam a
mensagem
Vossos filhos, os filhos dos
que ouviam a mensagem (há uma presilha aqui no que diz respeito ao sinal externo
da aliança – não mais circuncisão, mas o batismo)
Os que ainda estão longe... estes
estavam previstos na profecia e ordenança de Cristo com respeito aos gentios e
diáspora: Atos 1:8 mas recebereis poder, ao
descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém
como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra.
Entretanto, assim como vemos
a não necessidade estrita da circuncisão para salvação. uma vez que
evidenciou-se durante os quarenta anos no deserto em que Israel viveu ali,
viveu sem que praticassem a circuncisão. E, de mesmo modo, não podemos afirmar
que foram para o inferno os que ali morreram sem a terem feito quando crianças.
Ali, era uma privação involuntária dada a condição a que a nação estava
submetida. Por isso, se pode obedecer, obedeça. Mas não obedecer, que não seja
por negação ou rebeldia.
Da mesma forma, segue-se para
o batismo que, devem ser batizados todos aqueles aos quais está reservada a
promessa, às três classes: ...vós, vossos filhos,
e aqueles que ainda estão longe..., ou seja:
1. os que ouvem e entendem a pregação, 2. os filhos desses que ouvem mas, não necessariamente
entendem (direito natural de receberem o mesmo símbolo da aliança que seus pais
abraçaram – Isaque recebeu o símbolo da fé – o mesmo que seu pai, sem nada ter
crido ou entendido, assim como Ismael. Entretanto, um recebeu a anuiu a aliança
quando entendeu, outro rejeitou e abraçou morte para si), 3. e aqueles que
ainda viriam (gentios e diáspora). Furtar-se à esse princípio por negação ou
rebeldia, segue-se a destruição pela própria desobediência voluntária.