domingo, 9 de janeiro de 2022

Por que não podemos falar de política na igreja?

     Duas gerações se passaram desde que o período militar no Brasil se encerrou com a posse do primeiro presidente civil eleito diretamente pelo povo. Desde então o pensamento político foi banido da igreja e se tornou fruto cultural dessas gerações pós período militar.

    Falar de política ou ideologias após esse momento histórico se tornou um verdadeiro tabu entre a massa evangélica brasileira. Mas qual o verdadeiro motivo? O assunto não pode ser tratado na igreja? Isso não é assunto bíblico? Qual a verdadeira origem dessa ojeriza com a política?

    A máxima que deu origem a essa repulsa dentro da igreja tem a mesma fonte e motivação de outra. A máxima dentro da igreja é: “não se mistura política com religião”; e  tem a mesma fonte de outra máxima que é:  não se mistura religião com ciência.

    A pergunta que se faz necessária é: porque não se pode misturar nem política nem ciência com religião? Qual a razão dessas afirmações serem levadas ao extremo por muitos cristãos? E a melhor pergunta que podemos fazer é: Quais as razões bíblicas para se negar a falar desses assuntos na igreja?

    Prontamente podemos responder que não existe qualquer razão que nos impeça de falar de tais assuntos na igreja. Pelo contrário, existem razões bíblicas e razões seríssimas que nos obrigam a falar desses assuntos apontando princípios bíblicos que devem nortear a vida do cristão nessas questões. 

    Quando nos negamos a falar desses assuntos na igreja, estamos reduzindo a glória de Deus e repartindo o mundo entre espiritual e material como se Deus não pudesse nos orientar nessas questões comuns da vida.

    Quando o cristão não é ensinado dentro dos princípios bíblicos sobre como se deve conduzir, como deve construir suas opiniões, seus pensamentos acerca desses temas, ele, inevitavelmente será conduzido por princípios mundanos, princípios que não glorificam a Deus e nem tão pouco têm qualquer utilidade para santificação.

    O apóstolo Paulo conduziu a referência a todo e qualquer assunto ou a toda e qualquer princípio ético e/ou espiritual da seguinte maneira: “Porque as armas da nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas, anulando nós sofismas 5 e toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo,” (2 Coríntios 10:4-5).

    Paulo fala aqui do que hoje nós chamamos de “Cosmovisão”. A forma como nós olhamos o mundo à nossa volta, o analisamos e pautamos nosso comportamento; e a forma de pensamento é conduzida pela nossa cosmovisão. O cristão deve possuir uma cosmovisão bíblica.

    Quando negamos um determinado princípio bíblico para abraçar um princípio meramente humano pelo qual nos deixamos conduzir, nós estamos, na verdade, deixando de “ levar cativo todo pensamento à obediência de Cristo”.  Isso é dividir a glória de Cristo, dividir a glória do Deus Trino com a pretensa "glória" dos homens, particularmente com aqueles que, não deveriam, mas estão pautando nosso pensamento. E isso definitivamente é idolatria.




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