A raça humana sempre
predispôs aqueles que lideram e aqueles que são liderados. Esta é uma questão
até mesmo naturalmente desenvolvida através da criação e/ou através dos ímpetos
da personalidade inata. Não existe nada de errado neste aspecto do ser ou não
ser líder.
Biblicamente vemos na
história que esta foi sempre uma realidade. Já no início Deus criou o homem e
entregou a ele toda a natureza para que ele dominasse sobre ela. Era uma
relação benéfica para ambos, homem e natureza em harmonia: “... e colocou o homem no jardim do Éden para o cultivar e o guardar”.
Vem o ato do pecado e esse elimina toda possibilidade de harmonia entre a raça humana e a natureza e tão certo, entre o homem e o seu próximo. A mulher ficou delegada à orientação do homem pelo seu erro em ter avançado em área que não era de sua competência: “o teu desejo será para o teu marido e ele te dominará”. E o homem castigado por sua omissão em não ter assumido seu papel na criação e desde então o seu trabalho seria um constante sofrimento pois a terra não teria mais aquela predisposição em produzir como antes: “maldita é a terra por tua causa, ela produzirá, cardos e abrolhos...”.
A harmonia foi quebrada pelo pecado não somente entre a raça humana, mas também entre a raça humana e a própria criação; e a partir daí estão em pé de guerra. A greve é exatamente uma das demonstrações da quebra dessa harmonia que há na raça humana, um conflito não resolvido entre governo e liderados. Mas o cristão, visto que ele tem a bíblia como regra de fé e prática, pelo menos deveria, obriga-se a olhar para a Escritura e ver o seu ensino sobre esta questão.
Sempre existem as razões dos dois lados. Uns querem melhoria das condições de trabalho e melhores salários e outros têm nas suas mãos a responsabilidade de oferecer estas questões.
De um lado o desejo em si mesmo de ter melhores condições de trabalho é uma justa questão obviamente eliminadas as tendências egoístas. A outra questão é o sustento em si mesmo, o dinheiro. Paulo falando acerca desta questão à Timóteo afirma: 1 Timóteo 6:10 Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores.” E na carta de Tiago afirma: Tiago 4:1 “ De onde procedem guerras e contendas que há entre vós? De onde, senão dos prazeres que militam na vossa carne? ” A raiz de todo conflito? Cobiça, amor ao dinheiro, egoísmo, ganância.
Os líderes sabem muito bem de todas estas questões, falo aqui de liderança sindical. Não digo sabem das questões bíblicas, pode até ser, mas falo do desejo de todos quererem melhorar financeiramente visto como algo bom. E manipular uma grande massa chamando o mal de bem, o que existe de pior dentro dela: Cobiça, amor ao dinheiro, egoísmo, ganância, se torna a dominação ainda mais fácil, pois o título dado a esta luta é: “temos que lutar pelos nossos direitos”. De fato: direito a permanecer no estado pecaminoso, direito à própria condenação, por isso também está escrito que: “cada um dará contas de si mesmo a Deus”, liderados e líderes.
A outra questão é o aspecto da relação entre governo e população. A Bíblia nos orienta a manter uma relação com aqueles que nos governam e nos dá qual deve ser a direção em alguns textos:
· Romanos 13:1-2 Todo homem esteja sujeito às autoridades
superiores; porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades
que existem foram por ele instituídas. 2 De modo que aquele que se opõe à
autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si
mesmos condenação.
· 1 Timóteo 2:1-2 1 Antes de tudo, pois,
exorto que se use a prática de súplicas, orações, intercessões, ações de
graças, em favor de todos os homens, 2 em favor dos reis e de todos os que se
acham investidos de autoridade, para que vivamos vida tranquila e mansa, com
toda piedade e respeito.
A orientação para o cristão verdadeiro não é a de
entrar em conflito com a autoridade, ou com o governo. E querendo ou não uma greve
é um ato de extrema rebeldia, como no texto de Romanos acima, se torna um
atentado contra o próprio Deus. Caso a autoridade não esteja sendo boa para
nós, pergunto: quantas vezes oramos de modo específico acerca dela, e mais,
oramos com ela? Se enquanto liderados por homens investidos de autoridade não
oramos por eles, o que nós temos o direito de reclamar assumindo uma posição de
rebeldia entrando em uma greve? Ninguém está aqui fazendo apologia a nada. O governo tem sua responsabilidade sim e sou o primeiro a ir até eles se furtarem-se à esta obrigação. E perante Deus, eles têm o dever de cumprir fielmente a obrigação que lhe foi entregue. Entretanto, existe outras possibilidades de resolver conflitos que não uma greve? Claro que sim. O diálogo é sempre a melhor opção. Se o governo não quer ter diálogo é uma coisa, agora, os liderados se furtarem a oportunidade do diálogo oferecida é outra.
Em outros tempos não havia diálogo. O motineiro (grevista) era encarcerado, não tinha qualquer direito, eram torturados, tinham seus ossos quebrados para entregar seus amigos, suas esposas e filhas eram estupradas e mortas. Mas o ser humano é incrivelmente corrupto em seu âmago. Agora com a desculpa de liberdade, se bloqueiam ao diálogo, tendo a mesma atitude do governo de outrora, e querem pela força da rebeldia terem seus “direitos” realizados? Haja gênio da lâmpada para realizar todos.
Meu avô tinha um ditado muito interessante. Ele sempre dizia com respeito ao emprego, com respeito ao salário: “É melhor lamber do que cuspir”. Um ditado com base em um princípio bíblico: 1 Timóteo 6:8 “Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes. ” Ou seja, não é triste ou vergonhoso tendo o básico para vida.
Termino usando mais uma vez o texto de Tiago me alongando um pouco mais:
Tiago 4:1-2 “De onde procedem guerras e contendas que há entre vós? De onde, senão dos prazeres que militam na vossa carne? 2 Cobiçais e nada tendes; matais, e invejais, e nada podeis obter; viveis a lutar e a fazer guerras. Nada tendes por que não pedis. 3 Pedis e não recebeis porque pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres. ”