De fato,
encontramos alguns versículos bíblicos que nos apontam esta verdade, como é o
texto de 2 Tessalonicenses 3:9 “... não porque não tivéssemos esse direito, mas
por termos em vista oferecer-vos exemplo em nós mesmos, para nos imitardes. ”
Paulo, ao escrever este versículo, aponta para seu próprio exemplo de que ele
trabalhou como fazedor de tendas para ensinar ao povo que o trabalho é digno e
que dele deve vir o sustento. Mas isso não quer dizer que ele desconsiderou o seu
próprio trabalho missionário como sendo trabalho indigno de salário.
Em outras
circunstâncias Paulo fala de si mesmo também como exemplo aos coríntios em I Co
11.1 – “Sede meus imitadores assim como eu sou de Cristo. ” Neste versículo
Paulo mostra àquela igreja que eles deveriam imitar a Paulo no que ele imitava
à Cristo. Nem todos os atos de Paulo de fato imitavam os atos de Cristo, isso é
óbvio. Como a contento, quando ele estava para empreender uma de suas viagens
missionárias entrou em atrito com Barnabé por causa de Marcos e a dupla se
separou. Deveria ser imitado nisso? Certamente que não.
O exemplo deve
falar mais alto? Claro que sim! Mas os exemplos dos homens? Ah. Aqui está a
diferença. ISSO DEPENDE. Os homens de Deus devem ser imitados? Sim!!! Mas em
todas as coisas? Não!!! Existe o modelo supremo que deve ser imitado para o
qual Paulo e outros apóstolos sempre apontaram, não para eles mesmos, mas para
Cristo.
·
1 Pedro 2:21 Porquanto para isto mesmo fostes
chamados, pois que também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo
para seguirdes os seus passos;
·
João 13:15. Porque eu vos dei o exemplo, para
que, como eu vos fiz, façais vós também;
·
I Co 11.1 – “Sede meus imitadores assim como
eu sou de Cristo. ”
A despeito do
exemplo humano, Cristo é o exemplo supremo que deve ser imitado. Paulo e outros
sabiam de suas limitações, e direcionam como exemplo a ser seguido, não eles
mesmos, mas Cristo deve ser seguido, e isso é bem claro no próprio exemplo do
Messias em João 13.15 citado acima.
Duas
questões são pertinentes.
1. Os
homens que erram em suas atitudes mas ensinam o que é reto devem ter seus
ensinos desprezados?
Os fariseus
certamente não eram um bom exemplo a ser seguido, pelo contrário, seu modo de
vida era detestável e ainda é. Mas isso
impedia aos seus ouvintes, uma vez sendo os seus ensinos corretos, de fazerem o
que eles ensinavam? Seus ouvintes estariam isentos de culpa caso não atentassem
para o seu ensino? A resposta às duas perguntas é: Certamente que não. Jesus,
ao falar dos ensinos dos fariseus, afirmou: Mateus 23:2-3 “Na cadeira de Moisés
se assentaram os escribas e os fariseus. 3 Fazei
e guardai, pois, tudo quanto eles vos disserem, porém não os imiteis nas suas obras;
porque dizem e não fazem”. A afirmativa de Jesus é que independentemente do
quão fosse péssimo o exemplo dos fariseus o povo deveria ouvir e obedecer aos
ensinos, mas não imitar o seu exemplo. Então antes de dar a resposta a essa
primeira pergunta vamos ver o exemplo de um crente, o apóstolo Paulo.
Se levarmos em
consideração que nem sempre Paulo acertou em suas ações, então Paulo não
deveria ser imitado no que ele fazia de certo? Obviamente, para determinar se o
exemplo de Paulo deveria ser seguido ou não, ele mesmo havia dado a chave de
quando o povo deveria imitá-lo, “...assim como eu sou de Cristo...”. Ou seja,
Paulo, como apóstolo, afirmou que seu exemplo deveria ser seguido apenas
naquilo que ele mesmo fazia como se fosse o próprio Cristo fazendo, ou seja,
imitar a Paulo apenas em suas corretas ações que imitassem a Cristo.
Então, a
resposta a essa primeira pergunta é que mesmo que a liderança erre em suas
atitudes, seus ensinos devem ser desprezados com a desculpa de se estar aguardando
um exemplo?? Não, claro que não. Jesus foi bem claro.
2. Mesmo
que os homens não recebam por meio de sua liderança o exemplo que julgam ideal
devem ser omissos no que sabem o que deve ser feito?
Bom, a partir
da leitura da resposta à primeira pergunta todos já devem ter na ponta da língua
a resposta da segunda. É claro que não. Cada ser humano será responsabilizado
por aquilo que fez ou por aquilo que deixou de fazer independentemente do
exemplo que ele teve. Se ele sabia o que tinha de fazer e não o fez, foi omissa
e pecaminosa sua atitude. Diferentemente daquilo que ele não sabia o que tinha
de fazer e por isso não fez. Seja como for, sabendo ou não, ninguém dará conta
de suas atitudes por você, ou da falta delas, senão você mesmo que pecou, seja
por omissão ou por ignorância.
Desta
feita o exemplo deve ser o meio pelo qual as pessoas devem processar a fé e
virem a ter atitudes de verdadeiros cristãos? Não! O meio não é esse. Se a
atitude esboça a fé (Tg 2.22), ou seja, é a fé demonstrada na ação, como a fé
vem? Pelo exemplo??? Se for isso, Paulo estava completamente enganado em
afirmar: “A fé vem pela pregação e a pregação pela palavra de Cristo”. "Quem tem ouvidos, ouça...".
Então, se sabe o que tem de
ser feito, faça e sem reclamar. Pois “cada um dará contas de si mesmo à Deus”.
Rev. Júlio Pinto
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