Um estranho no ninho faz menção a um clássico do cinema considerado um
dos melhores filmes já produzidos. Ele conta sobre a estória de um prisioneiro
que finge ser um doente mental para não trabalhar e é enviado a uma clínica
especializada para doentes mentais onde lá promove uma rebelião.
Mas não é sobre o filme que estou a fim de falar, e sim acerca de uma
das duas únicas opções que são perceptíveis no decorrer da vida onde realmente
possamos nos sentir um estranho no ninho.
Estar no mundo e viver como parte, sentir-se parte dele não é para
todos. O mundo afinal não foi criado para os seres humanos? Sim, ele é a base
para a cadeia de sobrevivência humana. Sem o ar, sem a terra, sem água, sem os
animais e plantas a vida humana seria insustentável. Interessante perceber na
história da criação que Deus criou primeiramente todo esse habitat que
proporcionasse a vida e que essa sustentasse a vida.
O fluxo humano na história sempre percorreu em duas direções apenas: ou
pendia para o bem, ou pendia para o mal. A busca incessante da humanidade para
sua sobrevivência já iniciava na dificuldade inerente à questão: Quem define o bem e o mal? Correndo para
sobreviver, o homem é obrigado a lidar com essa dualidade diariamente, e isso
desde a mais tenra infância.
As culturas de todos os tempos, mundo afora, sempre tiveram de buscar
essa definição em alguma coisa, ou em alguém. O argumento que definia se algo
era do bem ou do mal deveria sempre passar pelo crivo da subjetividade de
alguém com voz de comando.
Entretanto, a concordância acerca de uma definição baseada na
subjetividade alheia sempre também precisou olhar a balança interna no próprio indivíduo comandado. Seria a concordância ou não dos liderados. E, nem sempre, a
discordância pessoal tinha por fundamento a rebeldia, mas apenas o não
entendimento dos motivos da definição do que era do bem, ou do que era do mal
ser daquele modo.
Estar no mundo, para um cristão, significa estar a todo instante lutando
consigo mesmo, a partir de duas fontes de pressão de origens diversas que chamam para si
mesmas o direito de definir os conceitos de bem e mal.
Sendo o conceito de bem e mal algo subjetivo a cada homem, então temos
que a moral é algo relativo. Sendo a moral relativa, como podemos argumentar acerca
de um bem comum, ou afirmar de que possa existir um código moral que atenda à expectativa da humanidade em definir-se dentro desse conceito que percorre a existência
entre o mal e o bem?
Não sendo Deus a fonte dessa definição espelhada na humanidade desde a
sua origem, o que mais resta como fonte objetiva dessas duas definições? A resposta
é bruta, tosca, pois sem um padrão de uma Perfeita Moral, Absoluta, a anarquia
moral é o que sobra, pois ela se torna subjetiva e a partir de si mesmo o homem se torna seu próprio padrão moral.
O descrente não tem qualquer direito de pensar subjetivamente acerca do
mal e julgar a Deus como sendo responsável pelo mal que aconteça no mundo. Não tem
o direito de afirmar o que é bem, se esse bem não atende à necessidade alheia daquele que crê em Deus. Não
tem o direito de argumentar sobre conceito moral, bem ou mal, se a fonte de
suas convicções e definições são ele próprio.
O mundo só possui duas vertentes dessas definições: A primeira vertente
se sobressai pela subjetividade, pela individualidade, pelo egocentrismo, pelo
hedonismo, e para ser um pouco mais redundante se sobressai pela relatividade. A segunda vertente é objetiva, e está no fato
de Deus ter se revelado à humanidade um espelho de sua Perfeita e Absoluta Verdade
Moral sintetizadas nos Dez Mandamentos.
Para o descrente não existem controvérsias em se viver num mundo plural,
num mundo relativo, num mundo cada vez mais decadente que se apóia no próprio homem
com sua definição moral mutante indo direto para fundo se tornando na própria
escória que um dia ele mesmo condenou no passado. Esse homem se sente dono do
ninho e quer a todo custo forçar, literalmente, que todos pensem como ele.
Por esse motivo, viver num mundo onde a verdade e a moral têm sido cada
vez mais relativizadas é que devemos continuar a viver no mundo, mas crendo que
somos como que um estranho no próprio ninho. Enquanto isso passamos por tribulações.
Mas chegará o dia em que a pureza fará parte de nossas vidas de forma eterna e
inviolável, tanto em nós mesmos como no universo que estará diante de nós. Maranatha!!!!!!
Rev. Júlio César Pinto