domingo, 8 de julho de 2012

Teologia reformada não é religião.


         “De qual religião você é?” Quem nunca ouviu esta pergunta? “Sou da religião....” Quem nunca deu esta resposta? A religião precisa ser entendida em seu contexto. Apenas quatro vezes esta palavra aparece na tradução Revista e Atualizada da Bíblia, por João Ferreira de Almeida. A primeira é em Atos 25.19 que diz respeito à palavra “deisidaimonia”, à busca de maneira equivocada a Deus. As outras três vezes que ela aparece são em Atos 26:5, Tiago 1:26 - 27. Nestas últimas vezes o termo é “threskeia” que diz respeito a qualquer tipo de adoração, ou cerimônia que tem a ver com a sua inclinação espiritual, seja ela qual for.
         A palavra religião não se encontra nas línguas originais da Bíblia, é um cognato da língua latina que surgiu muito tempo depois do término da escrita dela. No entanto, é usado nestes quatro casos na tradução de João Ferreira e de outros tomando emprestado esse termo que vem do latim para tentar traduzir a ideia da prática que diz respeito à devoção a uma divindade qualquer. A princípio, se queremos distinguir o Deus da Bíblia das falsas divindades obviamente este termo não pode ser empregado com este fim.  
        Apesar de ser essa uma conclusão lógica, não é o cerne deste texto. Como vimos, a própria definição latina do termo traduz um esforço do ser humano em busca da divindade. Nisso todas as religiões do mundo se enquadram. O islâmico tem as suas obrigações, inclusive matar os infiéis, se quiserem entrar no paraíso; o católico tem de participar da missa, ser batizado, etc, se quiser ser salvo; as seitas oriundas do cristianismo, em todas elas seus adeptos têm de fazer algo para alcançar a salvação; os pentecostais evangélicos têm de falar em línguas, têm de buscar serem batizados pelo Espírito Santo, não podem pecar porque se não fizerem conforme suas doutrinas irão para o inferno; as religiões orientais da mesma forma não escapam a esse molde, se não meditarem, não alcançarão o nirvana; os espiritualistas se não forem bons, não alcançarão o patamar espiritual superior.
    É completamente injusto classificar os evangélicos reformados como integrantes de uma religião, apesar de eles mesmos executarem um certo modo de buscarem a Deus. Só que existe uma exorbitante diferença. A Bíblia nos ensina que o homem não toma parte em absolutamente nada no processo da sua salvação. Alguns já chegaram a afirmar que a responsabilidade do homem e a soberania de Deus na salvação do mesmo são "duas linhas paralelas", o que chega ser um total absurdo. Sabemos entretanto que há textos que colocam a responsabilidade da salvação do homem no próprio homem e outros exclusivamente em Deus.
       Precisamos entender que a Bíblia foi feita para ser examinada, primeiramente pela igreja, mas isso não impede de que ela seja examinada por pessoas que não tem qualquer entendimento acerca das coisas de Deus, os ímpios. Mas mesmo assim, se eles lerem tais textos que falam de suas responsabilidades não terão como fugir da percepção no tocante à sua futura condenação ao inferno. Isso eles entendem. O que eles não entendem/aceitam, é a soberania de Deus sobre a salvação do homem.(I Coríntios 2.14; 12.3 )  Isso só um homem de fato salvo consegue entender e aceitar. Renegar a total soberania de Cristo na salvação humana é um ato pecaminoso e diz a Bíblia que é motivo de condenação (2 Pedro 2:1).
       O que estamos afirmando é que a teologia reformada não pode ser definida como uma religião, pois este termo define a ação do homem em sua tentativa de aproximação a Deus com vistas à salvação. Ao contrário, o que define o cristianismo estritamente bíblico, a teologia reformada, é que o homem não tem qualquer capacidade em se aproximar de Deus com vistas à sua salvação, pelo contrário; isso é uma ação de Deus na vida do homem para glória de Deus. Assim não somos religiosos, somos bíblicos.   

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