“De qual religião você é?” Quem nunca ouviu esta pergunta? “Sou
da religião....” Quem nunca deu esta resposta? A religião precisa ser entendida
em seu contexto. Apenas quatro vezes esta palavra aparece na tradução Revista e
Atualizada da Bíblia, por João Ferreira de Almeida. A primeira é em Atos 25.19
que diz respeito à palavra “deisidaimonia”, à busca de maneira equivocada a
Deus. As outras três vezes que ela aparece são em Atos 26:5, Tiago 1:26 - 27. Nestas
últimas vezes o termo é “threskeia” que diz respeito a qualquer tipo de
adoração, ou cerimônia que tem a ver com a sua inclinação espiritual, seja ela
qual for.
A palavra religião não se encontra nas línguas originais da
Bíblia, é um cognato da língua latina que surgiu muito tempo depois do término
da escrita dela. No entanto, é usado nestes quatro casos na tradução de João
Ferreira e de outros tomando emprestado esse termo que vem do latim para tentar
traduzir a ideia da prática que diz respeito à devoção a uma divindade
qualquer. A princípio, se queremos distinguir o Deus da Bíblia das falsas
divindades obviamente este termo não pode ser empregado com este fim.
Apesar de ser essa uma conclusão lógica, não é o cerne deste
texto. Como vimos, a própria definição latina do termo traduz um esforço do
ser humano em busca da divindade. Nisso todas as religiões do mundo se
enquadram. O islâmico tem as suas obrigações, inclusive matar os infiéis, se
quiserem entrar no paraíso; o católico tem de participar da missa, ser
batizado, etc, se quiser ser salvo; as seitas oriundas do cristianismo, em
todas elas seus adeptos têm de fazer algo para alcançar a salvação; os
pentecostais evangélicos têm de falar em línguas, têm de buscar serem batizados
pelo Espírito Santo, não podem pecar porque se não fizerem conforme suas doutrinas irão para o
inferno; as religiões orientais da mesma forma não escapam a esse molde, se não
meditarem, não alcançarão o nirvana; os espiritualistas se não forem bons, não
alcançarão o patamar espiritual superior.
É completamente injusto classificar os evangélicos
reformados como integrantes de uma religião, apesar de eles mesmos executarem um certo modo de buscarem a Deus. Só que existe uma exorbitante diferença. A Bíblia nos
ensina que o homem não toma parte em absolutamente nada no processo da sua salvação. Alguns já chegaram a afirmar que a responsabilidade do homem e a
soberania de Deus na salvação do mesmo são "duas linhas paralelas", o que chega
ser um total absurdo. Sabemos entretanto que há textos que colocam a
responsabilidade da salvação do homem no próprio homem e outros exclusivamente
em Deus.
Precisamos entender que a Bíblia foi feita para ser
examinada, primeiramente pela igreja, mas isso não impede de que ela seja
examinada por pessoas que não tem qualquer entendimento acerca das coisas de
Deus, os ímpios. Mas mesmo assim, se eles lerem tais textos que falam de suas
responsabilidades não terão como fugir da percepção no tocante à sua
futura condenação ao inferno. Isso eles entendem. O que eles não
entendem/aceitam, é a soberania de Deus sobre a salvação do homem.(I Coríntios 2.14; 12.3 ) Isso só um
homem de fato salvo consegue entender e aceitar. Renegar a total soberania de Cristo
na salvação humana é um ato pecaminoso e diz a Bíblia que é motivo de condenação
(2 Pedro 2:1).
O que estamos afirmando é que a teologia reformada não pode
ser definida como uma religião, pois este termo define a ação do homem em sua
tentativa de aproximação a Deus com vistas à salvação. Ao contrário, o que
define o cristianismo estritamente bíblico, a teologia reformada, é que o homem
não tem qualquer capacidade em se aproximar de Deus com vistas à sua salvação,
pelo contrário; isso é uma ação de Deus na vida do homem para glória de Deus. Assim não
somos religiosos, somos bíblicos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
A todos os leitores peço que deixem seus comentários. Todos os comentários estarão sendo analisados segundo um padrão moral e ético bíblicos e respondidos à medida que se fizer necessário.