segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

A IMPORTÂNCIA DE UMA FORMAÇÃO



               Você está doente, muito mal, e o que faz? Você vai até um médico e consulta. Depois de te examinar com as técnicas e perguntas apropriadas, então, o médico lhe passa uma receita que aos seus olhos leigos lhe parece lógica e coerente, afinal de contas quem lhe passou foi um médico. Alguém que estudou anos a fio para esta finalidade. Alguém que não só pela experiência pessoal nos casos em que ele já vivenciou, mas principalmente casos esses em que ele pode atestar e provar o seu conhecimento acadêmico. De certo, com esta confiança você toma os remédios que ele lhe indicou.  Todavia, sua confiança não seria a mesma se a receita lhe fosse passada por um homem qualquer que por interesse pessoal, ou experiência de outros, ou dele mesmo, sem conhecimento acadêmico lhe desse uma receita para seu problema, alguém que pudesse ser enquadrado na pajelança popular. Do mesmo modo você precisando de um engenheiro mecânico, alguém que tivesse a devida formação, de modo algum você contrataria em seu lugar um seu Zé, prático, que aprendeu a concertar motocicletas no fundo do quintal de alguém com outro que também não tivesse formação, ou que tivesse aprendido algo por simples tentativa e erro.
               Algumas pessoas nestes casos, para economizar tempo e dinheiro, preferem ir pelo caminho mais fácil, procuram a pajelança popular, ou o seu Zé no fundo do seu quintal para projetar uma peça  a fim de substituir aquela que não é mais fabricada. Esta é conhecida como "economia porca". Bom, o fim disso é que o seu Zé, e o pajé, tecnologicamente, academicamente e nem mesmo experimentalmente possuem condições de substituir, ou mesmo discutir teorias com um médico formado, ou com um engenheiro. E quando estão diante de um médico, ou de um engenheiro não se atrevem a discutir teorias, pois sabem seu lugar. Bem, isso também depende de sua soberba.  Não estou afirmando que em algumas coisas, e apenas em algumas, pela experiência do seu Zé e do Pajé eles podem acertar. Mas se acertaram, não foi por que o sabem teórica e cientificamente, mas o sabem por pura sorte de terem acertado uma ou outra vez.
               Mas quando o assunto é Bíblia, quando o assunto é teologia, esse recato visto no seu Zé e no Pajé se perdem em meio às subjetividades. A questão é: biblicamente isso está correto? Esta é uma questão que precisa ser levada muito à sério, pois não diz respeito a uma peça que pode apenas quebrar uma máquina, tão pouco diz respeito à uma doença que pode causar apenas a morte física; fala-se aqui de um problema que pode lhe levar ao inferno.
               Diferenças e divergências de interpretação podem existir? Sempre existiram! O problema não é que existam as diferenças, o problema é onde as diferenças nos levam. O X da questão é reconhecer que o quase certo, o parecido, ou o “em parte concordamos” não se trata da verdade Bíblica. A Bíblia não pode de forma alguma ser analisada e defendida de acordo com a percepção natural de cada ser humano, a bíblia não é subjetiva. Percepção que, aliás, é apenas uma forma de falar diferente acerca da interpretação particular. Não adianta querer diferenciar filologicamente uma da outra, pois enfim, na prática, são a mesma coisa. Sendo lida assim torna a Escritura uma colcha de retalhos que pode ser manipulada de acordo com a experiência (Pajé e seu Zé) individual. Neste caso o que deve ser feito é despir-se totalmente e acatar, como a Escritura ensina, o ensino por parte de quem já foi chamado e qualificado para este fim. Se eles ensinarem errado, darão contas de isso a Deus. (Ver indicações de textos bíblicos ao final)
E a Escritura está aí para ser examinada por todos para ver se o que ensina diz é a verdade. Mas a verdade é lógica, coerente, racional, cognoscível. Não é algo tão sublime que não possa ser alcançada no seu entendimento. Pelo menos nas questões cruciais. E até mesmo o que é crucial precisa ser coerente, lógico.  
               Veja que nenhum dos homens de Deus deixaram de ser ensinados por outros que já haviam sido ensinados, não de uma forma qualquer. Eles não brotaram simplesmente em um dado momento na história, em um dado lugar e do nada começaram a entender a Escritura por sua simples leitura por mais dedicada e prolongada em termos de tempo que fosse (Atos 8.30 ss). No princípio, nos primórdios da revelação de Deus, o ensino era de fato passado por tradição oral. Contudo, conhecedor do espírito humano, Deus ordenou que a Sua Palavra fosse escrita, para que os seus preceitos não se perdessem na oralidade. As escolas para este fim foram criadas e o próprio Senhor Jesus fez uso do modelo escolar grego. Ele ensinava durante sua jornada com seus discípulos tanto a teoria quanto a prática. Chamou para serem seus alunos pessoais doze homens aos quais instruiu de acordo com a formalidade de sua época.
A princípio, uma parte dos discípulos escolhidos por Jesus para serem seus apóstolos, eram homens sem instrução. Mas, todos eles, sem exceção, passaram por um seminário intenso com o Rei da Glória, com o Senhor dos Exércitos, com o Criador do universo por três anos. Ao ponto de um deles, dois dos mais rudes no princípio, ser admirado por seus ouvintes (Atos 4.13) após a morte de Cristo. E hoje, qualquer um, sem o mínimo de instrução formal se torna mestre, pastor, até mesmo apóstolos nomeados por outros que tinham sua mesma condição, leigos sem qualquer instrução prévia, apenas interessados. Sua teologia é construída como uma colcha de retalhos que não possui começo, meio ou fim, mas um amontoado de ideias esparsas que chegam a se contradizer em suas próprias ideias peremptoriamente. Convenhamos, Deus não é deus de confusão (1 Coríntios 14.33).
Não afirmo que todos estes homens ajam por malícia e dolo. De fato alguns são sinceros no que fazem, sinceros na sua devoção. Entretanto, infelizmente, sinceridade não é sinônimo de se estar certo. Podem ser sinceros, mas errados. Onde enquadrá-los?
Atos 18.24-26;  Efésios 4.11 – ss; Hebreus 13.7, 17; I Timóteo 1.7; Hebreus 5.12; Tiago 3.1; Judas 1.2; Ezequiel 13.16; Miquéias 3.5; Mateus 7.15; Efésios 2.20, Jeremias 14.14; 23.32; Ezequiel 13.16; Miquéias 2.6; 2 Pedro 2.1; 2 Coríntios 11.3-14
               Sobre o texto de 1 João 2.27, uma explicação à parte pode ser vista em http://www.revjuliopinto.blogspot.com.br/2014/12/ideia-abominavel.html

Rev. Júlio Pinto





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