quinta-feira, 16 de abril de 2020

A LOUCURA DO RELATIVISMO


 Por: Rev. Júlio César Pinto[i]


                Aristóteles, em seu tempo, combateu aqueles que eram conhecidos por sofistas. Esses últimos valorizavam a retórica mais do que qualquer outra coisa. Para Aristóteles, seria possível você chegar a conhecer a Verdade. Mas essa forma de pensar mudou radicalmente após a Reforma Protestante que abriu alas ao Iluminismo do Sec. XVIII.

                Immanuel Kant, filósofo moderno, dizia não ser possível conhecer a realidade como tal, muito menos haver uma Verdade. Após meados do século XX, os sofistas retornaram com força e vigoraram suas ideias nas universidades e faculdades. Desde então, principalmente nas áreas de humanas, a filosofia do discurso vazio ganhou status. Esta seria tão somente a valorização do discurso em detrimento dos fatos e realidade.

                A construção do pensamento, a forma de pensar aristotélica, perpassava por três ângulos: signo, significado e o referente. O signo são os sinais que usamos para nos comunicar: números, letras, palavras, textos, imagens, etc.; o significado é a relação do conhecimento com o signo, é algo apenas mental; e o referente é o objeto ao qual o signo aponta; é algo palpável que identifica o signo em conjunto com o significado.

                Ao unir essas três coisas  (signo, significado e referente) seria possível então conhecer a realidade como tal. Juntos eles formam a Verdade. Para os sofistas entre conhecer o signo e seu significado não importava o referente para se chegar à realidade da coisa significada, apenas o discurso é o que importa. A desconstrução da realidade passou a ser meta nos cursos de humanas. Afinal, metanarrativas[ii] seriam algo completamente absurdo diante de “tantas realidades possíveis”.

                A semiótica tratou de esmiuçar essa “nova” epistemologia: dentre outros, Charles Peirce, Jean Paul Sartre, Simone de Beavoir, foram os tidos como grandes nomes do pós modernismo para essa “ciência”. Esses abraçaram a causa de outro nome bem conhecido na área de humanas: o comunista italiano e filósofo kantiano Antônio Gramsci. No Brasil, o maior defensor do sofisma moderno e o mais popular deles se tornou o patrono da educação: Paulo Freire.

                Na educação freiriana, a lógica do discurso e o saber, como tal, passam exatamente pela epistemologia de Kant. Para ele, apenas o signo e o significado têm, de fato, importância no aprendizado. Em outros países essa metodologia é vista apenas como teoria, mas aqui foi posta na prática do ensino de forma massiva.

Essa desconstrução da realidade passou a ser temas nas universidades em todo Brasil. Na Universidade Federal de Minas Gerais, o Estruturalismo e sua decorrente desconstrução, além de tema de estudo, se tornou livro. A engenharia do estruturalismo tem como princípio identificar as bases que constroem o discurso, eliminar o referente para, assim, determinar novo discurso desde que o novo discurso seja aquele mais conveniente e isso à parte do referente.

Sem o referente, é dito pelos sofistas modernos que o discurso assume o lugar da realidade. Os fatos, a história, os testemunhos, os dados científicos, os vídeos verdadeiros, nada disso importa, o que importa é o discurso em si. E quem tiver melhor retórica, mesmo que vazia de realidade é quem ganha o público que se torna massa de manobra, o gado como é dito. (Veja o vídeo ao final). 

Todas as áreas do conhecimento foram afetadas por essa epistemologia. Não foram apenas a área de humanas, apesar de ser a mentora. O brasileiro não tem costume de ler e de se informar. Essa questão cultural vem sendo construída pela elite acadêmica que desvaloriza massivamente o saber acadêmico (pura maldade) e valoriza o saber popular, coisa de Paulo Freire. Como resultado dessa educação e dessa nova forma de pensar do brasileiro, ler para se informar se tornou irrelevante na vida do cidadão.

Qual a consequência, não apenas na vida do brasileiro, mas de todo aquele que despreza a forma clássica do saber como Aristóteles definiu? Todas as vezes que é necessário dar provas acerca do conhecimento da realidade, e aqui a realidade é distoante do discurso, o cidadão se vê em apuros, ou melhor, acha que está tudo certo e descansa nas mãos de uma pretensa “autoridade no assunto”.

                O que se passa a usar como fonte de dados onde se baseiam os discursos não são os dados em si mesmos, mas a fonte de dados passa a ser a interpretação de uma “autoridade” acerca dos dados. Essa é uma falácia conhecida como a “falácia da autoridade”. Ou seja, algo passa a ser verdade por que o “fulano” diz que é verdade. A linha tênue entre o discurso de uma autoridade acerca dos dados e os próprios dados não é enxergada como relevante para alguém que foi educado desprezando os fatos e valorizando o discurso.

                Temos visto isso de forma escancarada não somente no Brasil, mas em vários países com essa “crise” gerada pelo COVID-19. Vamos analisar duas fontes de dados que têm sido reputadas como fontes inquestionáveis de informação: Tedros, Diretor da OMS e Mandetta, Ministro da Saúde no Brasil.

Tedros Adhanom é Diretor-Geral da Organização Mundial da Saúde. Membro da Frente de Libertação do Povo Tigre. Organização Paramilitar de ultra-esquerda que após acordo tornou-se partido político. Há 30 anos "governando" a Etiópia; “bem democrático”! Esse governo etíope possui acordos de ação conjunta com o Partido Comunista chinês de obras, ações assistencialistas etc. Isso lhe sugere algo? Tedros chegou a ser acusado por Lawrence Gostin, especialista em saúde global, de ocultar uma epidemia de cólera na Etiópia.[iii]    Tedros é Biólogo de formação, mestre em imunologia de doenças infecciosas e doutor em Filosofia, e desde 1986 vem sendo atuante na política em seu país de origem, Etiópia.

                Henrique Mandetta É de uma família de políticos do Mato Grosso do Sul. Como não conseguiu passar na Faculdade Federal de medicina do Mato Grosso do Sul, cursou medicina, na Universidade Gama Filho , no Rio de Janeiro, onde se formou em 1989. Tal faculdade acabou por ser descredenciada  pelo Ministério da Educação (MEC) com o seu fechamento definitivo no ano de 2014.

Iniciou sua carreira como médico no Hospital Geral do Exército. Desde 2005, quando  seu primo Nelsinho Trad, atual Senador pelo MS, foi eleito prefeito de Campo Grande, e Mandetta  assumiu a Secretaria Municipal de Saúde, o consultório e as pesquisas deixaram de ser algo primordial, assumindo a política como centro de sua carreira.

Da mesma forma que Tedros, Mandetta, durante seu mandato como secretário, juntamente com o prefeito e outros membros do governo municipal, sofreram acusações de fraude em licitação, tráfico de influência e caixa dois na implementação de um sistema de prontuário eletrônico[iv]. Após esse período, exerceu dois mandatos como deputado federal.

                Em 20 de novembro de 2018, Mandetta foi confirmado pelo presidente eleito Jair Bolsonaro para assumir o Ministério da Saúde, tornando-se o terceiro ministro do Democratas junto com sua conterrânea Tereza Cristina e o gaúcho Onyx Lorenzoni.              Pesou na sua indicação o apoio das UNIMED’s,  de Associações Médicas,  Santas Casas e da Frente Parlamentar de Medicina. No entanto, a nomeação foi criticada devido às acusações de corrupção na sua gestão como Secretário Municipal.

                Ambos, políticos, que há muito foram acadêmicos, são os que têm sido usados como fontes de informação acerca do COVID-19. A interpretação deles acerca dos dados, ou seja, o discurso de cada um, é que tem sido pautado como verdade inquestionável. Os dados em si mesmos não interessam para a maioria. Se eles falaram, está falado.  

                A mente trabalhada para descartar o “referente”, aquilo que pode fazer com que a Verdade seja, de fato, exposta, não faz questão de analisar fatos. Para eles, basta apenas o discurso falacioso de uma autoridade, isso lhes é suficiente. E quando surge uma voz questionando o discurso das autoridades... ahhh... Esse aí precisa ser calado... precisa ser alvejado... precisa ser posto à ridículo, minimizado.

                E a Verdade??? O que é isso??? Tal coisa simplesmente não existe.  Por isso não adianta discutir com alguém de mentalidade esquerdizada, não adianta mostrar fontes originais de informação, é perda de tempo mostrar os dados reais e concretos de primeira instância, pois o discurso vazio, falacioso, ainda mais se for de uma “autoridade”, isso é o que conta para o sustento de uma pseudo-realidade.



                                                                            Vídeo

[i] [i] Bacharel em Teologia pelo SPRDNE; Licenciado Pleno em Pedagogia pela UFPA, Pós graduado em Ensino Religioso Escolar e Teologia Comparada pela ESAB; Estudante de filosofia e teoria política.
[ii] Narrativa que não aceita contestação
[iii] MOURA, Paulo; Diretor-geral da OMS já foi acusado de ocultar epidemias;


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