sábado, 30 de abril de 2011
A Bíblia pode ser usada de escudo para prática homossexual?
Laura Schlessinger é uma personalidade do rádio americano que distribui conselhos para pessoas que ligam para seu show.
Recentemente ela disse que a homossexualidade é uma abominação de acordo com Levíticos 18:22 e não pode ser perdoada em qualquer circunstância. O texto abaixo é uma carta aberta para Dra. Laura, escrita por um cidadão americano e também disponibilizada na Internet.
“Cara Dra. Laura
Obrigado por ter feito tanto para educar as pessoas no que diz respeito à Lei de Deus. Eu tenho aprendido muito com seu show, e tento compartilhar o conhecimento com tantas pessoas quantas posso. Quando alguém tenta defender o homossexualismo, por exemplo, eu simplesmente o lembro que Levíticos 18:22 claramente afirma que isso é uma abominação. Fim do debate.
Mas eu preciso de sua ajuda, entretanto, no que diz respeito a algumas leis específicas e como seguí-las:
a. Quando eu queimo um touro no altar como sacrifício, eu sei que isso cria um odor agradável para o Senhor (Levíticos 1:9). O problema são os meus vizinhos. Eles reclamam que o odor não é agradável para eles. Devo matá-los por heresia?
Resposta: lei ritual, ou cerimonial – as leis rituais de sacrifício tinham a perspectiva de anunciar o verdadeiro e cabal sacrifício que haveria de vir, o de Cristo. Tendo Ele realizado seu auto-sacrificio, as leis rituais estão dispensadas. Hebreus 9.11-15 cf. Colossenses 2.16-17.
b. Eu gostaria de vender minha filha como escrava, como é permitido em Êxodo 21:7. Na época atual, qual você acha que seria um preço justo por ela?
Resposta: lei para um país teocrático, as chamadas leis civis – temos que ter em mente que determinadas leis dadas ao povo de Israel foi em uma condição única, uma vez que foram a única nação no mundo e na história que por um período viveu sob leis teocráticas (dadas diretamente por Deus) e era governada por Deus através de um representante seu, um profeta, ou juiz. Mas pouco tempo depois com Saul, a nação deixou de ser teocrática e passou a ser aristocrática, e agora não há nação assim, apenas democráticas ou ditaduras, ou semelhantes, mas as leis são feitas pelos homens. E isso é aceitável por Deus uma vez que o único princípio da lei que Ele ainda requer e vai requerer até a volta de Cristo são os princípios de padrão moral, no qual o próprio Deus é a imagem ideal para o ser humano dessas leis, e nós como sua imagem temos o dever de refletir a sua imagem, seu padrão moral que é altíssimo. I Pedro 1.16. e seguirmos as leis humanas é aceitável diante de Deus uma vez que elas não agridam os Seus princípios morais (Leia-se Romanos 13:1 Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas. – conforme - Atos 4:19 Mas Pedro e João lhes responderam: Julgai se é justo diante de Deus ouvir-vos antes a vós outros do que a Deus;
c. Eu sei que não é permitido ter contato com uma mulher enquanto ela está em seu período de impureza menstrual (Levíticos 15:19-24). O problema é: como eu digo isso a ela? Eu tenho tentado, mas a maioria das mulheres toma isso como ofensa.
Resposta: I Coríntios 7.5 – Esta lei não mais se aplica como se vê no texto citado.
d. Levíticos 25:44 afirma que eu posso possuir escravos, tanto homens quanto mulheres, se eles forem comprados de nações vizinhas. Um amigo meu diz que isso se aplica a mexicanos, mas não a canadenses. Você pode esclarecer isso? Por que eu não posso possuir canadenses?
Resposta: leis civis – já respondido
e. Eu tenho um vizinho que insiste em trabalhar aos sábados. Êxodo 35:2 claramente afirma que ele deve ser morto. Eu sou moralmente obrigado a matá-lo mesmo?
Resposta: o sábado é um princípio de que um dia da semana deverá ser do Senhor, não diz respeito ao sábado em si, tanto é que os discípulos de Jesus começaram a guardar o domingo ao invés do sábado. Esse dia não é do homem, para seu descanso como se nada mais ele pudesse fazer. Pelo contrário, esse dia é para trabalhar, mas para o Senhor, é o dia do Senhor e não nosso. Além do mais qualquer lei que tivesse a pena de morte, não seria qualquer um que o poderia matar, mas haveria de ter um julgamento com essa finalidade, como por exemplo Números 35:24. Mesmo assim a lei da pena de morte é ainda questionada hoje, uma vez que interpelado por uma situação que exigiria a pena de morte, Jesus não condenou a mulher pega em adultério, guardadas as diferenças notáveis. O que não aconteceu com as leis morais. Mesmo não havendo a pena de morte o adultério ainda assim é condenado por Deus e como todo pecado dessa mesma natureza, o que gera é a morte do próprio indivíduo mesmo que não seja uma morte por tribunal humano, mas será pelo tribunal divino. Como diz Paulo aos Romanos em 6.23 “O salário do pecado é a morte...”
f. Um amigo meu acha que mesmo que comer moluscos seja uma abominação (Levíticos 11:10), é uma abominação menor que a homossexualidade. Eu não concordo. Você pode esclarecer esse ponto?
Resposta: A liberação quanto ao que se pode comer é uma liberdade que foi dada progressivamente. Antes do dilúvio só se poderia comer frutas e vegetais (Gênesis 1.29), depois do dilúvio determinados tipos de carne (Gênesis 9.3-4), e após a vinda de Cristo, qualquer coisa que se vende no mercado I Co 10.25. Liberação esta que não aconteceu com respeito às leis morais.
g. Levíticos 21:20 afirma que eu não posso me aproximar do altar de Deus se eu tiver algum defeito na visão. Eu admito que uso óculos para ler. A minha visão tem mesmo que ser 100%, ou pode-se dar um jeitinho?
Resposta: A lei ritual para o AT só poderia ser feita pelo mediador que era o sumo-sacerdote, e isso uma vez por ano apresentando o sacrifício de um animal sem defeito e ele mesmo não poderia ter defeito físico, pois prefigurava o perfeito sacerdote que haveria de vir, Cristo, fazendo o papel de mediador e o animal também prefigurando Cristo, o perfeito sacrifício. Neste caso Cristo ao morrer quebrou essa separação que havia entre o seu povo e Deus que era por meio de um sumo-sacerdote que não tinha defeitos físicos, mas era pecador como qualquer outro ser humano, pois como o ritual exigia um sacerdote perfeito, hoje é totalmente dispensável, pois sua perfeição dizia respeito apenas a aparência física, ou decorrente dela, como no caso de uma boa visão. Mas Cristo veio e além de sumo sacerdote (mediador) perfeito, dito assim por não ter cometido pecado, Ele também se fez o próprio sacrifício não havendo mais necessidade nem da figura do sumo-sacerdote humano, pois Cristo é o único e perfeito mediador e nem mesmo do animal sacrificado, pois Cristo também foi o sacrifício perfeito.
h. A maioria dos meus amigos homens apara a barba, inclusive o cabelo das têmporas, mesmo que isso seja expressamente proibido em Levíticos 19:27. Como eles devem morrer?
Resposta: Sobre a pena de morte já foi respondido. Quanto ao aparar a barba e o cabelo este texto queria que o povo de Deus não fosse confundido com outras nações que praticavam abominações, como o ferir o próprio corpo, como praticar o agouro e a adivinhação como está nos versículos que antecedem e procedem do Lv 19.27. Como exemplo os adoradores de Baal citados em 1 Reis 18.26-28; e como citados em Jeremias 9.26.
i. Eu sei que tocar a pele de um porco morto me faz impuro (Levíticos 11:6-8), mas eu posso jogar futebol americano se usar luvas? (as bolas de futebol americano são feitas com pele de porco).
Resposta: Não era somente a pele de um porco morto, era a de qualquer animal. Como em Levítico 5.2-3 e 7.21. Contudo não há mais restrições sobre leis que visavam a saúde do povo de Deus. O que não ocorreu com as leis morais.
j. Meu tio tem uma fazenda. Ele viola Levíticos 19:19 plantando dois tipos diferentes de vegetais no mesmo campo. Sua esposa também viola Levíticos 19:19 porque usa roupas feitas de dois tipos diferentes de tecido (algodão e poliéster). Ele também tende a xingar e blasfemar muito. É realmente necessário que eu chame toda a cidade para apedrejá-los (Levíticos 24:10-16)? Nós não poderíamos simplesmente queimá-los em uma cerimônia privada, como deve ser feito com as pessoas que mantêm relações sexuais com seus sogros (Levíticos 20:14)?
Resposta: Lembremos que a pena de morte fazia parte de um nação com regime teocrático. As leis seguiriam a forma como Deus a estipulou. Contudo determinadas leis visavam a saúde, outras visavam a boa convivência social, outras visavam os rituais, sacrifícios , outras leis eram especificamente no tocante à moral. Lembrando que a lei se expressava em três aspectos apenas: moral, civil e cerimonial. De todas estas leis do Antigo Testamento permaneceram no Novo Testamento apenas as leis morais. As leis morais refletem o padrão moral divino, pois o homem fora criado assim, à imagem e semelhança do único Deus totalmente santo, totalmente puro, totalmente inquestionável, totalmente soberano e criador de todas as coisas, inclusive do ser humano. Uma vez assim Ele legisla sobre esse padrão moral da maneira como Ele quer e pedirá contas de todos os que tiverem praticado o mal por meio do corpo, como justiça ao insulto feito à sua perfeita moral divina de quem havíamos herdado no Éden. Mas o pecado manchou a imagem dessa moral e desde então a raça humana só tende a desviar-se cada vez mais para longe dessa moral divina. E Paulo afirma em Romanos 1. 22-25 que a homossexualidade é a pior degradação desse padrão moral divino. É por isso que também se afirma I Coríntios 6.9-10 que nenhum sodomita (ativo ou passivo na relação homossexual) ou efeminado (que se comporta apenas como mulher) de forma alguma entrará no Reino de Deus. Pedro ao falar deste pecado ele diz: 2 Pedro 2.13 “...recebendo injustiça por salário da injustiça que praticam. Considerando como prazer a sua luxúria carnal em pleno dia, quais nódoas e deformidades, eles se regalam nas suas próprias mistificações, enquanto banqueteiam junto convosco...” a expressão luxúria carnal que Pedro usa é traduzida do grego exatamente por “vida efeminada” e o fim deles, diz Pedro no versículo 17, é a negridão das trevas, uma figura para falar da condenação eterna. Isso demonstra claramente que a Lei moral permanece e quanto ao homossexualismo é inquestionável a posição da Palavra de Deus no tocante aos nossos dias. A homossexualidade como qualquer outro pecado, até mesmo o do mexerico, a conhecida e velha fofoca, devem ser questionados e colocados sob a mira da Palavra de Deus. Se qualquer um destes pecados vir a ser algo evidente, o praticante deverá ser excluído da congregação, se fizer parte dela, caso não queira deixar a prática do pecado. Como qualquer outro pecador, o homossexual deve ter a oportunidade de ouvir a Palavra de Deus e avaliar o seu padrão moral sobre o qual Deus lhe pedirá contas. Todo pecador, independente de seu pecado, deve ter o direito de ouvir esta verdade. Homofobia, deveria ser chamado a falta de oportunidade de lhes pregar o evangelho, pois certamente se não o ouvirem estarão em breve no inferno. Deixá-los para lá, por que o padrão moral deles não reflete o padrão moral divino é o pior ato de homofobia que alguém pode cometer. Pois há perdão sim, para a homossexualidade, pois Jesus afirmou que o único pecado que não será perdoado, é o pecado da ofensa contra o Espírito Santo.
Eu sei que você estudou essas coisas a fundo, então estou confiante que possa ajudar. Obrigado novamente por nos lembrar que a palavra de Deus é eterna e imutável. Seu discípulo e fã ardoroso.”
Comentário: Para aqueles que estão considerando apenas as perguntas do ouvinte da Laura, não espero que minhas respostas, com toda a sinceridade, convença ninguém de absolutamente nada, pois quem convence as pessoas do pecado, da justiça e do juízo de Deus é o Espírito Santo. João 16.7-8. Rev. Júlio César Pinto
domingo, 17 de abril de 2011
"COELHINHO DA PÁSCOA QUE TRAZES PRA MIM?" Entre mitos pagãos e a verdadeira redenção: uma análise histórica, teológica e pastoral da Páscoa"
Vivemos em dias onde a sublime realidade da Páscoa foi substituída por uma caricatura comercial. Nossas crianças são ensinadas desde cedo a associar esta sagrada celebração com ovos de chocolate e um coelho mitológico - uma narrativa que, embora aparentemente inocente, esconde perigosas raízes pagãs e uma profunda alienação espiritual. Como bem alertava o puritano Thomas Watson: "O diabo não se importa com que tipo de erro um homem abrace, contanto que não seja a verdade" (A Body of Divinity). Este engano massivo exige de nós, como servos de Cristo, uma resposta clara e bíblica.
A verdadeira
Páscoa foi ordenada por Deus como memorial perpétuo da libertação de Israel do
Egito (Êx 12:14). O reformador John Owen, em sua obra "A morte da morte na
morte de Cristo", destaca que cada elemento da primeira Páscoa era
tipológico:
O Cordeiro
Imaculado (Êx 12:5) - "Sem defeito", prefigurando Cristo "como
um cordeiro sem defeito nem mácula" (1Pe 1:19). O puritano John Flavel
comentava: "A seleção do cordeiro quatro dias antes (Êx 12:3) apontava
para Cristo entrando em Jerusalém antes de ser imolado" (The Fountain of
Life).
O Sangue nas
Umbreiras (Êx 12:7) - Sinal visível da fé obediente, como observava Jonathan
Edwards: "O sangue não salvou por seu poder intrínseco, mas como símbolo
da futura expiação de Cristo" (História da Redenção).
As Ervas
Amargas (Êx 12:8) - Lembrança da amargura da escravidão, que, segundo Matthew
Henry, "tipificava o sofrimento de Cristo por nós" (Comentário
Bíblico).
Na última
ceia (Mt 26:17-30), Jesus revelou o cumprimento escatológico da Páscoa. O
teólogo puritano John Gill destaca: "Cristo comeu a Páscoa judaica como
seu último ato de obediência à lei cerimonial, antes de instituir o memorial de
sua morte" (Exposition of the Bible). A nova ceia mantém elementos
simbólicos, mas com significado transformado:
O Pão (1Co
11:24): "Isto é meu corpo" - Não transubstanciação, mas memorial,
como enfatizava o reformador Ulrich Zwinglio: "O” é' significa
'representa', como em 'a rocha era Cristo' (1Co 10:4)" (Sobre a Ceia do
Senhor).
O Vinho (1Co
11:25): "Nova aliança em meu sangue" - O puritano Stephen Charnock
explica: "Como o sangue do cordeiro selou o pacto mosaico, o sangue de
Cristo ratificou o eterno pacto da graça" (A Existência e os Atributos de
Deus).
A Ceia do
Senhor e o Fim da Páscoa:
Por Que
os Cristãos Não Devem Celebrar a Páscoa Hoje.
A Páscoa como
instituída no livro de Êxodo era Provisória. A primeira Páscoa, instituída no
Egito (Êxodo 12), tinha um propósito claro: apontar para Cristo. Cada elemento
- o cordeiro imaculado, o sangue nas portas, as ervas amargas - era uma sombra
da realidade que viria. O apóstolo Paulo deixa isso claro quando diz:
"Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi imolado" (1 Coríntios 5:7). O
reformador John Owen explicou que "as ordenanças cerimoniais do Antigo
Testamento eram como velas acesas à noite; quando o sol da justiça (Ml 4:2)
surgiu, elas se tornaram desnecessárias" (A Morte da Morte na Morte de
Cristo).
Quando Jesus
celebrou a Páscoa com os discípulos (Mateus 26:17-30), estava encerrando um
ciclo. Naquela ceia, Ele não apenas comeu o cordeiro pascal - Ele se declarou ser
próprio e verdadeiro Cordeiro. Ao dizer "isto é o meu corpo" e
"isto é o meu sangue", Jesus estava transferindo o significado da
Páscoa para Si mesmo. Como observou o puritano John Flavel: "Cristo não
veio para reformar a Páscoa, mas para cumpri-la e assim aboli-la" (A Fonte
da Vida).
Tendo feito
isso, e cumprido o tipo da Páscoa em si e consigo mesmo, após a ressurreição de
Cristo, os apóstolos nunca mais ordenaram a celebração da Páscoa. Em vez disso,
a Igreja passou a observar a Ceia do Senhor (Atos 2:42; 1 Coríntios 11:23-26).
O apóstolo João, escrevendo já no período da Nova Aliança, refere-se à Páscoa
como "festa dos judeus" (João 6:4), não dos cristãos (Data mais antiga
para a Escrita do Evangelho de Joao é de 80 d.C. - inteiramente dentro do contexto da Nova
Aliança). O teólogo puritano Thomas Boston foi incisivo: "Guardar a Páscoa
hoje é como construir o andaime depois que o edifício está pronto" (The
Crook in the Lot).
A Escritura,
no Novo Testamento, nunca ordena que a Igreja, estando na Nova Aliança (cf
última Páscoa) celebre a Páscoa. William Perkins, um dos principais teólogos
puritanos, advertia: "Onde a Escritura não ordena, a Igreja não tem
autoridade para instituir" (Um Católico Reformado).
Outro erro
que comete quem comemora a páscoa ainda hoje, é a confusão entre as Alianças. A
Páscoa pertencia à Antiga Aliança, que foi superada pela Nova (Hebreus 8:13).
Richard Baxter argumentava que "reintroduzir elementos da lei cerimonial é
minar a suficiência de Cristo" (O Pastor Reformado).
A ceia é um memorial
permanente ao contrário do que foi a Páscoa. A Ceia do Senhor não é uma "nova versão" da Páscoa - é
algo completamente diferente. Enquanto a Páscoa olhava para frente, para um
sacrifício futuro, a Ceia olha para trás, para um sacrifício já consumado. Como
escreveu o reformador João Calvino: "Na Ceia, não repetimos sacrifícios,
mas anunciamos um único sacrifício, perfeito e completo" (Institutas da Religião
Cristã).
Celebrar a
Páscoa hoje não é apenas desnecessário - é contrário ao evangelho. Como
declarou o puritano Thomas Watson: "Tudo o que Deus não ordenou no culto
é, por natureza, idolatria" (Os Dez Mandamentos). A Igreja deve
contentar-se com o que Cristo deixou: o pão e o vinho da Nova Aliança, memorial
simples mas poderoso de que "Cristo, nossa Páscoa, foi imolado" (1
Coríntios 5:7).
A Páscoa
Cristã: Ceia do Senhor
Desta
maneira podemos resumir da seguinte forma a substituição da Páscoa pela Ceia: Após
a ressurreição, a Igreja não continuou a celebrar a Páscoa judaica, mas sim a
Ceia do Senhor (1Co 11:23-26). João registra que a Páscoa era "festa dos
judeus" (Jo 6:4), não da Igreja. Por quê? Porque: Cristo cumpriu os
símbolos (Cl 2:16-17), as sombras deram lugar à realidade (Hb 10:1) e A Nova
Aliança substituiu a Antiga (Jr 31:31-34).
Portanto, a
celebração da Páscoa hoje não é apenas desnecessária — é ilícita, pois nega a
suficiência de Cristo e reintroduz sombras já cumpridas. Que a Igreja permaneça
fiel ao "pão e vinho" da Nova Aliança, anunciando "a morte do
Senhor até que Ele venha" (1Co 11:26).
A Páscoa moderna
A Páscoa
moderna está repleta de símbolos pagãos (ovos, coelhos) que nada têm a ver com
o evangelho. John Bunyan alertou: "Qual comunhão tem a luz com as
trevas?" (2 Coríntios 6:14) (Pilgrim's Progress).
Como então
surgiram os símbolos atuais? Sua origem está no culto à deusa Astarte (ou
Ishtar), divindade cananeia da fertilidade (Jz 2:13). Seus rituais incluíam:
· Ovos pintados (símbolo de renascimento)
· Coelhos (fertilidade)
· Orgiais sexuais e até sacrifícios humanos
O
historiador puritano Thomas Beard documenta: "Os antigos saxões celebravam
a deusa Eostre com ovos e lebres, símbolos de reprodução que a Igreja Romana
posteriormente adotou" (O Teatro dos Julgamentos de Deus). William Perkins
advertia: "Quando a Igreja adota costumes pagãos, profana o culto
sagrado" (Um Católico Reformado).
Particularmente
grave é a origem da cantiga "Coelhinho da Páscoa que trazes pra mim...",
que deriva diretamente da invocação pagã: "Lebre de Eostre, o que tuas
entranhas trazem para mim?" Como denunciava o puritano Richard Baxter:
"Até que ponto os cristãos se conformaram com este mundo!" (O Pastor Reformado).
Em face a
esta distorção histórica, urge recuperar a pureza do culto. O puritano Isaac
Ambrose propunha: "Em vez de ovos, ofereçamos a nossos filhos o pão da
vida; em vez de coelhos, apontemos para o Cordeiro de Deus" (Olhando Para
Jesus). Particularmente relevantes são as palavras de John Bunyan: "Qual
comunhão tem a luz com as trevas? (2Co 6:14). Como pode o memorial da morte de
Cristo conviver com símbolos de demônios?" (O Progresso do Peregrino).
Aos negarmos
com fundamento bíblico de não comemorarmos de nenhum modo a Páscoa, podemos
estar descansados em todos esses princípios bíblicos e provas históricas.
Podemos responder a uma só voz com o puritano Thomas Watson: "Todo culto
não ordenado por Deus é idolatria inventiva" (Os Dez Mandamentos).
Portanto, concluímos com algumas exortações:
2. Aos Pais: Ensinai vossos filhos "no caminho em que devem andar" (Pv 22:6), rejeitando mitos pagãos.
3. À Igreja: Como exortava Charles Spurgeon (herdeiro da tradição puritana): "Mantenhamos a Páscoa não com fermento velho... mas com os pães asmos da sinceridade e da verdade" (1Co 5:8).
4. Como podemos chamar-nos servos de Cristo se adotamos rituais pagãos?
5. É lícito para pais cristãos presentear filhos com símbolos de fertilidade pagã ?????
A Páscoa
cristã não é sobre chocolate, mas sobre o "Cordeiro de Deus que tira o
pecado do mundo" (Jo 1:29). Que possamos, como exortava o reformador João
Calvino, "rejeitar as sombras e abraçar a Substância" - Cristo, nossa
única Páscoa.
"Lançai
fora o velho fermento... pois Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi imolado"
(1Co 5:7).
Rev. Júlio
César Pinto
Fontes:
·
Baxter, Richard. The Reformed Pastor.
·
Boston, Thomas. The Crook in the Lot.
·
Bunyan, John. Pilgrim's Progress.
·
Calvino, João. Institutes of the
Christian Religion.
·
Flavel, John. The Fountain of Life.
·
John Cotton, "The Covenant of
Grace"
·
John Owen, "The Glory of
Christ"
·
Owen, John. The Death of Death in the
Death of Christ.
·
Perkins, William. A Reformed
Catholic.
·
Thomas Boston, "The Crook in the
Lot" (sobre a soberania divina nas provações)
·
Thomas Manton, "A Treatise on
the Lord's Supper"
·
Watson, Thomas. The Ten Commandments.
Outras fontes da informação sobre a deusa astarote (astarte) ou como na antiga canção: Eostre
encontram-se em vários sites de origem pagã, dentre eles:
http://www.magiazen.com.br/magia-na-origem-do-coelho-da-pascoa.html
Deusa
Astarote fazia parte do culto cananeu. "Deusa do sexo e da guerra, uma
representação vívida do paganismo em suas manifestações mais perversas".
DIT, AT, 1718-1718b
sexta-feira, 8 de abril de 2011
Por que uma única Bíblia e tantas religiões e denominações? PARTE 6
Bibliografia:
* Fé cristã e Misticismo - Editora CEP
* A Bíblia e seus intérpretes - Editora CEP
* Igreja de poder - Editora CEP
Nota: O texto publicado aqui é uma adaptação de partes destas três obras citadas.
Por que uma única Bíblia e tantas religiões e denominações? PARTE 5
Por que uma única Bíblia e tantas religiões e denominações? PARTE 4
Por que uma única Bíblia e tantas religiões e denominações? PARTE 3
Por que uma única Bíblia e tantas religiões e denominações? PARTE 2
quarta-feira, 6 de abril de 2011
Por que uma única Bíblia e tantas religiões e denominações? PARTE 1
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