Vivemos em dias onde a sublime realidade da Páscoa foi substituída por uma caricatura comercial. Nossas crianças são ensinadas desde cedo a associar esta sagrada celebração com ovos de chocolate e um coelho mitológico - uma narrativa que, embora aparentemente inocente, esconde perigosas raízes pagãs e uma profunda alienação espiritual. Como bem alertava o puritano Thomas Watson: "O diabo não se importa com que tipo de erro um homem abrace, contanto que não seja a verdade" (A Body of Divinity). Este engano massivo exige de nós, como servos de Cristo, uma resposta clara e bíblica.
A verdadeira
Páscoa foi ordenada por Deus como memorial perpétuo da libertação de Israel do
Egito (Êx 12:14). O reformador John Owen, em sua obra "A morte da morte na
morte de Cristo", destaca que cada elemento da primeira Páscoa era
tipológico:
O Cordeiro
Imaculado (Êx 12:5) - "Sem defeito", prefigurando Cristo "como
um cordeiro sem defeito nem mácula" (1Pe 1:19). O puritano John Flavel
comentava: "A seleção do cordeiro quatro dias antes (Êx 12:3) apontava
para Cristo entrando em Jerusalém antes de ser imolado" (The Fountain of
Life).
O Sangue nas
Umbreiras (Êx 12:7) - Sinal visível da fé obediente, como observava Jonathan
Edwards: "O sangue não salvou por seu poder intrínseco, mas como símbolo
da futura expiação de Cristo" (História da Redenção).
As Ervas
Amargas (Êx 12:8) - Lembrança da amargura da escravidão, que, segundo Matthew
Henry, "tipificava o sofrimento de Cristo por nós" (Comentário
Bíblico).
Na última
ceia (Mt 26:17-30), Jesus revelou o cumprimento escatológico da Páscoa. O
teólogo puritano John Gill destaca: "Cristo comeu a Páscoa judaica como
seu último ato de obediência à lei cerimonial, antes de instituir o memorial de
sua morte" (Exposition of the Bible). A nova ceia mantém elementos
simbólicos, mas com significado transformado:
O Pão (1Co
11:24): "Isto é meu corpo" - Não transubstanciação, mas memorial,
como enfatizava o reformador Ulrich Zwinglio: "O” é' significa
'representa', como em 'a rocha era Cristo' (1Co 10:4)" (Sobre a Ceia do
Senhor).
O Vinho (1Co
11:25): "Nova aliança em meu sangue" - O puritano Stephen Charnock
explica: "Como o sangue do cordeiro selou o pacto mosaico, o sangue de
Cristo ratificou o eterno pacto da graça" (A Existência e os Atributos de
Deus).
A Ceia do
Senhor e o Fim da Páscoa:
Por Que
os Cristãos Não Devem Celebrar a Páscoa Hoje.
A Páscoa como
instituída no livro de Êxodo era Provisória. A primeira Páscoa, instituída no
Egito (Êxodo 12), tinha um propósito claro: apontar para Cristo. Cada elemento
- o cordeiro imaculado, o sangue nas portas, as ervas amargas - era uma sombra
da realidade que viria. O apóstolo Paulo deixa isso claro quando diz:
"Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi imolado" (1 Coríntios 5:7). O
reformador John Owen explicou que "as ordenanças cerimoniais do Antigo
Testamento eram como velas acesas à noite; quando o sol da justiça (Ml 4:2)
surgiu, elas se tornaram desnecessárias" (A Morte da Morte na Morte de
Cristo).
Quando Jesus
celebrou a Páscoa com os discípulos (Mateus 26:17-30), estava encerrando um
ciclo. Naquela ceia, Ele não apenas comeu o cordeiro pascal - Ele se declarou ser
próprio e verdadeiro Cordeiro. Ao dizer "isto é o meu corpo" e
"isto é o meu sangue", Jesus estava transferindo o significado da
Páscoa para Si mesmo. Como observou o puritano John Flavel: "Cristo não
veio para reformar a Páscoa, mas para cumpri-la e assim aboli-la" (A Fonte
da Vida).
Tendo feito
isso, e cumprido o tipo da Páscoa em si e consigo mesmo, após a ressurreição de
Cristo, os apóstolos nunca mais ordenaram a celebração da Páscoa. Em vez disso,
a Igreja passou a observar a Ceia do Senhor (Atos 2:42; 1 Coríntios 11:23-26).
O apóstolo João, escrevendo já no período da Nova Aliança, refere-se à Páscoa
como "festa dos judeus" (João 6:4), não dos cristãos (Data mais antiga
para a Escrita do Evangelho de Joao é de 80 d.C. - inteiramente dentro do contexto da Nova
Aliança). O teólogo puritano Thomas Boston foi incisivo: "Guardar a Páscoa
hoje é como construir o andaime depois que o edifício está pronto" (The
Crook in the Lot).
A Escritura,
no Novo Testamento, nunca ordena que a Igreja, estando na Nova Aliança (cf
última Páscoa) celebre a Páscoa. William Perkins, um dos principais teólogos
puritanos, advertia: "Onde a Escritura não ordena, a Igreja não tem
autoridade para instituir" (Um Católico Reformado).
Outro erro
que comete quem comemora a páscoa ainda hoje, é a confusão entre as Alianças. A
Páscoa pertencia à Antiga Aliança, que foi superada pela Nova (Hebreus 8:13).
Richard Baxter argumentava que "reintroduzir elementos da lei cerimonial é
minar a suficiência de Cristo" (O Pastor Reformado).
A ceia é um memorial
permanente ao contrário do que foi a Páscoa. A Ceia do Senhor não é uma "nova versão" da Páscoa - é
algo completamente diferente. Enquanto a Páscoa olhava para frente, para um
sacrifício futuro, a Ceia olha para trás, para um sacrifício já consumado. Como
escreveu o reformador João Calvino: "Na Ceia, não repetimos sacrifícios,
mas anunciamos um único sacrifício, perfeito e completo" (Institutas da Religião
Cristã).
Celebrar a
Páscoa hoje não é apenas desnecessário - é contrário ao evangelho. Como
declarou o puritano Thomas Watson: "Tudo o que Deus não ordenou no culto
é, por natureza, idolatria" (Os Dez Mandamentos). A Igreja deve
contentar-se com o que Cristo deixou: o pão e o vinho da Nova Aliança, memorial
simples mas poderoso de que "Cristo, nossa Páscoa, foi imolado" (1
Coríntios 5:7).
A Páscoa
Cristã: Ceia do Senhor
Desta
maneira podemos resumir da seguinte forma a substituição da Páscoa pela Ceia: Após
a ressurreição, a Igreja não continuou a celebrar a Páscoa judaica, mas sim a
Ceia do Senhor (1Co 11:23-26). João registra que a Páscoa era "festa dos
judeus" (Jo 6:4), não da Igreja. Por quê? Porque: Cristo cumpriu os
símbolos (Cl 2:16-17), as sombras deram lugar à realidade (Hb 10:1) e A Nova
Aliança substituiu a Antiga (Jr 31:31-34).
Portanto, a
celebração da Páscoa hoje não é apenas desnecessária — é ilícita, pois nega a
suficiência de Cristo e reintroduz sombras já cumpridas. Que a Igreja permaneça
fiel ao "pão e vinho" da Nova Aliança, anunciando "a morte do
Senhor até que Ele venha" (1Co 11:26).
A Páscoa moderna
A Páscoa
moderna está repleta de símbolos pagãos (ovos, coelhos) que nada têm a ver com
o evangelho. John Bunyan alertou: "Qual comunhão tem a luz com as
trevas?" (2 Coríntios 6:14) (Pilgrim's Progress).
Como então
surgiram os símbolos atuais? Sua origem está no culto à deusa Astarte (ou
Ishtar), divindade cananeia da fertilidade (Jz 2:13). Seus rituais incluíam:
· Ovos pintados (símbolo de renascimento)
· Coelhos (fertilidade)
· Orgiais sexuais e até sacrifícios humanos
O
historiador puritano Thomas Beard documenta: "Os antigos saxões celebravam
a deusa Eostre com ovos e lebres, símbolos de reprodução que a Igreja Romana
posteriormente adotou" (O Teatro dos Julgamentos de Deus). William Perkins
advertia: "Quando a Igreja adota costumes pagãos, profana o culto
sagrado" (Um Católico Reformado).
Particularmente
grave é a origem da cantiga "Coelhinho da Páscoa que trazes pra mim...",
que deriva diretamente da invocação pagã: "Lebre de Eostre, o que tuas
entranhas trazem para mim?" Como denunciava o puritano Richard Baxter:
"Até que ponto os cristãos se conformaram com este mundo!" (O Pastor Reformado).
Em face a
esta distorção histórica, urge recuperar a pureza do culto. O puritano Isaac
Ambrose propunha: "Em vez de ovos, ofereçamos a nossos filhos o pão da
vida; em vez de coelhos, apontemos para o Cordeiro de Deus" (Olhando Para
Jesus). Particularmente relevantes são as palavras de John Bunyan: "Qual
comunhão tem a luz com as trevas? (2Co 6:14). Como pode o memorial da morte de
Cristo conviver com símbolos de demônios?" (O Progresso do Peregrino).
Aos negarmos
com fundamento bíblico de não comemorarmos de nenhum modo a Páscoa, podemos
estar descansados em todos esses princípios bíblicos e provas históricas.
Podemos responder a uma só voz com o puritano Thomas Watson: "Todo culto
não ordenado por Deus é idolatria inventiva" (Os Dez Mandamentos).
Portanto, concluímos com algumas exortações:
2. Aos Pais: Ensinai vossos filhos "no caminho em que devem andar" (Pv 22:6), rejeitando mitos pagãos.
3. À Igreja: Como exortava Charles Spurgeon (herdeiro da tradição puritana): "Mantenhamos a Páscoa não com fermento velho... mas com os pães asmos da sinceridade e da verdade" (1Co 5:8).
4. Como podemos chamar-nos servos de Cristo se adotamos rituais pagãos?
5. É lícito para pais cristãos presentear filhos com símbolos de fertilidade pagã ?????
A Páscoa
cristã não é sobre chocolate, mas sobre o "Cordeiro de Deus que tira o
pecado do mundo" (Jo 1:29). Que possamos, como exortava o reformador João
Calvino, "rejeitar as sombras e abraçar a Substância" - Cristo, nossa
única Páscoa.
"Lançai
fora o velho fermento... pois Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi imolado"
(1Co 5:7).
Rev. Júlio
César Pinto
Fontes:
·
Baxter, Richard. The Reformed Pastor.
·
Boston, Thomas. The Crook in the Lot.
·
Bunyan, John. Pilgrim's Progress.
·
Calvino, João. Institutes of the
Christian Religion.
·
Flavel, John. The Fountain of Life.
·
John Cotton, "The Covenant of
Grace"
·
John Owen, "The Glory of
Christ"
·
Owen, John. The Death of Death in the
Death of Christ.
·
Perkins, William. A Reformed
Catholic.
·
Thomas Boston, "The Crook in the
Lot" (sobre a soberania divina nas provações)
·
Thomas Manton, "A Treatise on
the Lord's Supper"
·
Watson, Thomas. The Ten Commandments.
Outras fontes da informação sobre a deusa astarote (astarte) ou como na antiga canção: Eostre
encontram-se em vários sites de origem pagã, dentre eles:
http://www.magiazen.com.br/magia-na-origem-do-coelho-da-pascoa.html
Deusa
Astarote fazia parte do culto cananeu. "Deusa do sexo e da guerra, uma
representação vívida do paganismo em suas manifestações mais perversas".
DIT, AT, 1718-1718b
Nenhum comentário:
Postar um comentário
A todos os leitores peço que deixem seus comentários. Todos os comentários estarão sendo analisados segundo um padrão moral e ético bíblicos e respondidos à medida que se fizer necessário.