Apostasia é vista por muitos como sinônima de rebeldia, de ingratidão, de afastamento de Deus, de descrença. Apesar de isso ser verdade, aplicam-na fora de seu contexto. O termo é um verdadeiro cognato do grego que literalmente significa deserção. Desta forma apostasia não pode ser aplicada, como muitos fazem, aos seres humanos que nunca atentaram para Deus, ou nunca aceitaram a Cristo como Senhor, pelo contrário, seu significado aponta para um comportamento visto dentro da própria cristandade.
Paulo quando usa este termo em 2 Tessalonicenses 2.3, percebe-se que ele se faz valer do significado de apostasia para apontar que aconteceria o abandono da fé, ou como ele disse: “demovais da vossa mente”, ou seja, esquecerem-se do que foi dito. Da mesma forma Jesus também mostrou esta verdade em Mateus 24. 12 “E, por se multiplicar a iniquidade, o amor se esfriará de quase todos.” Novamente a demonstração da apostasia é usada para se referir ao comportamento da cristandade, quando se nota no próximo versículo Cristo contrapondo ao esfriamento do amor e a multiplicação da iniquidade, a vitória daqueles que perseverarem até o fim, desta forma, somente os verdadeiros fiéis hão de chegar a este ponto, os outros ficarão pelo caminho.
A banalização da mensagem do evangelho, sua sincretização cultural e religiosa pagãs proporcionam terreno fértil onde a apostasia cresce vigorosamente no cristianismo. A religiosidade tem ganhado espaço cada vez maior e mais rápido na vida daqueles que se intitulam cristãos, sem, contudo, perceberem que isso não irá terminar nada bem. E se isso acontece também com os verdadeiros cristãos, o que dizer dos que o são apenas nominalmente? Apesar de que os verdadeiros cristãos sentem dificuldades em aceitar muitas coisas do cristianismo moderno, por que têm dentro de si mesmos a iluminação do Espírito Santo. Já o outro não. Não sente qualquer vertigem quando chega uma nova doutrina, uma novidade de culto, uma nova ideologia para a igreja. E isso terá consequências que perdurarão na eternidade a começar no dia de Cristo.
Chegando o dia de Cristo, já é conhecido que “cada um dará contas de si mesmo a Deus” e que cada um “receberá segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo”. Nesta última citação, de 2 Coríntios 5.10, Paulo usa um termo que foi traduzido por “segundo” mas que literalmente quer dizer “com respeito a...”; o que poderíamos traduzir como “receberá de acordo com bem ou o mal...”. Esta tradução nos dá a impressão de que há uma proporcionalidade da penalidade ou benefício na vida vindoura, com o nível de bondade ou maldade com que se tiver vivido aqui. Cristo demonstrou que de fato as punições serão assim. Em Lucas 12.47-48 Cristo afirma: “Aquele servo, porém, que conheceu a vontade de seu senhor e não se aprontou, nem fez segundo a sua vontade será punido com muitos açoites. Aquele, porém, que não soube a vontade do seu senhor e fez coisas dignas de reprovação levará poucos açoites. Mas àquele a quem muito foi dado, muito lhe será exigido; e àquele a quem muito se confia, muito mais lhe pedirão.”
A apostasia, antes da traição, foi também o pecado de Judas. Primeiro abandonou a sua fé em Cristo, para depois então o traí-lo. Quantos são os judas, ou melhor, cristãos nominais que perambulam pelas igrejas espalhando suas heresias, práticas e pensamentos pagãos apesar de conhecerem a verdade? O futuro destes no inferno quando morrerem ou no lago de fogo quando Cristo voltar, será bem pior que daqueles pobres homens que morreram, ou morrerão, sem sequer ouvir a mensagem do evangelho. Como alerta Pedro “Pois melhor lhes fora nunca tivessem conhecido o caminho da justiça do que, após conhecê-lo, volverem para trás, apartando-se do santo mandamento que lhes fora dado. Com eles aconteceu o que diz certo adágio verdadeiro: O cão voltou ao seu próprio vômito; e: A porca lavada voltou a revolver-se no lamaçal.” (2 Pedro 2.21-22)
Não sejamos nós encontrados nesse meio. Misericórdia Senhor!
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