quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Comentários à pregação “A hipocrisia da espiritualidade”. Irmão Lázaro.

Resolvi ouvir a pregação tendo decidido que absorveria para mim aquilo que fosse estritamente bíblico, da mesma forma como faço inclusive nas preparações de meus sermões, ou seja absorvendo para mim primeiro para depois então levar a mensagem. A questão é que hoje muitas coisas são ditas como sendo a Palavra de Deus, mas de Deus mesmo há uma enorme distância de sua Palavra. As críticas a seguir são de toda forma uma desconstrução, mas não para permanecer no chão, mas para quando se fizer novamente se faça com mais cuidado, mais zelo com algo que é essencialmente e estritamente necessário para a salvação, a pregação fiel da Palavra de Deus. E isso ficará evidente ao final de meus comentários. Certamente também não excluirei toda a pregação, trarei seus pontos positivos.
• “A hipocrisia da espiritualidade”. Não sei se quem colocou o título da pregação foi o seu próprio autor, ou quem a postou. Mas há algo largamente equivocado neste título.
o A espiritualidade de quem se refere?
o Hipocrisia da espiritualidade de quem ele se refere?
o Nem toda espiritualidade é hipócrita, e nem toda hipocrisia se refere à espiritualidade.
o Poderia se definir no título a que tipo de espiritualidade e a que hipocrisia se refere: como exemplo: A espiritualidade Hipócrita. Desta forma se definiria que a pregação não dizia respeito a qualquer espiritualidade como sendo ela hipócrita, mas referia-se somente à que de fato fosse hipócrita. Precisamos saber empregar os termos de forma correta.
• Ele começa a pregação com o texto de Jesus sobre o litígio entre irmãos (de mesma fé). Não faz uso do texto em seu contexto, destaca apenas o vs. 23 e 24. O contexto próximo e imediato é o de Mateus 5.21-26. Não obstante ele faz uma explicação do texto que é estranha ao texto. Ele diz que a oferta ali pode ser qualquer coisa que se queira oferecer a Deus de modo a querer agradá-lo, como se isso fosse possível. Não existe absolutamente nada em nossas vidas que faz com que nos tornemos aceitáveis diante de Deus. Como está escrito: Isaías 64:6 Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo da imundícia; Romanos 3:10 como está escrito: Não há justo, nem um sequer; ou seja: tudo aquilo que pensamos ser justo e agradável diante de Deus, certamente para Ele é repulsivo. Se ao menos o pregador tivesse dito que poderíamos fazer algo aceitável a Deus, mas pela exclusiva mediação de Cristo, isso sim teria certa relevância. Pois somos justificados diante de Deus não por causa de quem somos ou do que fizemos, mas por causa de Cristo e do que Ele fez. Romanos 5:1 Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo;

• Não obstante o fato de que Jesus estava alertando sobre o culto a Deus não poder ser feito com ódio pelo irmão, de certo ter-se-ia de procurá-lo, acertar as diferenças e então voltar e cultuar a Deus. É do que João fala em 1 João 2:9 Aquele que diz estar na luz e odeia a seu irmão, até agora, está nas trevas.

• Deste momento ele dá um salto para o texto do homem jogado pelo caminho e que passou o levita, o sacerdote e o samaritano. O contexto imediato dessa passagem é o de Lucas 10.25-37, e biblicamente não há ligações teológicas imediatas entre estes textos. Pois o primeiro texto fala de problema entre irmãos em Cristo, e o segundo não. Jesus conta esta parábola do bom samaritano por causa daquilo que um fariseu (intérprete da Lei) lhe interrogara. Vemos nesta parábola alguns personagens que foram destacados da vivência religiosa do fariseu: um sacerdote, um levita, um samaritano (povo a quem ele odiava porque desobedeceram a Deus no passado, eram também judeus - mestiços). Neste aspecto faltava um tipo de pessoa com o qual o fariseu estava acostumado: o fariseu mesmo. O homem caído pelo caminho se tratava de um judeu, provavelmente a figura do fariseu que faltava para completar ali o quadro de religiosos descrito por Jesus. Além do mais, este homem que foi assaltado ele descia de Jerusalém para Jericó. Jerusalém era onde estava o templo, Jericó tinha uma Sinagoga para onde frequentemente os próprios fariseus e escribas desciam para lá ensinar. O pregador não levou em consideração estas questões e disse que aquele que estava a beira do caminho poderia ser qualquer um. Se fosse qualquer um a mensagem de Cristo não teria um impacto tão grande na vida daquele fariseu que interrogou a Jesus, ao ouvir na parábola que um samaritano salvou um fariseu, sendo que este os desprezavam veementemente. Além disso há outras versões da Bíblia que trazem em sua tradução que este homem que foi assaltado era um judeu.

• Há vários exageros na pregação que não estão no texto, o que definitivamente quer causar um impacto maior do que aquilo que está simplesmente escrito. Como que se o que está escrito na Palavra não fosse o suficiente. Como exemplo cito o fato dele afirmar durante a parte em que ele fala acerca da parábola do samaritano que “Jesus fala com ele... volte.. reconcilie, depois traga tua oferta” tentando estabelecer uma relação entre as duas passagens. ( a do litígio entre irmãos e a do bom samaritano).

• Ele afirmou: “para a igreja evangélica irmão é quem senta do nosso lado na igreja... mas para Jesus é qualquer um”. Esta é uma afirmação notadamente aberrante com relação à Palavra de Deus. Só pode ser considerado irmão, quem é nascido de novo, quem é de fato Filho de Deus por meio de Jesus Cristo, os outros são apenas criaturas. Por isso Cristo mandou: “pregai o evangelho a toda criatura” por isso Paulo afirma: Gálatas 3:26 Pois todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus; e João compartilha com ele: João 1:12 Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome; aos que ainda não receberam a Cristo, jamais em tempo algum podem ser chamados de irmãos, pois não são filhos de um mesmo Pai.

• Ele aplica como sendo os samaritanos aquelas pessoas da religião que você acha que não será salva, da religião que você despreza. Figuradamente o que ele diz pode ser aplicado até uma certa medida uma vez que possa ainda haver escolhidos do Senhor a serem descobertos nestas religiões. Mas a religião que não ensina que o homem é pecador e que Cristo veio para ser Senhor de nossas vidas livrando-nos do poder do pecado e consequemente da morte eterna, não ensina a salvação, isso é óbvio. Portanto seus membros não podem ser salvos. Definitivamente há uma única condição para ser salvo: Romanos 10.9 “Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo”. A questão é, quem não ouve a pregação da palavra de Cristo não terá a fé necessária para confessá-lo como Senhor. Romanos 10:17 E, assim, a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo. Não há qualquer possibilidade de que membros de determinada religião que não professem a Cristo como se deve, receberem salvação. E receber a Cristo como Senhor implica necessariamente em obedecê-lo Lucas 6:46 Por que me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o que vos mando? Um desses mandamentos é que os irmãos vivam em união, congregados no mesmo lugar, com a finalidade de adorarem a Deus em conjunto, e em conjunto ouvirem o Noivo, (Cristo) falando à sua noiva (a igreja). (Salmos 133:1; Hebreus 10:25; Mateus 12:30; etc.)

Bem, cheguei a ouvir toda a pregação. Mas comentei apenas os 5 primeiros minutos dela de forma detalhada, que é um total de 21. De certo, o comentário do restante da pregação seguiria no mesmo ritmo que esta parte inicial mas vou continuar em linhas gerais devido ao tempo necessário para a análise. Caso haja qualquer dúvida pormenorizada não tema em perguntar. A questão não é que o irmão Lázaro não seja salvo, nem mesmo não tenha uma sincera vontade de buscar e adorar a Deus. O que ele precisa é buscar um conhecimento maior da Palavra, pois seu conhecimento ainda é infante e isso não é pecado (lembrei-me de Apolo – Atos 18.24-26). Pecado será se ele continuar a não se esmerar no conhecimento da Palavra para então levar ao público, pois isso é uma grande responsabilidade diante de Deus e será julgado por isso. Mateus 5:19 Aquele, pois, que violar um destes mandamentos, posto que dos menores, e assim ensinar aos homens, será considerado mínimo no reino dos céus.

Apesar de não comentar o restante da pregação de forma detalhada, quero trazer a baila apenas uma afirmativa que ele fez. Ele teve uma visão e nesta visão ele estava assentado no colo de Deus. Sobre isso não era nem um pouco necessário a visão, a visão em si mesma é um desperdício. 1.Pois na dita visão ele afirma que Deus falou com ele que nunca o abandonaria. Ora isso já estava escrito na Bíblia em vários lugares, não era necessário uma visão para revelar algo já conhecido por qualquer motivo que seja(Hebreus 13:5; Mateus 28:20; Romanos 8.34-39). 2. Pelo que a Bíblia nos afirma, e pelo que ele afirmou ver, prefiro ficar com a Bíblia: I Timóteo 6.16; 1 João 4:12 Ninguém jamais viu a Deus; João 1:18, etc.

Costumo afirmar que a maior porta de heresias que entram na igreja é por meio da música. As músicas entram nas igrejas e são cantadas sem o menor escrúpulo de terem sido avaliadas segundo o ensino bíblico. Mas para a maioria das pessoas que não têm conhecimento mais profundo da palavra estas coisas passam desapercebidas e terminam por virarem interpretações de textos bíblicos e por fim teologia. Novamente volto a enfatizar. Não descarto a sinceridade dessas pessoas em buscarem a Deus, só que sinceridade e o ardor pela e na pregação bem como o amor aos perdidos não produz um entendimento e uma exposição correta da Palavra.

Certamente não podemos descartar toda a pregação. Há determinados aspectos que de fato são bíblicos, mas com isso não quero dizer que têm haver com o texto que ele suscitou em questão. Como exemplo, cito o fato dito de que a mensagem do evangelho ensina que quando Deus abençoa não se resume às coisas materiais, nisso tem toda razão. Também estou de acordo com o fato de que querer a volta de Jesus e ansiar pelo prazer de sua presença começa aqui nesta terra. Pois se aqui não tivermos esse prazer, o que faremos no paraíso se aqui não gozamos do seu reino?

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