sábado, 20 de agosto de 2011

Línguas, profecias, revelações – PARTE II



Quando Deus designa a Moisés como seu porta-voz, profeta, ele lhe dá um ofício, o oficio de profeta, no qual havia a incumbência de levar a Palavra de Deus, como se fosse o próprio Deus a quem quer que seja. “Então, disse o SENHOR a Moisés: Vê que te constituí como Deus sobre Faraó, e Arão, teu irmão, será teu profeta” (Êxodo 7.1). Neste caso suigeneris acabou transformando o sacerdote em profeta e o profeta como se fosse o próprio Deus. O próprio Moisés sabia que não era Deus, mas aquele a quem foi outorgada a autoridade de falar em Seu Nome: “O SENHOR, teu Deus, te suscitará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, semelhante a mim; a ele ouvirás,” (Deuteronômio 18:15).

Há um outro ofício descrito na Palavra. No AT o rei foi designado por Deus, bem como à sua descendência. Primeiramente Deus permitindo que o povo escolhesse um rei, mandou que o profeta ungisse a Saul como rei de Israel. Mas essa escolha permitida, e declaradamente prevista por Deus, foi simplesmente para que o nome de Deus fosse exaltado na que ele havia decidido há tempos (I Samuel 9.17). Mas a escolha para a descendência que haveria de reinar eternamente não partiria de Saul, mas da determinação eterna de Deus por meio de Davi (I Samuel 16.1; cf. Romanos 9.11-13).

Os três ofícios, sacerdote, profeta e rei tinham relações entre si: todos partiam de uma escolha de Deus, não do homem, e todos eles eram ungidos para assumirem tais ofícios. (I Samuel 10.1; Êxodo 28:41). O derramar do óleo simbolizava a consagração e o derramamento do Espírito Santo sobre o indivíduo que era consagrado. Moisés, no entanto, não foi ungido por ninguém, mas foi um ato exclusivo de Deus em chamá-lo pessoalmente, consagrá-lo (Êxodo 3.10). Apesar de vermos os sacerdotes e reis que quando ungidos profetizavam não lhes fazia parte o status de terem um ofício profético. Este chamamento era feito diretamente por Deus. o que aconteceu com todos os profetas do AT, sem exceções. ( Gn 12.1; Nm 12.6; Sm 3.10; Is 6.1-9; Jr 1.5, etc.). Obviamente não há uma descrição detalhada do chamamento de todos os profetas, mas há de fato estabelecido este princípio entre todos aqueles que são detalhados. Não há por que afirmarmos que com um ou outro profeta tenha sido seu chamamento realizado de forma diferente.

Haviam várias profecias com respeito ao Messias que haveria de vir. Nelas estão contidas palavras que revelavam o Messias como quem teria os três grandes ofícios, sacerdote, profeta e rei. Mas não é à toa que a palavra messias que é a forma da palavra hebraica messiah e significa ungido. Ele teria os três ofícios, o que não aconteceu com nenhum outro.

No NT vimos que pelas palavras do autor de Hebreus no primeiro versículo algo mudou. O Espírito Santo repousava sobre o profeta e ele a partir desse momento compartilhava com o povo a vontade de Deus, por vezes, e muitas vezes, exortava ao povo a voltarem-se novamente para Deus. Tudo aquilo que Deus revelou por meio de seus profetas que visava o ensino do povo de Deus como um todo, foi escrito com a chancela divina da inspiração efetuada pelo Espírito Santo, II Timóteo 3.16-17.
No NT a mesma chancela havia, contudo com uma grande diferença. O que antes era privilégio de algumas pessoas do povo de Deus, ter o Espírito Santo, no NT seria para “toda a carne”, referindo-me aqui à profecia de Joel em 2.28 (e contexto) com respeito à vinda do Espírito. E, diferentemente do AT, que havia a possibilidade do Espírito retirar-se da pessoa, como aconteceu com Saul, (1 Samuel 16:14), a promessa dada a Joel era exatamente mostrando que nesses dias que estariam por vir, quando acontecesse o grande e glorioso dia do Senhor (Atos 2:33), o Espírito viria sobre todo o povo de Deus. Lembremo-nos de que a profecia entregue por Joel a esse respeito visava o povo de Israel, hoje, a Igreja invisível militante em sua totalidade.

Contanto, antes da vinda de Cristo, os sinais e maravilhas tinham um fim específico da mesma forma que no NT. Vendo no exemplo de Moisés, os sinais e maravilhas vinham para atestar que a palavra profética entregue (deveria ser escrita compondo a Escritura ao longo de séculos) através de Moisés (bem como os demais profetas) era de fato uma palavra vinda de Deus; assim vemos essa premissa: “1.Respondeu Moisés: Mas eis que não crerão, nem acudirão à minha voz, pois dirão: O SENHOR não te apareceu... 8. Se eles te não crerem, nem atenderem à evidência do primeiro sinal, talvez crerão na evidência do segundo.” (Êxodo 4.1,8).
A demonstração do poder de Deus por meio de sinais e maravilhas naquele tempo era um testemunho para afirmação do profeta como sendo um profeta de Deus. Contudo, elas não tinham um fim específico em si mesmo, eram apenas um meio de atestar a palavra profética para que ela fosse escrita e guardada para tempos vindouros, e neste ponto Moisés até adverte ao povo que sinais e maravilhas seriam possíveis de serem feitos por outras pessoas que não fossem seus profetas. A exemplo disso vemos os magos do Egito repetindo as três primeiras pragas diante de Faraó (Êxodo 7.22; 8. 7; 8.18).

CONTINUA...

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