Existe alguma comunhão entre crente e descrente?
2 Coríntios
6:14 Não vos ponhais em jugo desigual
com os incrédulos; porquanto que sociedade pode haver entre a justiça e a
iniqüidade? Ou que comunhão, da luz com as trevas?
Muitas perspectivas acerca da Palavra de Deus tem sido
perdidas ao longo dos tempos. Esta é uma delas.
Declarar hoje em dia que se é evangélico está na moda. Quem não é crente
está por fora. Uma onda tem sido percebida, uma avalanche de igrejas e
pregadores televisivos têm surgido nas últimas décadas e propagado a sua
mensagem. O que antes seria ridículo, hoje é notícia de púlpito que o artista
tal se converteu, que a cantora fulana é crente. Mesmo que isso por um lado não
deixa de ser testemunho, se bom ou mau, não é a questão, por outro lado estão
se esquecendo do conceito de santidade, pois afirmam ser crentes, mas suas
ações os desmentem. Esquecem-se que a incompatibilidade entre crentes e
descrentes vai muito além do que apenas um casamento ou sociedade. A
divergência começa no modo de pensar acerca de todas as coisas e do conceito
que têm sobre elas e suas ações em torno delas.
A divergência se mostra acirrada em várias coisas ao ponto
em que até mesmo um determinado nível de rejeição do descrente para o crente
aparece. Da mesma forma que o crente transformado mostra para com as atitudes e
modos de vida pecaminosos (sem a graça) do descrente. Mas o ponto alto da
discórdia está na vida transformada do cristão bíblico que tem como cerne o
pensamento de Cristo: 2 Coríntios
10:5 e toda altivez que se levante
contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência de
Cristo, . É justamente pelo motivo de que o verdadeiro cristão se
tornou cativo de Cristo que seu modo de pensar e agir se tornam diferentes do
modo de pensar e agir do mundo. Daí o ódio surge, mas os ímpios não sabem que o
que rejeitam na vida do crente não é o crente, mas o próprio Senhor Jesus
Cristo é que é o alvo: João
15:18 Se o mundo vos odeia, sabei que,
primeiro do que a vós outros, me odiou a mim.
Logicamente se há alguma concordância entre o crente e o
descrente há algo de errado. Pois há uma completa rejeição entre um e outro, que comunhão pode haver entre Cristo e o
Diabo? Como afirmou Paulo. A
palavra comunhão tem um significado muito perspicaz para o nosso texto. Comunhão é ter algo em comum.
Exatamente por isso que se o mundo for para leste, o crente deve estar indo
para oeste; se um for para o norte, o outro para o sul. Logicamente que
seguindo esta premissa, ambos vão se encontrar um dia, mas esse será o dia do
juízo quando a separação será definitivamente eterna. Este é o significado da
santidade. Ser santo é ser separado do mundo, das coisas que há no mundo,
daquilo que o mundo gosta, de tudo o que ele busca. Não faz qualquer sentido em
o crente amar o mesmo que o mundo ama, pois os princípios em que um e outro
regem suas vidas são completamente antagônicos.
No entanto, estamos vivendo no mesmo lugar. Jesus sabia
muito bem disso e afirmou: ... não te
peço que os tires do mundo, mas que os livre do mal. Se isolar não é a
resposta, mas conviver no mundo sem permitir que ele te contamine com seus
amores é o princípio. Alguns exemplos podem ser vistos. Muitos crentes gostam
de futebol, mas não permitem que isso se torne uma idolatria, ao contrário do
descrente. O mundo festeja determinadas datas, assim como os crentes, como o
natal por exemplo. Mas cada um deve ter a sua maneira. O natal como hoje é
conhecido e divulgado no mundo não tem nada a ver com o nascimento de Cristo, a começar pela data. A
prova está nas propagandas e acima de tudo na própria Escritura. É o comércio querendo vender suas mercadorias, é o
paganismo assimilado pelo cristianismo de outrora e enraizado na cultura e
mente dos cristãos, como o uso da árvore enfeitada e outros símbolos natalinos.
A vida do crente em relação a Deus não pode ter o mundo como
o seu molde. Vemos em II Reis Acaz praticando o que pode ser definido por
secularização. Isso é a troca do sagrado pelo profano. (2 Reis 16:10). Acaz vai
a uma terra pagã, vê um altar que utilizavam, pede o projeto desse altar e
manda para que o sacerdote Urias fabricasse um altar idêntico e o colocasse no
lugar daquele altar que Deus havia dado o modelo para ser posto no templo
construído por Salomão. O templo havia sido construído conforme o modelo dado
por Deus, mas o altar produzido a mando de Acaz era pagão. O mesmo princípio
hoje se vê aplicado a muitas coisas dentro do cristianismo moderno. Comemora-se
o natal dizendo ser o nascimento de Cristo, mas com elementos do paganismo. Doutra sorte uma missão saiu
com seus integrantes abrindo um desfile de carnaval, uma festa terminantemente
pagã. Mas que comunhão pode haver da luz com as trevas?
Devemos ser sal e luz? Claro que sim. A proclamação do
evangelho deve seguir o seu curso até que se complete a sua finalidade na
terra. Seremos luz e sal, se o nosso falar, nosso agir, nosso pensar, nosso
comportamento for diferente daquele do mundo. Se formos iguais, que diferença
fazemos? Ou como afirmou Jesus: Mateus
5:13 Vós sois o sal da terra; ora, se o
sal vier a ser insípido, como lhe restaurar o sabor? Para nada mais presta
senão para, lançado fora, ser pisado pelos homens. Se o mundo apenas
com o olhar pode dizer que nós não somos diferentes deles, é por que não
estamos atentando para a palavra de Cristo nem para a de Paulo: Romanos 12:2 E não vos conformeis com este século, mas
transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja
a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. Pelo contrário, estamos nos conformando (conformar – tomar a forma) do
mundo (a palavra “século” aiwn – aion em grego é a mesma palavra para mundo). A forma é tudo o que pode
ser visto, ou perpassa nossos sentidos, tais como: palavras, obras, ações,
atitudes.
O testemunho de nossas vidas não pode conter ações que são
terminantemente mundanas, do contrário, o mundo nos amará, nos aceitará. E
quando o mundo nos aceita. Tem algo errado, pois não refletimos a imagem de
Cristo (Rm 8.29). Por isso Jesus afirma: João
7.7 Não pode o mundo odiar-vos, mas a
mim me odeia, porque eu dou testemunho a seu respeito de que as suas obras são
más. É por esse motivo que não pode haver nada em comum entre o crente
e o descrente. A transformação de que Paulo afirma em Romanos 12.2 tem de ser
eficaz e constante de modo que se o mundo distorce uma prática cristã, o
cristão não pode se adaptar a essa prática, se adaptar a esse novo modelo, ele
tem de reavaliar sua prática e mudá-la a fim de não ser confundido, mesmo que
nas aparências, com o mundo. É a Palavra sendo viva e eficaz transformando o
cristão sempre para se parecer com Cristo, não com o mundo e o diabo.
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