terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Resgate do ensino apostólico.

      


       Quantas instituições religiosas advogam em causa própria afirmando que seguem o ensino apostólico? A vista de tantas controvérsias existentes, o fato é que a realidade é completamente incoerente com o que se afirma. Por quê? Porque todas essas instituições afirmam a mesma coisa: Estamos certos. E como há as controvérsias, não podem todas estarem  certas. Esta é uma impossibilidade lógica, pois faria de Deus, o revelador da Escritura, criador das contradições humanas em suas perspectivas escriturísticas.
    A história nos mostra que houve e ainda existem diversos desvios do ensino apostólico e de Cristo consequentemente.  Quantas instituições cristãs possuem práticas que não são apoiadas na Santa Escritura? A resposta é triste: diversas. Mas onde está a raiz da questão, onde está o problema? Na Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR), após terem assumido que há uma sucessão à cadeira de Pedro, tudo o que se afirma por meio de um que diz se assentar nesta cadeira tem a mesma validade do que uns dos apóstolos chamados diretamente por Jesus Cristo afirmaram.
     Os entendimentos iniciais da Escritura nos primeiro e segundo séculos seguiam um padrão de aferição: A Escritura. Mas a partir desse momento, com o surgimento de novos textos, descobertas de doutrinas na Bíblia, as avaliações começaram a ser feitas e depois surgiram as avaliações das avaliações, mormente, as avaliações, das avaliações das avaliações. Quem nunca brincou de “telefone sem fio?” A mensagem que foi passada para o primeiro ouvinte era uma, mas ao final da mensagem percorrer os vários ouvidos, essa chega ao final completamente distorcida e sem sentido.  Não é nada diferente do que aconteceu com a prática a partir de doutrinas sendo avaliadas e reavaliadas ao longo do tempo, pois o padrão de aferição deixou de ser a Escritura, e passou a ser a prática e a doutrina anterior. Todos os desvios comportamentais e morais, não iniciam com algo chocante e escandaloso. São pequenas coisas que ao longo da história e da vida, vão alargando e aprofundando cada vez mais a cratera do pecado, "um abismo chama outro abismo" como já dizia o salmista.
      A cultura evangélica ainda tem muitas raízes católicas e que precisam ser reavaliadas não de acordo com a prática, ou doutrina reavaliada, mas de acordo com a própria Escritura (Sola Scriptura). Esse paradigma de comportamento foi visto pelos reformadores, mas há uma impressionante tendência em se deixar de lado a Escritura e voltar a avaliar de acordo com padrões anteriormente estabelecidos pela igreja desviada da Escritura. Mas o próprio contingente dito protestante acaba criando resistência às mudanças para retornarem à Escritura. O motivo? Isaías que o diga: “Todas as nossas justiças são como trapos da imundícia.”
     Muitos usam textos fora de contextos para justificarem suas atitudes e práticas pagãs de modo a terem suas consciências mais tranqüilizadas. Usando como referência o texto de Isaías citado, justiças, é o que pratica o justo? De forma alguma! Mas é o que ele tenta fazer. A justiça aqui falada tem também o sentido de “aquilo que é eticamente correto”. Mas alguém nascido de novo, ou não nascido de novo tem capacidade em si mesmo para isso? Claro que não! É exatamente o que Isaías está dizendo.
     Por isso mesmo Salomão em Eclesiastes 7:16 afirma:  “Não sejas demasiadamente justo, nem exageradamente sábio; por que te destruirias a ti mesmo?” Salomão afirma dizendo respeito a alguém que se tem sábio por seus próprios olhos dizendo que não necessita da justiça divina para ter autenticada como verdadeiras as suas obras. Por isso mesmo ele afirma no versículo seguinte: “17  Não sejas demasiadamente perverso, nem sejas louco; por que morrerias fora do teu tempo?”. Assim diz porque da mesma forma a nossa medida não pode ser nós mesmos, nossos olhos, e acharmos que para nós não tem solução porque somos vis pecadores. Ou seja, ninguém é tão justo que não precise ser justificado  e ninguém é tão pecador que também não possa ser justificado, pois tanto para um quanto para outro a justificação é pela graça (Sola Gratia).
      Nenhum versículo de Eclesiastes  pode ser visto, de forma alguma,  em separado de sua conclusão final que está em Ec 12.13: “De tudo o que se tem ouvido, a suma é: Teme a Deus e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo homem.” A palavra temer aqui tem dois sentidos primários, que são: reverenciar e ter medo. Os mandamentos dizem respeito a tudo quanto o Senhor ordenou. Por isso, temos como ser justos não por nós mesmos, e por pior que seja nosso estado de depravação existe uma solução.
        Alguns lembrarão que não pecar é impossível ao ser humano depois da queda. Mas é exatamente isso que Cristo veio restaurar nos seus: a obediência irrestrita ao que está prescrito, aos mandamentos de Deus. Mas não conseguimos isso! De fato não, mas é o que precisa ser trabalhado em nossas vidas dia após dia, para que a cada alvorecer sejamos cada vez mais à imagem de Cristo. Isso é o que se chama de processo de santificação. Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos (Romanos 8:29). E isso alcançamos por meio da fé.(Sola fide)
       Deixar para trás práticas das quais gostamos, quebrar nossos próprios paradigmas é uma coisa muito difícil de fazer. Ainda mais hoje que estamos em um mundo cada vez menor, que muitas pessoas nos conhecem, sem de fato nos conhecerem por causa da internet. Reconhecer um erro publicamente para muitos pode ser sinal de fraqueza. Um sinal de que esse alguém não merece confiança. Ainda mais quando se tem um público que te aplaude! Perdê-los seria perder uma parte de si mesmo, ou seja, sua popularidade (Soli Deo Gloria). Mas quando se afirma a supremacia de Cristo e da Palavra que fraqueza há nisso? (Solus Christus) Pelo contrário, como diriam os novos machistas: Tem de ser muito homem para reconhecer os seus erros de público. Eu digo um pouco diferente: Tem de se ter um coração de carne, tratável diante de Deus para reconhecer os seus erros. Em outras palavras: tem de ser crente de verdade! Não um fariseu hipócrita que só acata a Palavra que lhe agrada filtrando preceitos claramente bíblicos.
       Mas é por falta dessa submissão à Palavra que a igreja, por meio de seus super-crentes, têm se desviado novamente da Escritura assinando em baixo de práticas pagãs com a frouxa argumentação do: “não tem nada a ver”. Muitas das práticas, se não tivessem nada a ver, teriam sido permitidas ou endossadas na Escritura. Se não foram, não eram para ser mesmo! O próprio Salomão antes de cair em pecado, quando escreveu a frase “Não sejas demasiadamente justo...” teria aceitado colocar um elemento pagão no culto oferecido a Deus? Obviamente que não. Tanto é que a Bíblia nos mostra que um dos pecados de Salomão foi exatamente começar a acatar os elementos pagãos trazidos por suas esposas, vindas de outros povos e a inseri-los como práticas em sua vida.
        Deus é Santo e importa que seu povo busque como modelo a santidade de Deus, e se afastar de tudo aquilo que desonra ao seu glorioso nome. Deve, portanto, seu povo, parar de tentar defender seu próprio pensamento e prática como se eles fossem inquestionáveis, para defender o que está prescrito na Palavra. Como está escrito: “Sede santos, por que eu sou santo”(I Pedro 1.16), por esse motivo o caminho é estreito.  Este é o verdadeiro resgate do ensino apostólico que deve romper literalmente com toda prática oriunda do paganismo enraizada em nossas vidas. Esse princípio, aliás, não se trata de um princípio apostólico, mas de todos os que de fato são salvos. Vimos essa premissa de avivamento santo em vários momentos da história: com Moisés, com Josias, com Cristo, com a reforma protestante, e outros. Todos estes momentos de avivamento tiveram como base somente a Palavra. Tiveram como resultado óbvio o abandono de todas as práticas provindas do paganismo.
Ser de fato santo, é correr para longe de tudo que não tem origem em Deus, mas no mundo. Pois como afirma a Escritura: Sabemos que somos de Deus e que o mundo inteiro jaz no Maligno   (1 João 5:19). 

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