Quantas instituições religiosas advogam em causa própria
afirmando que seguem o ensino apostólico? A vista de tantas controvérsias
existentes, o fato é que a realidade é completamente incoerente com o que se afirma. Por quê?
Porque todas essas instituições afirmam a mesma coisa: Estamos certos. E como há as controvérsias, não podem todas estarem certas. Esta é uma impossibilidade lógica, pois faria de Deus, o
revelador da Escritura, criador das contradições humanas em suas perspectivas
escriturísticas.
A história nos mostra que houve e ainda existem diversos
desvios do ensino apostólico e de Cristo consequentemente. Quantas instituições cristãs possuem práticas
que não são apoiadas na Santa Escritura? A resposta é triste: diversas. Mas
onde está a raiz da questão, onde está o problema? Na Igreja Católica Apostólica
Romana (ICAR), após terem assumido que há uma sucessão à cadeira de Pedro, tudo
o que se afirma por meio de um que diz se assentar nesta cadeira tem a mesma
validade do que uns dos apóstolos chamados diretamente por Jesus Cristo
afirmaram.
Os entendimentos iniciais da Escritura nos primeiro e
segundo séculos seguiam um padrão de aferição: A Escritura. Mas a partir desse
momento, com o surgimento de novos textos, descobertas de doutrinas na Bíblia,
as avaliações começaram a ser feitas e depois surgiram as avaliações das
avaliações, mormente, as avaliações, das avaliações das avaliações. Quem nunca
brincou de “telefone sem fio?” A mensagem que foi passada para o primeiro
ouvinte era uma, mas ao final da mensagem percorrer os vários ouvidos, essa
chega ao final completamente distorcida e sem sentido. Não é nada diferente do que aconteceu com a
prática a partir de doutrinas sendo avaliadas e reavaliadas ao longo do tempo,
pois o padrão de aferição deixou de ser a Escritura, e passou a ser a prática e
a doutrina anterior. Todos os desvios
comportamentais e morais, não iniciam com algo chocante e escandaloso.
São pequenas coisas que ao longo da história e da vida, vão alargando e
aprofundando cada vez mais a cratera do pecado, "um abismo chama outro
abismo" como já dizia o salmista.
A cultura evangélica ainda tem muitas raízes católicas e que
precisam ser reavaliadas não de acordo com a prática, ou doutrina reavaliada,
mas de acordo com a própria Escritura (Sola
Scriptura). Esse paradigma de comportamento foi visto pelos
reformadores, mas há uma impressionante tendência em se deixar de lado a
Escritura e voltar a avaliar de acordo com padrões anteriormente estabelecidos
pela igreja desviada da Escritura. Mas o próprio contingente dito protestante
acaba criando resistência às mudanças para retornarem à Escritura. O motivo?
Isaías que o diga: “Todas as nossas justiças são como trapos da imundícia.”
Muitos usam textos fora de contextos para justificarem suas
atitudes e práticas pagãs de modo a terem suas consciências mais
tranqüilizadas. Usando como referência o texto de Isaías citado, justiças, é o
que pratica o justo? De forma alguma! Mas é o que ele tenta fazer. A justiça
aqui falada tem também o sentido de “aquilo que é eticamente
correto”. Mas alguém nascido de novo, ou não nascido de novo tem capacidade em
si mesmo para isso? Claro que não! É exatamente o que Isaías está dizendo.
Por isso mesmo Salomão em Eclesiastes
7:16 afirma: “Não sejas demasiadamente justo, nem exageradamente sábio; por que te
destruirias a ti mesmo?” Salomão afirma dizendo respeito a alguém que
se tem sábio por seus próprios olhos dizendo que não necessita da justiça
divina para ter autenticada como verdadeiras as suas obras. Por isso mesmo ele
afirma no versículo seguinte: “17 Não sejas demasiadamente perverso, nem sejas
louco; por que morrerias fora do teu tempo?”. Assim diz porque da mesma
forma a nossa medida não pode ser nós mesmos, nossos olhos, e acharmos que para
nós não tem solução porque somos vis pecadores. Ou seja, ninguém é tão justo
que não precise ser justificado e
ninguém é tão pecador que também não possa ser justificado, pois tanto para um
quanto para outro a justificação é pela graça (Sola Gratia).
Nenhum versículo de Eclesiastes pode ser visto, de forma alguma, em separado de sua conclusão final que está
em Ec 12.13: “De tudo o que se tem
ouvido, a suma é: Teme a Deus e guarda os seus mandamentos; porque isto é o
dever de todo homem.” A palavra temer aqui tem dois sentidos primários,
que são: reverenciar e ter medo. Os mandamentos dizem respeito a tudo
quanto o Senhor ordenou. Por isso, temos como ser justos não por nós mesmos, e
por pior que seja nosso estado de depravação existe uma solução.
Alguns lembrarão que não pecar é
impossível ao ser humano depois da queda. Mas é exatamente isso que Cristo veio
restaurar nos seus: a obediência irrestrita ao que está prescrito, aos
mandamentos de Deus. Mas não conseguimos isso! De fato não, mas é o que precisa
ser trabalhado em nossas vidas dia após dia, para que a cada alvorecer sejamos
cada vez mais à imagem de Cristo. Isso é o que se chama de processo de
santificação. Porquanto aos que de
antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu
Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos (Romanos 8:29).
E isso alcançamos por meio da fé.(Sola
fide)
Deixar para trás práticas das quais gostamos, quebrar nossos
próprios paradigmas é uma coisa muito difícil de fazer. Ainda mais hoje que
estamos em um mundo cada vez menor, que muitas pessoas nos conhecem, sem de
fato nos conhecerem por causa da internet. Reconhecer um erro publicamente para
muitos pode ser sinal de fraqueza. Um sinal de que esse alguém não merece
confiança. Ainda mais quando se tem um público que te aplaude! Perdê-los seria
perder uma parte de si mesmo, ou seja, sua popularidade (Soli Deo Gloria). Mas quando se afirma a supremacia de
Cristo e da Palavra que fraqueza há nisso? (Solus
Christus) Pelo contrário, como diriam os novos machistas: Tem de ser
muito homem para reconhecer os seus erros de público. Eu digo um pouco
diferente: Tem de se ter um coração de carne, tratável diante de Deus para
reconhecer os seus erros. Em outras palavras: tem de ser crente de verdade! Não
um fariseu hipócrita que só acata a Palavra que lhe agrada filtrando preceitos
claramente bíblicos.
Mas é por falta dessa submissão à Palavra que a igreja, por
meio de seus super-crentes, têm se desviado novamente da Escritura assinando em
baixo de práticas pagãs com a frouxa argumentação do: “não tem nada a ver”.
Muitas das práticas, se não tivessem nada a ver, teriam sido permitidas ou
endossadas na Escritura. Se não foram, não eram para ser mesmo! O próprio
Salomão antes de cair em pecado, quando escreveu a frase “Não sejas
demasiadamente justo...” teria aceitado colocar um elemento pagão no culto
oferecido a Deus? Obviamente que não. Tanto é que a Bíblia nos mostra que um
dos pecados de Salomão foi exatamente começar a acatar os elementos pagãos
trazidos por suas esposas, vindas de outros povos e a inseri-los como práticas
em sua vida.
Deus é Santo e importa que seu povo busque como modelo a
santidade de Deus, e se afastar de tudo aquilo que desonra ao seu glorioso
nome. Deve, portanto, seu povo, parar de tentar defender seu próprio pensamento
e prática como se eles fossem inquestionáveis, para defender o que está
prescrito na Palavra. Como está escrito: “Sede
santos, por que eu sou santo”(I Pedro 1.16), por esse motivo o caminho
é estreito. Este é o verdadeiro resgate
do ensino apostólico que deve romper literalmente com toda prática oriunda do
paganismo enraizada em nossas vidas. Esse princípio, aliás, não se trata de um
princípio apostólico, mas de todos os que de fato são salvos. Vimos essa
premissa de avivamento santo em vários momentos da história: com Moisés, com Josias,
com Cristo, com a reforma protestante, e outros. Todos estes momentos de
avivamento tiveram como base somente a Palavra. Tiveram como resultado óbvio o
abandono de todas as práticas provindas do paganismo.
Ser de fato santo, é correr para longe de tudo que não tem
origem em Deus, mas no mundo. Pois como afirma a Escritura: Sabemos que somos de Deus e que o mundo
inteiro jaz no Maligno (1 João 5:19).
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