domingo, 18 de dezembro de 2011

O sacrilégio desolador



               Há bastante tempo o profeta Daniel se referiu a este momento. Um momento em que estariam trocando o sagrado pelo profano, o santo altar pelo pagão. Antíoco Epifánio que reinou em medos do segundo século colocou sobre o altar do holocausto do templo de Jerusalém um  outro altar pagão onde sacrificava em lugar de cordeiros sem defeito, prefigurando a Cristo, sacrificava porcos, animais considerados imundos. Este momento Daniel profetizou chamando-o de abominável da desolação.
                No entanto Jesus faz uso desta profecia também para se referir a outro momento da história. Um mesmo sinal que apontou para dois momentos distintos. Jesus usou este sinal profetizado por Daniel para se referir também à destruição de Jerusalém que ocorreria anos mais tarde no ano 70 d.C.
Marchando sobre o solo consagrado de Jerusalém, no ano 70 d.C. tropas romanas carregavam suas bandeiras com a imagem do imperador que era idolatrada por aquele povo. Mais uma vez, o solo consagrado a Deus, aquilo que era para ser santo (separado) para Deus, se tornou o palco de evidente idolatria tal qual a de Antíoco. Com este sinal Jerusalém foi destruída totalmente, e as palavras de Cristo se cumpriram, “não restará pedra sobre pedra” e de fato não restou.
             Estas não foram as únicas vezes em que o sagrado foi profanado. O rei Acaz, quando foi a Damasco viu na cidade um altar que o deixou maravilhado. Pediu então o projeto daquele altar e o enviou ao sacerdote Urias para que ele fizesse a obra tal qual o projeto que lhe fora enviado e o colocou no templo, profanando-o. E quando lá chegou, sacrificou naquele altar.
              Os crentes de nosso tempo não enxergam que isso continua ocorrendo em nossos dias.   A diferença está simplesmente nos elementos do culto que não são os mesmos do passado, mas a troca do sagrado para o profano continua a verter nos púlpitos. Digo nos púlpitos porque é deles que vem a mensagem autorizando ou desautorizando qualquer ação que o povo de Deus venha a fazer em nome de Deus. Aquilo que é ensinado, pregado, é aquilo que o povo faz ou deixa de fazer. Isso já era assim nos tempos do Antigo Testamento. Malaquias mostrou o princípio “Porque os lábios do sacerdote devem guardar o conhecimento, e da sua boca devem os homens procurar a instrução, porque ele é mensageiro do SENHOR dos Exércitos” (Malaquias 2.7). Mas o problema é exatamente o que se torna permissivo dos púlpitos, é o que o profeta alertou: “Mas vós vos tendes desviado do caminho e, por vossa instrução, tendes feito tropeçar a muitos; violastes a aliança de Levi, diz o SENHOR dos Exércitos” (v.8).
               O culto solene e a adoração devida, nos moldes que Ele requer, para Ele mesmo, foram banalizados e tornados em meio de enriquecimento. Devemos lembrar que viver do evangelho, do que falou Paulo, nunca quis ter o sentido de enriquecer-se do evangelho, pelo contrário, Paulo afirma: “Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes... (1 Timóteo 6:8). O princípio é que tendo o básico para sobrevivência já é o suficiente. 
                 Mas o básico para sobrevivência de muitos foi pervertido para o luxo e para o prazer de poucos. É a massa incauta evangélica que tem enriquecido a muitos pastores, e cantores ditos evangélicos. A massa engorda os bolsos desses manipuladores, e terminam por se tornarem alvos fáceis, fáceis de serem controlados sob a promessa de retribuição divina tendo como base a fidelidade a eles, lobos em peles de cordeiros que só se interessam pela gordura das ovelhas do rebanho do Senhor, e terminam por não serem fiéis a Deus, nem as ovelhas, muito menos os tais lobos. Mais uma vez, a história se repete: vemos o abominável da desolação, o sagrado sendo profanado.

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