terça-feira, 20 de dezembro de 2011

O evangelho comercial.




         Há uma estatística de que, atualmente, os evangélicos somam aproximadamente 30% da população brasileira. E com a taxa atual de crescimento, em poucos anos serão mais da metade da população do Brasil. Pregações e mais pregações são feitas usando estes números como sendo um sinal de que Deus está despertando o povo brasileiro, de que está acontecendo um avivamento no Brasil.
         No domingo 18 foi transmitido pela rede Globo de televisão um verdadeiro espetáculo gospel. Cantores e grupos evangélicos consagrados, pelo seu público específico e simpatizantes, acharam seu espaço na mídia de massa. Tal acontecimento criou certa euforia no populacho dantes chamado de protestante. Tal efusão emocional é percebida claramente nas conversas entre os crentes, nas redes sociais, nos e-mails que estão por ora circulando. Muitos a favor do acontecido, muitos contra. Mas qual a medida para se tomar um partido, se é que isso seja algo que possamos considerar a fazer?
         Muitos já conhecem minha posição devido à linha reformada que sigo, e este texto, obviamente, não foge à regra. Por isso neste texto quero simplesmente indagar um pouco sobre o evangelho que foi pregado neste evento.
·        Qual foi o centro das atenções neste evento?
·        A mensagem pregada foi uma mensagem que confronta o pecador com seu pecado?
·        As músicas cantadas eram músicas que exaltavam como Deus pode ser bom para o homem, ou glorificavam a Deus como Ele é?
·        Quem lucrou com isso, o nome do Senhor Jesus, ou os patrocinadores, investidores, músicos ou a própria Globo que não joga para perder?

        De certo, o centro das atenções não foi o Senhor Jesus, a mensagem passada não confrontou o pecador com o seu pecado, as músicas não exaltavam a Deus como Ele é, quem lucrou de fato não foi o Senhor Jesus com o seu nome glorificado. A despeito de todas essas verdades, quem é que ainda tem alguma objeção quanto ao que pensar sobre esta questão? De fato carregamos o peso de sermos calculados juntamente com 30% de um título que, hoje, causa mais asco do que gosto. O Senhor nos preveniu de que no fim dos tempos haveria uma apostasia. Mas, diferentemente do que muitos pensam, a apostasia estaria e está dentro da igreja. Os cristãos perderiam o seu foco (Hebreus 12.1-2) os homens se tornaram gananciosos (2 Pedro 2:3), aqueles que se interessam por ouvir alguma coisa dita religiosa, ouvem apenas aquilo que seus ouvidos cobiçam (2Timóteo 4.3-4). Por quê? Por que são, como diziam na minha terra: farinha do mesmo saco.
         Paulo afirma que o evangelho que ele pregava era Cristo Crucificado (1 Coríntios 1:23  mas nós pregamos a Cristo crucificado). Estas palavras carregam um peso maior do que aparentam. Pois trazem consigo o motivo pelo qual Cristo foi crucificado, nossos pecados; trazem a vontade de Cristo em se oferecer como sacrifício pelo pecador escolhido; rejeita toda oferta humana de auto-sacrifício; rejeita todo evangelho que tem o homem e suas ncessidades como centro do culto e das atenções de Deus; rejeita toda obra que visa a própria salvação; rejeita toda palavra que não confronta o pecador com seu pecado pois faria de sua morte na cruz como algo opcional e até mesmo algo inútil.
        Toda mensagem que não tem Cristo como centro das atenções que não confronta o pecador é uma mensagem que massageia o ego do ser humano e oferece soluções para os problemas da vida - financeiros, sociais, emocionais. Oferecem o Cristo salvador e se esqueceram de avisar que a Bíblia não ordena que alguém aceite a Cristo Salvador, mas ordena como primordial a pública profissão de fé em Cristo como Senhor (Romanos 10.9, 2 Coríntios 4.5, 1 Pedro 3.15) de seus corações e isso significa mais do que um assentimento à pessoa de Cristo (Lucas 6.46; João 15.14). Quando se aceita a Cristo como Senhor de fato, ter a Cristo como seu salvador pessoal é uma conseqüência.
         É por isso que o Senhor advertiu: “Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. “Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade” (Mateus 7.22-23). Para a consciência dos rejeitados desse futuro dia, eles pregavam de fato a Jesus Cristo, mas a resposta do Senhor é contundente em afirmar que Ele mesmo não era Senhor da vida daqueles, mas outro de mesmo nome o era. “Pois surgirão falsos cristos e falsos profetas, operando sinais e prodígios, para enganar, se possível, os próprios eleitos” (Marcos 13:22). 

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